Sejamos honestos — pode ser difícil programar o cérebro para entrar no modo “férias em casa” quando você precisa relaxar no mesmo lugar onde passou o ano inteiro trabalhando, estudando, vendo séries e mais séries no fim de semana… Infelizmente, essa é a realidade que a pandemia impôs para a maioria de nós.
Para os brasileiros, o período pode ser especialmente mais complicado, visto que tirar uns dias para começar o ano com todo o gás é algo cultural. “Muitas empresas dão férias coletivas a seus funcionários, que aproveitam o tempo para fazer um detox mental, físico e emocional”, explica Gustavo Arns (@gustavo_arns), professor da pós-graduação em Psicologia Positiva da PUC-RS. E a chegada do verão só aumenta ainda mais a vontade de partir para atividades ao ar livre e cheias de gente, né?
A importância das pausas
Não, preocupar-se em descansar de modo eficiente não é superficial. Afinal, as pausas impactam diretamente nossa saúde e produtividade. “Estudiosos defendem há tempos que o maior problema não é necessariamente o excesso de trabalho, mas sim a falta de descanso. Ele se torna essencial tanto em uma escala mais micro (pausa para um cafezinho ao longo do dia), quanto médio (fins de semana e feriados longe dos e-mails) e macro (férias)”, diz o especialista.
A falta de um recesso de respeito (somada a outras questões que a quarentena trouxe) pode gerar frustração e até um sentimento de luto, de acordo com Gustavo Arns. “As restrições afetam diferentes âmbitos do nosso bem-estar. É por isso que alguns passam por processos diferentes, como o da negação de tudo o que está acontecendo.”
Mas então como fazer do limão, limonada? Confira algumas dicas:
1 – Aceite que as férias serão em casa
O primeiro passo é entender que as coisas não vão sair como o planejado: talvez não seja possível tirar as esperadas (e muito merecidas!) férias. É importante ter esse olhar mais consciente e maduro para não colocar você e outras pessoas em risco. “Sentir frustração é normal. Depois dela, passamos para a fase de tentar trabalhar com as possibilidades que temos, de abrir os horizontes”, afirma o psicólogo.
2 – Procure lazeres ativos
Gustavo explica que o grande perigo das “férias em casa” está em passarmos muito tempo com os lazeres passivos (como ver tv, ficar no celular e se perder nas redes sociais), uma vez que eles podem até distrair, mas não promovem o descanso que a mente precisa.
Pense em alternativas que estimulem seu corpo. Aulas de dança, treinos online, artesanato… Vai ser até mais divertido se você dividir as tarefas com as crianças ou com as pessoas com quem mora. “Vale também considerar uma ida ao parque ou um encontro com um amigo — tomando, claro, todas as devidas precauções (usar máscaras, evitar abraços e manter a distância necessária).”
3 – Desafie o cérebro
Passamos a maior parte do dia estimulando o cérebro da mesma maneira. O hábito, quando multiplicado centenas de vezes, fica bem desgastante. Por isso, pode ser benéfico incentivá-lo de outras formas. “Seja tentando aprender um instrumento musical, fazendo atividades artísticas ou lendo um livro. Todos esses estímulos intelectuais levam ao relaxamento mental — o cérebro descansa algumas partes enquanto ativa outras que não usamos com frequência”, diz o especialista.
4 – Autocuidado hoje e sempre!
Ele é a base do bem-estar e felicidade. E não estamos falando somente de priorizar boas noites de sono, manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas com frequência. Mas de reservar um dia para “paparicar” a si mesmo! Veja como fazer isso aqui.
“Um dia de spa em casa traz relaxamento e é revigorante. Envolva a família inteira — com certeza todo mundo está precisando renovar as relações, uma vez que o convívio com quem mora no mesmo lugar está sendo feito de forma muito mais intensa e contínua durante a pandemia.”
5 – Mude o ambiente!
O segredo é focar nos pequenos detalhes para evitar gastos desnecessários. Crie espaços novos com objetos atrativos para o descanso e que combinem com a estação. “Invista em espreguiçadeiras, assentos confortáveis e cenários com peças artesanais (como tecelagem, almofadas coloridas e redes para deitar). Eles trazem personalidade e conforto, e fazem você não querer mais sair de casa”, aconselha Denise Corrêa Cardoso Ieno, dona da Denise Ieno Design Interiores (@deniseienodesigninteriores), do Rio de Janeiro. Tapetes, mantas, vasos cerâmicos e peças em palha também são ótimas opções.
A especialista também indica cores que lembram o mar e o estilo “navy”: azul e branco, por exemplo, remetem à praia/piscina. E, se possível, passe mais tempo nas áreas externas da casa. “Ficar mais na varanda ou quintal também é uma alternativa: coloque a mesa de jantar do lado de fora.”
E não se esqueça, é claro, da natureza. “Elas trazem cor, vida, boas energias e bem-estar. Você não precisa de grandes alterações para se sentir de férias em casa”, complementa Diennis Xavier, do Studio Magnólia Design Floral (@studiomagnoliadesignfloral), também do Rio.