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Licença-menopausa já é uma realidade em alguns países

Fase complexa, porém natural, da vida de uma mulher, a menopausa pode trazer uma série de interferências no dia a dia

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h30 - Publicado em 22 dez 2021, 08h00
licença-menopausa
 (Rodnae/Pexels/Divulgação)
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A varejista britânica ASOS virou manchete algumas semanas atrás. O motivo? A empresa adotou uma série de medidas para flexibilizar a rotina dos seus colaboradores, incluindo na sua lista de benefícios licenças para funcionários que estão lidando com questões de saúde, como a menopausa. A ideia da “licença-menopausa” ganhou o mundo e, agora, vamos explicar porque ela é tão interessante para as mulheres. 

O que é menopausa? 

É válido entendermos melhor o que é a menopausa. “Refere-se à última menstruação de uma mulher ocasionada pelo declínio natural dos hormônios femininos“, explica Marcella Maia, médica ginecologista e obstetra pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. “Marca o fim da fase reprodutiva da mulher.”

É comum a menopausa ser confundida com o climatério, que abrange todo o período de transição entre a fase fértil e o seu término, do organismo de uma mulher. 

Esse período, assim como muitos que envolvem mudanças hormonais, geram uma série de sintomas, como ondas de calor, cansaço, irritabilidade, instabilidade emocional, insônia, ansiedade, depressão, perda de memória, ressecamento vaginal, sintomas urinários, perda de libido, dor à relação sexual, aumento de gordura abdominal e pele, unhas e cabelos ressecados. 

Como a menopausa interfere no dia a dia? 

Segundo a Dra. Marcella, estima-se que mais de 80% das mulheres apresentam sintomas da menopausa, que podem ser tanto físicos quanto emocionais, leves ou a ponto de prejudicar intensamente a qualidade de vida. “Os sintomas da menopausa interferem diretamente na autoimagem e autoconfiança. É muito comum ouvir das pacientes no consultório que ‘nada é como antes'”, explica. 

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Para Mariana Nahas, mentora de desenvolvimento pessoal e desenvolvimento da consciência, esses efeitos também são bastante abrangentes. 

O cansaço, a ‘névoa mental’, a perda de foco, as ondas de calor e a irritabilidade costumam ser os sintomas mais desagradáveis, pois a mulher sente que perdeu contato com o seu ‘eu’, ela não se reconhece mais nos seus comportamentos e no seu corpo, sentindo-se menos ativa e produtiva o que pode gerar bastante frustração e ansiedade frente às demandas da vida moderna, que respeitam pouco a natureza do indivíduo”, explica ela. 

Fora isso, diz a mentora, para a sociedade moderna o envelhecimento não é um sinônimo de maturidade, integridade e sabedoria, mas como a fase na qual as pessoas se tornam dispensáveis e menos valorizadas. “Desta forma, é natural que os marcadores de idade como cabelos brancos e a menopausa se tornem um fantasma para o sexo feminino”, diz. “Mas, se pensarmos bem, deveria ser o contrário, pois a menopausa marca a entrada da mulher na sua fase madura, quando é repleta de sensibilidade e sabedoria, soberania emocional e ainda muita criatividade e vontade de produzir e criar com equilíbrio e consciência, não mais impulsivamente.”

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Quais os benefícios da licença-menopausa? 

Algumas pesquisas apontam que 3 a cada 5 mulheres relatam que a menopausa teve um efeito negativo no seu trabalho. Queixas de impaciência, irritabilidade, falta de foco, insônia e cansaço, além de falta de disposição e, claro, produtividade no trabalho são bastante comuns. 

Sem dúvida, esses são sintomas que prejudicam não apenas seu desempenho e performance, mas também seus relacionamentos interpessoais no trabalho e na vida pessoal”, completa a mentora. “Apesar deste ser um quadro natural na evolução da mulher, a menopausa ainda é um tabu na sociedade e muitas mulheres se veem constrangidas em falar sobre esse assunto com seus chefes, chegando até mesmo a pedir afastamento médico sem nunca mencionar a menopausa. Esse silêncio dificulta a implementação de medidas assistenciais às mulheres.”

Assim como aconteceu com a ASOS, Mariana explica que seria fundamental o RH das empresas ser treinado e educado para instruir os seus colaboradores sobre a menopausa e os impactos dos sintomas na vida da mulher e, consequentemente, no trabalho, assim como incentivar conversas internas e abertas na empresa para facilitar a inclusão – chegando até a estabelecer uma “licença menopausa” para os casos mais severos. O objetivo seria, justamente, dar tempo à mulher de estabilizar os seus sintomas até retornar ao trabalho. 

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“Ainda tem muitas mulheres que sofrem por longos períodos sem ter a menor ideia de que os sintomas e as mudanças físicas e emocionais estão ligadas à menopausa”, continua. 

Para Marcella, existem estudos que comprovam também que algumas mulheres pedem licença médica por conta dos sintomas, mas são poucas as que revelam o real motivo no local de trabalho. “Ainda é pouco compreendido que algumas mulheres apresentam reais modificações do seu físico e emocional decorrentes da menopausa”, diz a médica. “Entendam, menopausa não é uma doença, é uma fase que toda mulher irá passar. Porém, algumas mulheres exigirão um cuidado e atenção especial.”

Além das orientações médicas, que podem pedir ou não reposições hormonais e outros tratamentos clínicos relacionados à menopausa, não existe cura para os sintomas da menopausa. Manter uma alimentação equilibrada e uma rotina de exercícios físicos é essencial em qualquer fase da vida e não deixa de ser diferente aqui. Buscar auxílio médico, com o apoio de nutricionistas e educadores físicos, pode ser essencial para ajustar detalhes do dia a dia que, de certa forma, aliviam as sensações impactantes dessa fase da vida. 

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