Educar para o futuro também pode ser sinônimo de equilíbrio
O que é educar para o futuro? A ideia passa por oferecer uma educação que seja antes de tudo inclusiva, sustentável e de qualidade. Além disso, é preciso assegurar que o acesso à educação esteja disponível para todos, de maneira igualitária. Com as mudanças tecnológicas que vivenciamos nos últimos anos, sabemos que alguns conceitos podem influenciar o desenvolvimento do ensino no futuro. Embora seja evidente que a tecnologia terá um papel cada vez mais preponderante na sala de aula das novas gerações, não sabemos com certeza como será o sistema educacional daqui a 20 anos.
Um ponto que considero essencial é que a criatividade e o contato com a natureza ganhem espaço nas escolas. O sistema educacional atual deixa de lado experiências vitais para o aprendizado das crianças. Mas se a escola não consegue oferecer essa oportunidade de desenvolvimento, o que podemos fazer, como mães, é reunir as ferramentas necessárias para ajudar nossos filhos a suprir essas falhas.
Aqui nos Estados Unidos o sistema educacional prioriza as aulas de programação ou aulas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para as crianças acima de seis anos. Parece que a preocupação é com o quanto as crianças conseguem assimilar de matemática aos 7,8 anos – ou o quanto já sabem ler nessa mesma idade. Mas pouco, ou quase nada, se fala sobre a importância de proporcionar às crianças mais oportunidades de contato com a natureza, com brincadeiras que usem a imaginação ou simplesmente tempo livre para o ócio. São os momentos de ócio que proporcionam espaço para a criatividade.
O sistema educacional continua a dar destaque para a promoção do lado esquerdo do cérebro, o das ciências exatas, em detrimento do desenvolvimento da área criativa e das humanidades. Mas será que é isso mesmo que nossos filhos precisam?
Os ensinamentos do Kundalini Yoga nos mostram que temos dez corpos. Um deles é o corpo físico, considerado por várias disciplinas espirituais como o nosso templo. Dos nove, três corpos são considerados mentais, enquanto os outros seis são chamados de corpos energéticos. Vamos entender um pouco como funciona o corpo físico. Dentro dele temos três cérebros: o cérebro (ele mesmo); o coração; o sistema digestivo. Todos são responsáveis por nos mostrar como compreendemos o mundo ao nosso redor, como tomamos decisões, como criamos soluções e como recebemos a intuição divina. A ciência moderna hoje começa a falar também dessa conexão, e chamam de ‘brain-gut connection’. Faltou incluir o coração nesta conexão, mas quem sabe em breve.
Em geral, as crianças nascem com a conexão entre cérebro, coração e sistema digestivo em equilíbrio. No entanto, com o passar do tempo, passamos a dar destaque para o hemisfério esquerdo, responsável pelo desenvolvimento cognitivo, da razão e exatas. Nesse processo, os outros dois ‘cérebros’ começam a ficar atrofiados. Essa atrofia leva ao desequilíbrio do uso desses três cérebros, o que é uma pena já que pode acarretar a diminuição do fluxo da criatividade, empatia, conexão humana e intuição.
Diante disso, e das mudanças tecnológicas cada vez mais presentes, como nossos filhos irão lidar com os futuros desafios? Mal podemos imaginar como serão, mas eu acredito que eles terão que lidar com uma enorme quantidade de informações, sistemas interconectados como nunca visto antes. Exemplos como a inteligência artificial, que ocupará um lugar em nossa sociedade como nunca havíamos sonhado, ou o metaverso, que nos chama para a discussão de por que seria tão mais interessante que o nosso universo orgânico. Nos pegamos questionando sobre o comportamento das crianças e adolescentes e por que preferem deixar de lado o mundo real para ficar dentro dessas realidades virtuais.
Às vezes pensar nisso tudo me deixa sobrecarregada. No entanto, acredito que podemos ajudá-los e temos tudo o que precisamos para prepará-los para o futuro em nossas mãos. Nós viemos aqui para esta missão e temos dentro de nós as ferramentas e experiências de que precisamos para superar os desafios e mostrar a eles o melhor caminho.
Tento mostrar aos meus filhos a importância da conexão humana e procuro estar, sempre que possível, emocionalmente disponível para eles. Mas para que isso aconteça, é preciso ter disciplina em yoga e meditação, para que assim seja possível manter o equilíbrio interno. Caso contrário, se o meu copo estiver vazio, eu não consigo doar sentimentos, conhecimentos e energia. É fundamental também promover o contato com a natureza e deixá-los “aborrecidos”, para que a criatividade possa fluir.
Ensinar a importância da respiração através do yoga e da meditação e praticar junto com as crianças é importante, pois, na idade adulta, 9 entre 10 pessoas respiram errado, de forma rasa. Assim, elas aprendem a respirar corretamente. Em geral, as crianças costumam respirar de forma correta e com o passar dos anos de forma rasa. A respiração rasa aumenta a ansiedade, traz inquietude mental e diminui o foco.
Nesse caminho saudável, tento mostrar aos meus filhos a importância da espiritualidade, e eles sempre rezam comigo antes de dormir. Independente da sua crença, cultivar essa conexão com o Universo, com Cosmos, com Deus fortalece o coração, também responsável pela empatia e conexão. A fé, seja qual for à sua, é um alimento para a alma e o coração que são interconectados.
Tudo isso irá ajudá-los a manter o equilíbrio entre nossos três cérebros e o trabalho em conjunto revelará um potencial infinito, imensurável. No meu canal vocês encontram dois vídeos, um deles onde compartilhei alguns exercícios que faço com meus filhos e o outro do kirtan kriya, que pode ser a introdução da meditação para crianças um pouco maiores.
Espero que você, assim como eu, consiga complementar e proporcionar uma educação mais holística para os seus filhos. Vamos juntos criar um futuro melhor para todos.