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Introdução alimentar passa por alterações pela OMS: veja o que mudou

Para a nutricionista materno infantil Franciele Loss, é preciso ter cuidado com a interpretação das alterações da introdução alimentar

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 16h33 - Publicado em 23 nov 2023, 12h52

Tema que ainda gera muitas dúvidas nos pais, a introdução alimentar passou por algumas alterações após a Organização Mundial da Saúde (OMS) reformular, em outubro de 2023, o guia sobre a alimentação de crianças entre seis meses e dois anos de idade.

Por ser uma fase de extrema importância e cuidado, as novas orientações deram o que falar nas redes sociais – e muitas delas interpretadas de forma equivocada. Pensando nisso, a nutricionista especialista em nutrição materno infantil, Franciele Loss, esclarece algumas informações contidas no documento.

Novas orientações para a introdução alimentar

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Sucos naturais

Um dos tópicos que mais causou tumulto entre as mães foi referente a oferta de sucos in natura. A orientação, até então, era oferecer o suco para crianças a partir de um ano e sem adição de açúcar. Mas Franciele explica que é preciso tomar bastante cuidado ao interpretar esse trecho.

“Em um determinado ponto do guia, aparece que os sucos in natura, aqueles feitos de 100% da fruta, devem ser ofertados de forma limitada. E como o guia é feito para crianças de 6 meses a 2 anos, muitos interpretaram que o suco pode ser ofertado a partir dos 6 meses, pois não escreveram de forma explicita que é preciso aguardar o primeiro ano de vida, como orienta a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria”, explica Franciele.

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A nutricionista diz ainda que, na nova cartilha da OMS, o suco consta em uma coluna de alimentos considerados não saudáveis, junto de refrigerantes e outros alimentos ultra processados. Não pelo fato de ser algo ruim, mas por ser considerado pela Sociedade Brasileira de Pediatria como uma bebida açucarada, que pode prejudicar a aceitação da água pura, que é muito mais importante para a criança.

“Muitos adultos não têm hábito de tomar água porque cresceram tomando suco, chás ou qualquer outro líquido saborizado. Além disso, suco em excesso pode levar a obesidade na vida adulta, diabetes, entre outros problemas, sem contar que ocupa um espaço gástrico do bebê que deveria ser ocupado pelo leite materno. Com sucos, o bebê acaba também recusando a ingestão de fruta, porque é mais fácil beber o líquido, que não tem textura”, pontua a profissional.

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Leite e derivados

Uma grande mudança abordada pelo guia é a contraindicação de fórmulas para bebês a partir de 1 ano: agora, a orientação é introduzir o leite de origem animal. “Entende-se que, a partir de 1 ano, o bebê já possui uma alimentação mais rica em nutrientes e, por isso, não precisa mais das fórmulas. No entanto, não é para substituir o leite materno pelo leite de vaca. A orientação é para mães que já fizeram o desmame, e para as que ainda amamentam, é para seguir até os dois anos de idade, de preferência”, diz a especialista.

Franciele relembra que, em 2019, o Ministério da Saúde já orientava sobre o consumo de leite de vaca após um ano para pessoas de baixa renda, sem condições de comprar fórmula para seus filhos.

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Outro ponto ressaltado pela nutricionista é que os derivados do leite também devem ser ofertados ainda na janela da introdução alimentar, como queijos e iogurtes naturais. Manteigas e outros laticínios também podem ser utilizados na preparação dos alimentos.

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Dieta variada

As crianças, assim como os adultos, precisam de uma alimentação variada e saudável. Por isso, o novo guia aborda a importância de oferecer os diferentes grupos de alimentos para os bebês.

“Começar a introdução alimentar apenas com frutas é uma ideia totalmente ultrapassada. Os bebês precisam dos três grupos alimentares: os de origem animal, o de frutas e legumes, e por fim, das leguminosas, nozes e sementes. Não é necessário ofertar os três grupos ao mesmo tempo, em todas as refeições. Mas certifique-se de que, pelo menos um desses seja oferecido a cada refeição do bebê.”

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O guia reforça também que a introdução alimentar seja feita, estritamente, a partir dos seis meses. Antes disso, nenhum outro alimento ao leite materno deve ser ofertado. Franciele pontua que os alimentos com potenciais alergênicos também devem ser oferecidos nessa janela, como frutos do mar, nozes e soja.

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