A ciência já sabe que os primeiros 1000 dias de uma criança são fundamentais para todo o resto da vida dela. O período de amamentação, as refeições na fase da introdução dos sólidos, as brincadeiras, os traumas, o amor que recebe daqueles à sua volta – tudo isso é determinante para que os pequenos cresçam saudáveis e felizes.
Mas não pense que esses fatores só passam a valer a partir do momento em que uma mãe dá à luz. Os primeiros 1000 dias começam a contar já na gravidez. Sim, o que você faz e come durante os nove meses também vai influenciar no futuro do seu filhote! E isso não é diferente para a atividade física. “Estudos feitos com animais mostram que ratinhas obesas ou diabéticas que se exercitam na gestação têm filhos menos propensos a ficar doentes em relação à prole de ratinhas sedentárias”, relata a pediatra Fabíola Suano, professora de pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autora, junto da também pediatra Roseli Sarni, do livro De 0 a 1000: os dias decisivos do bebê, publicado em julho de 2017 pela revista SAÚDE, da Editora Abril.
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E não são só os baixinhos que saem ganhando quando têm uma mamãe fit. Manter-se ativa antes, durante e depois da gravidez é importante para garantir uma gestação tranquila e até um parto mais preparado. Os exercícios têm influência direta em vários processos metabólicos e alterações estruturais do corpo da gestante. “A atividade física melhora a postura, a força muscular… O que vai deixar a mulher mais preparada para lidar com o peso da barriga, a sobrecarga sobre as articulações e a dor nas costas, por exemplo”, destaca Suano.
Para que você não tenha dúvidas da importância de se manter ativa durante os nove meses em que for carregar seu bebê na barriga, listamos alguns dos principais efeitos que os exercícios têm sobre o organismo das gravidinhas. Confira a seguir:
Os exercícios antes de engravidar
Se você está na fase de planejamento da gravidez e não aderiu a uma rotina ativa, hora de calçar o tênis, vestir a legging e sair para caminhar ou se inscrever na academia! Nesse momento, a atividade física terá como papel ajudá-la a entrar na gestação muito mais saudável. Se você está acima do peso, suar o top vai ser de grande valia para eliminar os quilos extras – que, em excesso, podem trazer problemas sérios para o bebê no futuro, como doenças cardiovasculares, obesidade e até autismo.
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Outra vantagem: prevenir a dor nas costas, que pode aparecer já no primeiro trimestre. “A relaxina, hormônio responsável por afrouxar as articulações, já começa a agir nesse momento. Então, mesmo no começo da gravidez, a mulher pode sentir incômodo nas costas”, explica o educador físico Alexandre Alves, especialista em gestação e pós-parto e diretor do estúdio FitMommy, em São Paulo.
Os exercícios no primeiro trimestre
Esse é um período de muitas dúvidas em relação à atividade física. Afinal, pode ou não pode? Depende de cada mulher e a palavra final é sempre do obstetra, mas, no geral, está liberada. “Estudos mostram que o exercício bem orientado não aumenta o risco de aborto espontâneo”, diz Alves. Segundo Fabíola Suano, o ideal é evitar praticar modalidades em intensidades que você nunca fez antes.
Apesar de ainda não sofrer grandes mudanças, seu corpo vai tirar proveito de uma rotina fitness nesse momento, principalmente em relação a:
- Circulação: o útero passa por várias transformações para receber o bebê e, quanto mais o sangue estiver circulando, melhor acontece esse processo. Um dos efeitos dos exercícios é justamente facilitar a passagem do líquido vermelho por vasos e artérias.
- Disposição e motivação: numa fase em que a mulher sente muitos enjoos e desânimo, malhar pode ser uma boa. O efeito não será diretamente sobre o mal-estar, mas certamente vai deixar você mais animada.
Os exercícios no segundo trimestre
Do quarto ao sexto mês, a futura mamãe está com todo o pique para mexer o esqueleto. Segundo Alexandre Alves, alguns hormônios em alta nessa fase têm capacidade anabolizante, auxiliando no ganho de massa muscular.
Mas não exagere! Evite modalidades de muito impacto, como a corrida. “O movimento de pressão do útero sobre o assoalho pélvico aumenta o risco de incontinência urinária”, alerta o educador físico da FitMommy.
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No seu organismo, os exercícios terão participação principalmente no metabolismo, evitando dois problemas sérios:
- Diabetes gestacional: os músculos usam a glicose do sangue como fonte de energia. Então, quando você aumenta a massa magra, menos glicose excedente haverá na sua circulação.
- Pressão alta: algumas substâncias liberadas pelo organismo da gestante fazem os vasos se comprimirem, abrindo portas para a pré-eclâmpsia. “E o exercício melhora o relaxamento arterial, reduzindo esse risco”, complementa a pediatra Fabíola Suano, que também é docente na Faculdade de Medicina do ABC, na grande São Paulo.
Os exercícios no terceiro trimestre
Na reta final da gravidez, o barrigão não deixa que a mulher se mantenha a todo vapor como no trimestre anterior. As dores aumentam, a locomoção fica mais difícil, a azia não dá trégua… Nessa etapa, a atividade física age principalmente em:
- Corrigir postura e fortalecer as costas: o crescimento do útero causa muitas dores à futura mamãe
- Preparar o corpo para o parto: se você planeja ter parto normal, é importante trabalhar todas as musculaturas que serão exigidas na hora do nascimento – principalmente abdômen, assoalho pélvico e região lombar.
Os exercícios no pós-parto
Depois que o bebê nasce, é importante respeitar seu corpo. Nada de voltar a treinar já na primeira semana em que estiver com o pequeno em casa! “O organismo não está preparado para isso”, avisa Fabíola. Em geral, mulheres cujo parto foi normal podem retomar a rotina de exercícios (com calma!) entre 20 e 30 dias após dar à luz; aquelas que fizeram cesárea devem esperar, em média, 45 dias para voltar aos treinos. Mas lembre-se: cada caso é um caso!
Quando o obstetra liberar, vale a pena se mexer novamente para:
- Retomar, aos poucos, o corpo de antes da gestação: antes de buscar gominhos no abdômen e músculos à mostra nas pernas, é preciso recuperar toda a força perdida pela ação de hormônios na gravidez. Seguir um treino adequado para isso é fundamental.
- Afastar a depressão pós-parto
- Ganhar pique para alimentar e cuidar do seu filhote.
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