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Síndrome da impostora: condição pode ter relação com cultura machista

Condição que impede sensação de sucesso, a síndrome da impostora é um desafio complexo na vida de muitas pessoas

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 16h30 - Publicado em 20 dez 2023, 10h00

Apesar de ainda ser desconhecida por muitas pessoas, a síndrome da impostora é uma condição complexa, que afeta um grande número de indivíduos, independentemente do gênero.

Caracterizada por baixa autoestima, insegurança, complexo de inferioridade, apreensão, perfeccionismo e um receio constante de ser exposto, a condição parece ter uma incidência particularmente alta entre as mulheres e, muitas vezes, cria uma batalha interna significativa.

De acordo com a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de São Paulo, esse fator levanta questões sobre os estereótipos de gênero e a influência persistente do machismo em nossa sociedade.

Segundo ela, é importante entender que essa síndrome não é um problema individual, mas uma questão social que merece atenção e compreensão, uma vez que pode estar ligada a uma construção social.

“De modo geral, a síndrome da impostora está diretamente relacionada às ideias que o patriarcado construiu sobre a figura da mulher, uma imagem que alimenta o machismo no pensamento social e contribui profundamente para a destruição da autoestima feminina”, explica a profissional, ressaltando que a cultura patriarcal frequentemente desvaloriza as habilidades das mulheres, criando um terreno fértil para a autoestima abalada.

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“Agressões podem desencadear traumas desenvolvendo na pessoa muitos sentimentos de inferioridade, quadros de ansiedade, sentimentos de fracasso, inadequação, falta de pertencimento e incapacidade“, aponta Vanessa.

Como superar a síndrome da impostora?

De acordo com a profissional, a terapia é uma ferramenta valiosa para combater a síndrome da impostora, sendo importante que os indivíduos sejam capazes de internalizar a origem da síndrome.

“É indicado que o paciente realize sessões de psicoterapia para ajudar a internalizar suas capacidades e competências, diminuindo a sensação de ser uma fraude. A terapia cognitivo comportamental e o EMDR são bastante eficazes nas mudanças de crenças e no tratamento dos traumas”, afirma a psicóloga.

Vale ressaltar que a síndrome da impostora afeta ambos os gêneros de maneiras distintas: enquanto as mulheres relacionam suas conquistas ao acaso, os homens podem reagir negativamente às críticas, tornando importante compreender as diferenças entre os gênero na abordagem dessa questão.

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“No caso das mulheres, elas tendem a atribuir o sucesso à sorte, se considerando fraudes e não merecedoras de sucesso. Já os homens costumam reagir pior às críticas negativas quando o feedback acaba sendo desfavorável”, explica.

Vanessa afirma que a síndrome da impostora, portanto, está frequentemente ligada à forma como a sociedade trata mulheres e sua relação com o sucesso.

“Para a cultura patriarcal, tudo que remete a mulher é inferior e não tem importância, especialmente se comparada ao que um homem pode desempenhar, por isso, suas habilidades e competências devem ser frequentemente questionadas”, conclui ela.

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