A perda de cabelo, também denominada alopecia, é um efeito colateral comum de alguns tipos de quimioterapia e ocorre devido a ação dessas medicações nos folículos pilosos.
Então, vale lembrar que nem toda quimioterapia causa queda de cabelo.
Os principais quimioterápicos que causam perda capilar são: antracíclicos, taxanos, ciclofosfamida carboplatina e irinotecano. Importante lembrar que, em geral, essa perda não é imediata. Ela ocorre após as primeiras semanas ou ciclos de tratamento.
Além disso, quimioterapias semanais em doses baixas podem causar queda de cabelo menos perceptível em comparação com protocolos de tratamento com altas doses ou que combinam dois ou mais quimioterápicos.
Até o momento, o que nós temos como estratégia para prevenir a queda capilar em casos selecionados é a crioterapia ou resfriamento do couro cabeludo, técnica que reduz o aporte sanguíneo nessa região, diminuído a quantidade de quimioterapia que chega a ela.
Esse método está indicado para o tratamento de tumores sólidos. Há restrições para pacientes com tumores que afetam o couro cabeludo, linfomas, leucemias e para quem tem alergia ao frio ou doença por aglutinina ao frio. Além disso, não é eficaz para todos os esquemas de quimioterapia.
Atualmente, estão disponíveis no mercado as toucas hipotérmicas que são semelhantes a pacotes de gelo e ficam armazenadas em freezer especial antes de serem utilizadas e derretem durante a quimioterapia, devendo ser trocadas em intervalos frequentes (a cada 30-45 minutos).
Existem, ainda, outros sistemas de resfriamento como as toucas que ficam ligadas a uma máquina na qual circula um líquido de resfriamento, fazendo com que a touca não precise ser trocada durante a quimioterapia.
Estudos mostram que a redução do risco para perda de cabelo pode chegar a mais de 50%. Alguns efeitos colaterais incluem dor de cabeça, náuseas e sensação de frio. Até o momento não existe nenhum tratamento farmacológico cientificamente comprovado que evite a queda de cabelo pela quimioterapia.
Durante o uso da touca hipotérmica deve-se:
- Evitar usar secador ou chapinhas;
- Lavar com shampoo apenas a cada 3 dias com água fria;
- Evitar pintar ou tonalizar até 3 meses após o término da quimioterapia;
- Pentear e escovar com cuidado.
A perda de cabelo, muitas vezes, é uma experiência desafiadora psicologicamente, pois afeta a autoimagem e qualidade de vida da paciente. No entanto, isso é temporário e o cabelo volta a crescer após o fim do tratamento.
Se você é paciente e será submetido a tratamentos que tem como efeito colateral a perda de cabelo, tenha uma conversa com o seu médico em relação as suas preocupações. Ele poderá fornecer orientações específicas para o seu caso e discutir opções de tratamento e compartilhar recursos para ajudar a lidar com qualquer mudança na aparência durante o tratamento.
Dra. Isabella Drumond, médica oncologista dedicada ao tratamento do câncer de mama. Trabalha no Hospital Israelita Albert Einstein, Unidade Perdizes e Hospital Municipal Vila Santa Catarina. Instagram: @draisabelladrumond.onco