Já parou para pensar que aquela voltinha com seu pet pode ser o primeiro passo para você deixar o sedentarismo definitivamente para trás? Só precisa ter um pouco de foco. “A caminhada deve durar no mínimo 20 minutos, em ritmo constante e um pouco acelerado daquele jeito em que bater papo é difícil , para ser considerada um exercício e ter efeitos fisiológicos no corpo humano”, avisa a treinadora Iracema Braun, fundadora da The DogRunner, assessoria esportiva, que incentiva a integração entre donos e pets, do Rio de Janeiro.
Segundo a especialista, com o tempo e mantendo a regularidade nos passeios, você colhe benefícios, como emagrecimento, aumento da capacidade cardiovascular, aumento da disposição e músculos mais fortes e resistentes. Para o animal, as vantagens também são muitas. “Há melhora da circulação sanguínea, frequência cardíaca, função pulmonar, resistência muscular e articular e manutenção do peso corpóreo. Ainda deixa o cão mais tranquilo e sociável”, explica Renata Achkar, responsável pela área de fisioterapia veterinária no hospital PetCare, de São Paulo.
Passeio de fôlego
A assessora de imprensa Mônica Hauser, do Rio de Janeiro, conta que vivia uma fase de muita preguiça, até a chegada do vira-lata Kiko, adotado por ela há dez meses. “Eu não tinha disposição para nada. Acordava praticamente na hora de ir para o trabalho”, confessa. Cheio de energia, Kiko começou a mudar sua rotina. “Como ele destruía tudo que via pela frente, o adestrador aconselhou levá-lo para fazer caminhadas mais intensas. Então passamos a andar todos os dias pela manhã e fomos aumentando a distância e a cadência.” O hábito já ultrapassa os 40 minutos diários e vem trazendo resultados positivos para ambos. “Kiko está mais calmo, obediente e robusto. E eu, que nunca gostei de malhar, estou curtindo muito a atividade. Até sinto falta quando não posso ir. Também desenvolvi mais fôlego e minhas pernas estão mais musculosas. O melhor de tudo é que me habituei a levantar cedo mesmo nos finais de semana. Não consigo mais passar o dia dormindo ou enrolar na cama por muito tempo”, comemora Mônica.
Amizade e corrida
As cariocas Luana Paternoster e Patrícia Mendonça se conheceram e logo descobriram que, além dos pets, tinham em comum a paixão pela corrida. Daí para unirem as coisas, foi um passo. Em companhia da american staffordshire terrier Bonny e do boxer Bruce, elas correm cedinho pelas areias de Ipanema, duas vezes por semana. “Quando escolhemos os cães, já sabíamos que essas raças tinham muita energia. Mas percebemos que as brincadeiras no parque não estavam sendo suficientes. Então, correr foi uma alternativa bastante saudável para todo mundo”, conta Patrícia.
O entrosamento foi tanto que elas traçaram como meta participar da Trail Run Canicross Wol Extreme, prova de corrida de montanha com cachorros, em Saquarema (RJ). Para esse desafio, Luana e Patrícia se prepararam sob a supervisão de Iracema Braun. “Meu trabalho nasceu devido à paixão pela natureza, pelo esporte e pelas minhas cachorras, Luz e Mel, adotadas há quatro anos. Como sou atleta, comecei a levá-las comigo em trilhas e corridas. Percebi que fazia bem a elas e decidi me dedicar totalmente a essa atividade. Larguei meu emprego de engenheira e fui para a Alemanha fazer um curso de assessoria esportiva com foco em pessoas e cães”, conta a treinadora.
Além dos benefícios físicos, a companhia do cão nos treinos fortalece os laços afetivos entre o dono e o animal, combate o stress e a depressão. “Exercitar-se em companhia de um animal deixa a pessoa mais motivada, alegre e com a autoestima elevada”, garante Duarte, que é diretor técnico da assessoria esportiva Runners Club. Para o bichinho, também é uma festa. “Acostumando desde cedo e transformando o passeio em um momento prazeroso, depois de um tempo, basta você colocar o tênis que ele vai entender que é hora do passeio e pular de animação”, diz Iracema Braun.
Feitos para o exercício
Teoricamente, todas as raças podem se exercitar com seu dono. Mas algumas teriam melhor genética, especialmente se o ritmo da atividade for intenso. Galgos, whippets, huskies e border collies são corredores natos. Os cães sem raça definida os populares vira-latas também costumam se adaptar bem à atividade física. Já bulldogs e pugs e outros de nariz achatado em geral cansam facilmente e não aguentam exercícios prolongados. “Fique atenta ao ritmo da caminhada e ao comportamento dele. Se estiver muito ofegante ou com uma postura que demonstre cansaço, diminua as passadas e ofereça água fresca”, aconselha Fabiana Grecco, veterinária e gerente de produtos da Merial Saúde Animal, de São Paulo. Dependendo da resposta de seu companheiro, os passeios podem ser feitos todos os dias, de preferência no mesmo horário, para que ele crie uma rotina e tenha 24 horas de descanso.