Caminhada x corrida na areia: qual escolher?
Caminhada e corrida na areia exigem do corpo de formas diferentes
A areia é um dos terrenos mais desafiadores para quem gosta de se exercitar ao ar livre. Seja caminhando ou correndo, o solo instável exige mais do corpo, aumenta o gasto energético e muda completamente a forma como músculos e articulações trabalham. Mas afinal, entre caminhada e corrida na areia, qual é a melhor escolha?
A resposta depende de objetivos, preparo físico e histórico de lesões.
O que muda quando você sai do asfalto e vai para a areia
A escolha do terreno influencia diretamente a exigência muscular e o impacto sobre as articulações. Na praia, isso fica ainda mais evidente.
“A corrida na areia tem um nível maior de dificuldade do que no asfalto, uma vez que você precisa de maior estabilidade no pé por conta das irregularidades da areia. Além disso, a areia costuma ser fofa, impossibilitando a impulsão que o asfalto dá”, explica o Dr. Nemi Sabeh Jr., ortopedista e médico do esporte.
Essa percepção clínica é confirmada pela ciência. Um estudo publicado no Journal of Sports Sciences mostrou que correr em superfícies instáveis, como a areia, aumenta significativamente a ativação muscular dos membros inferiores, especialmente tornozelos e panturrilhas, quando comparado a terrenos rígidos, como o asfalto.
Areia fofa ou areia molhada: qual é melhor?
Além do asfalto, existe outra diferença importante dentro da própria praia. Escolher entre areia seca ou molhada impacta diretamente o desempenho e a intensidade do exercício.
“A queima calórica e a ação muscular são mais intensas na areia fofa, portanto, para a maioria, correr na areia fofa traz maiores benefícios e bons resultados”, comenta o Dr. André Melilo, médico ortopedista especialista em joelho e pé.
De acordo com uma pesquisa publicada no European Journal of Applied Physiology, o gasto energético durante a corrida na areia pode ser até 30% maior do que em superfícies duras, justamente pela menor capacidade de retorno de energia do solo, o que exige mais força muscular a cada passada.
Em contrapartida, o nível de dificuldade também aumenta. “Em nível de dificuldade, a areia molhada se assemelha ao chão mais duro, enquanto a areia seca e fofa é mais mole, tornando mais difícil o nível de mobilidade”, completa o Dr. Sabeh Jr.
Caminhada na areia
Para quem está começando ou busca um exercício mais seguro, a caminhada costuma ser a melhor escolha.
“Caminhar é um exercício de baixo impacto que estimula múltiplos sistemas do corpo, como o cardiovascular, respiratório e musculoesquelético, de forma equilibrada e segura”, explica Jéssica Ramalho, fisioterapeuta e CEO da Acuidar, maior rede de cuidadores da América Latina.
Segundo um estudo publicado no Journal of Physical Therapy Science, caminhar em superfícies instáveis melhora o equilíbrio, a propriocepção e a ativação dos músculos estabilizadores, sendo especialmente benéfico para prevenção de quedas e fortalecimento funcional.
Corrida na areia
A corrida entra como opção para quem já tem condicionamento físico e experiência.
“Correr na areia pode diminuir o impacto nas articulações e, assim, acarretar maior ação e performance muscular da atividade comparada à corrida de asfalto”, diz o Dr. André Melilo.
Pesquisas publicadas no American Journal of Sports Medicine indicam que superfícies mais macias reduzem as forças de impacto transmitidas às articulações, o que pode ser vantajoso em processos de reabilitação, desde que haja progressão adequada.
Por isso, o Dr. Sabeh Jr. faz uma ressalva importante: “Eu indico a corrida na areia fofa para quem está buscando fisioterapia e reabilitação”, justamente pelo estímulo controlado à musculatura estabilizadora.
Qual escolher?
A resposta depende do objetivo e do preparo físico. Caminhar é ideal para quem busca segurança, constância e fortalecimento gradual. Correr faz mais sentido para quem já treina, quer intensidade e consegue respeitar os limites do corpo.
Em ambos os casos, estudos reforçam que a progressão deve ser feita com cautela, alternando terrenos e respeitando o tempo de adaptação, para evitar sobrecargas e lesões.
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