Com mais um ano passando, é normal que as pessoas tirem um tempo para refletir e pensar em tudo o que aconteceu durante ele. Muitas delas, inclusive, chegam a ficar um pouco tristes e abatidas. O caso é tão comum que até já tem nome: melancolia de fim de ano, ou então síndrome de fim de ano. “Para muita gente, o período é motivo de festa, alegria e confraternização. Enquanto para outras é marcado por tristeza, apatia ou uma angústia que aperta o coração”, explica a psicóloga Marilene Kehdi.
Ainda segundo ela, quem sofre com o problema geralmente experimenta sentimentos antagônicos, que podem ser gerados por uma série de fatores. São eles: solidão, problemas familiares, experiências negativas, frustrações e saudades do passado. “Pacientes que vivem de lembranças tendem a retomá-las muito mais. Isso causa uma enorme nostalgia”, diz a especialista.
Além disso, ainda temos que enfrentar as pressões – internas e externas – que geralmente acompanham a época do ano (estresse, tensão do cotidiano e cobranças por resultados). Afinal, dezembro simboliza o encerramento de um ciclo, que pode levar a reflexões negativas. “O excesso de cobrança interna paralisa. Por isso, é preciso mudar alguns padrões de pensamentos e até de comportamentos”, complementa Marilene.
A psicóloga dá dicas para evitar os sentimentos ruins durante o fim do ano:
- “É fundamental não fazer uma autoanálise rígida. Não se cobrar tanto”;
- “Reconheça o que deu certo no ano e fortaleça isso. Em relação ao que não deu certo e aquilo que não funcionou, leve consigo os ensinamentos. Compreenda que todas as experiências têm seu valor. São aprendizados”
- “Tenha metas e objetivos, e principalmente motivações internas para realizá-los”
- “Alimente pensamentos positivos. Esteja disposto a fazer coisas que irão gerar bons sentimentos em você”
- “Tenha autoconfiança, exercite diariamente o amor próprio, o perdão para os outros e para si mesmo”
- “Repense suas expectativas e idealizações. Respeite seus limites”
- “Converse com alguém de sua confiança, verbalizar alivia e acalma. Se necessário for, faça psicoterapia, ela ajudará na elaboração e na ressignificação de experiências impactantes, e também proporcionará o autoconhecimento, que é libertador e transformador.”
Você sabia que a melancolia de fim de ano pode afetar até o nosso coração?
Pois é. O estresse, nervosismo e depressão estão intimamente ligados às doenças cardíacas. “Esses sentimentos de maneira crônica ou aguda liberam hormônios da glândula suprarrenal, principalmente a adrenalina e o cortisol. Essas substâncias levam ao aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, e podem interferir no metabolismo dos açúcares e gorduras”, diz o cardiologista Hélio Castello, diretor da AngioCardio. E esses efeitos, a longo prazo, obstruem as artérias e podem até causar problemas mais sérios, como um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
Por esse e outros motivos, cuidar da nossa saúde mental é importante, não importa a época do ano. “Além de manter a alimentação saudável – com pouco açúcar, sal e gorduras – e praticar atividades físicas. O controle do estresse, ansiedade e depressão deve fazer parte de nossos hábitos diários, pois afeta o corpo”, diz o cardiologista Marcelo Cantarelli, diretor da AngioCardio.