Continua após publicidade

O álcool está engordando você?

O que regulam no prato, elas liberam no copo e, de gole em gole, vão extrapolando nas calorias. Então, antes do próximo chope, saiba como o álcool pode ser perigoso para suas curvas e sua saúde

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 21 out 2024, 19h17 - Publicado em 29 jul 2014, 22h00

Ilustração: Nina Tomé

O álcool engorda mesmo! Para dar uma ideia do impacto da bebida na silhueta, Adriana Kachani, nutricionista do Programa da Mulher Dependente Química (Promud) do Instituto de Psiquiatra da USP, compara: “Numa pizzaria, é comum as pessoas se controlarem para não comer três pedaços de pizza, mas bebem facilmente três chopes pensando que estão economizando calorias”. Só que 1 grama de carboidrato tem 4 calorias, assim como a proteína. A mesma quantidade de álcool oferece bem mais: 7,1 calorias, e a gordura 9.
 
Também é bom lembrar que a bebida não tem só álcool. Uma caipirinha, feita com açúcar e frutas, chega facilmente a 300 calorias. O álcool oferece outro risco à balança: ativa a secreção de cortisol, que estimula as células a armazenarem gordura no abdômen. Um estudo da Faculdade de Nutrição da Universidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, com 178 universitárias, relacionou o consumo de bebidas alcoólicas à gordura corporal. E o valor médio da gordura concentrada ao redor da cintura (o tipo mais perigoso para o coração!) foi maior entre as participantes que relataram beber.
Continua após a publicidade
 
Se você acha que a culpa é só da cerveja, esqueça! A moda de misturar vodca com energético fornece assombrosas 470 calorias. Para piorar, as frituras servidas como acompanhamento extrapolam nas gorduras. Numa conta rápida: se comer quatro croquetes (cada um tem 87 calorias) e beber uma dose de vodca com energético, você terá ingerido 818 calorias, o valor de uma farta refeição.
 
Trabalhos internacionais demonstraram que, independentemente do tipo de bebida, ela favorece a obesidade e as doenças associadas. A cientista Janne Tolstrup, do Instituto Nacional de Saúde Pública da Dinamarca, estudou 43 543 homens e mulheres e também verificou ganho de peso, sobretudo na altura da cintura, entre os bebedores moderados e aqueles que exageram vez ou outra. Já nos dependentes, acontece o oposto. Bebe-se tanto que a bebida passa a mascarar a fome; substitui o consumo de alimentos como fonte de energia e nutrientes, o que acarreta desnutrição e perda de peso acentuada, que não tem nada de saudável.
 

Sem guerra dos sexos

Não dá para defender a igualdade nesse ponto. O homem e a mulher reagem de modo diferente ao álcool em função de suas características orgânicas. “A quantidade de água no nosso corpo é menor. Se bebermos uma latinha de cerveja, teremos 30% a mais de álcool em circulação do que eles”, diz Zila Sanchez, farmacêutica especializada em dependência de drogas e pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp. Além disso, as mulheres produzem menos a enzima encarregada de metabolizar o álcool. E, nos dias próximos à menstruação, a sensibilidade ao álcool é maior, favorecendo a embriaguez com doses menores e o risco de desenvolver dependência mais cedo.
Continua após a publicidade
 
O uso constante e abusivo pode interferir nos ciclos menstruais, alterando a ovulação e a fertilidade; eleva o risco de câncer (mama, colorretal, boca, laringe, esôfago, fígado e intestino); aumenta a vulnerabilidade à depressão; e provoca doenças digestivas, hepatite, cirrose e tarquicardia. Nos casos extremos, pode haver intoxicação alcoólica, coma e morte. “As usuárias frequentes desenvolvem doenças graves mais rapidamente do que os homens, como fígado gorduroso, hipertensão e anemia”, informa a pesquisadora Priscila Lopes Pereira, da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
 

Prejuízos graves

Os especialistas lembram que, no dia seguinte, pior do que a ressaca física (dores de cabeça, náuseas, vômito) é a ressaca moral (sensação de culpa e vergonha). Depois de deixar as pessoas eufóricas e desinibidas, o álcool atua como depressor do sistema nervoso central. Ele baixa a percepção do perigo e, com isso, perde-se a noção de certo e errado: “cresce a vulnerabilidade a comportamentos de risco, entenda-se, fazer algo que não faria em condições normais, como transar com um estranho; subir em cima da mesa e fazer strip-tease. Para isso, você não precisa beber até cair.” 
 
“Desde a primeira dose já se expõe a risco. Quanto mais abusar, maiores os riscos”, alerta Zila. Assim, além do perigo de dar vexame, há risco de sexo desprotegido, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e atos de violência. Como se fosse pouco, há outro inconveniente: “Um dia após a bebedeira, você acorda com tamanha fome que é alto o risco de comer demais e o que não deve”, lembra Adriana Kachani. Por isso, não vá com tanta sede ao copo.
Continua após a publicidade
 

De olho no copo…

Veja quantas calorias você consome ao beber na balada, happy hour, no churrasco…
 
· 1 tulipa (300 ml) de chope: 180 cal
· 1 lata (350 ml) de cerveja: 150 cal
Continua após a publicidade
· 1 taça (140 ml) de vinho: 93 cal
· 1 dose (100 ml) de prosecco: 71 cal
· 1 dose (50 ml) de vodca: 120 cal
· 1 dose (50 ml) de tequila: 108 cal
· 1 dose (50 ml) de uísque: 125 cal
Continua após a publicidade
· 1 copo (200 ml) de caipirinha de pinga ou saquê com açúcar: 300 cal
· 1 copo (200 ml) de gin tônica: 183 cal
· 1 copo (200 ml) de vodca com energético: 470 cal
 
…e nos petiscos
As comidinhas que acompanham essas bebidas também são calóricas e engordam
 
· 1 croquete (30 g) de carne: 87 cal
· 1 porção (100 g, em torno de 20 palitos) de batatinhas fritas: 140 cal
· 1 porção (100 g) de salame: 250 cal
· 5 pedaços (75 g) de provolone à milanesa: 360 cal
 
Calorias fornecidas pela nutricionista Adriana Kachani, do Promud.
 

Para não passar da conta

· O recomendado para as mulheres é beber no máximo uma dose, o equivalente a uma latinha (350 ml) de cerveja, uma taça (140 ml) de vinho ou uma dose (50 ml) de uísque, sem ser em dias consecutivos.
 
· Em jejum, o álcool “sobe mais rápido”. Então, nada de sair de casa sem jantar para “economizar calorias”. Coma alimentos leves: verduras, carnes magras e frutas.
 
· No bar, escolha petiscos magros: tomate-cereja, azeitona, fundo de alcachofra, tremoço, conservas sem muito azeite, champignon, queijos magros e frios como peito de peru ou chester.
 
· Prefira bebidas que podem ser consumidas aos poucos, como caipirinha, gin tônica e faça aquela dose render a noite inteira: ponha bastante gelo, intercale com água e dê goles pequenos. “O álcool é volátil”, lembra Adriana Kachani. “Basta molhar a língua que ele já preenche sua boca com o gosto característico.”
 
· Caipirinha de limão e pinga ou saquê com açúcar tem cerca de 300 calorias. Se trocar o açúcar pelo adoçante, o valor calórico cai para 190.
 
· Não misture álcool com energético. Além de calórico, esse drinque tem carboidrato, cafeína e outros compostos que fornecem energia. Sentindo-se mais disposta, você tende a beber mais.
 
· Observe o volume consumido: você toma só um copo de caipirinha? E o “chorinho”, você despreza? Quanto cabe na sua taça de vinho: só 140 mililitros mesmo? A quantidade a mais não contabilizada faz diferença na balança!
Publicidade
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.