Lidar com a ansiedade não é simples. Fazer amizades depois de adulto também não. Junte as duas coisas e temos uma receita para o desastre, certo? Não exatamente.
Apesar de gerar desconfortos e dificuldades no dia a dia, é possível para pessoas ansiosas fazerem e manterem novas amizades. Mas é preciso um pouco de dedicação (e acompanhamento) para que isso aconteça.
O QUE É ANSIEDADE?
“A ansiedade é uma emoção normal acompanhante do crescimento, mudanças e novas etapas da vida, sendo uma reação instintiva, uma resposta neural para situações que podem provocar medo, dúvida ou expectativa diante de fatos”, explica Katherine de Paula Machado, neuropsicóloga da Clínica Maia.
Quando essa sensação se torna persistente, ela passa a interferir nas atividades diárias e deixa de ser natural, passando a ser um motivo de preocupação – é o que os profissionais chamam de ansiedade patológica, uma resposta inadequada a determinado estímulo.
Com tudo isso, dá para perceber como a ansiedade afeta diretamente as relações interpessoais, certo? “Muitos pacientes relatam preferirem se isolar para evitar sofrimento a si ou às pessoas do seu cotidiano”, continua. “Devido a sintomas físicos que surgem em diversos contextos, muitos preferem evitar eventos sociais. Em outros relatos, é muito comum escutar constantes conflitos com as pessoas em seu entorno, por conta da inabilidade em lidar com emoções despertadas por mudança de planos, abruptos ou não, contexto de espera, não demonstração clara de intenção, pensamento ou emoção, entre outros.”
COMO FAZER AMIZADES SENDO ANSIOSA
Com tudo isso em mente, hora de partir para a solução. É possível contornar os efeitos que a ansiedade provoca nas relações, até melhorando e aprofundando esses relacionamentos.
“É necessário ser claro na forma que se sente e descrever de maneira objetiva as dificuldades vivenciadas pelo quadro de ansiedade para que o outro possa compreender os momentos de descontrole e até ajudar nas crises”, diz Katherine.
Ou seja, uma boa conversa pode ser a melhor aliada para controle da ansiedade. Compartilhar o que você se sente, além de possibilitar a organização de pensamento, também contribui para confrontar situações fantasiosas e verificar o que é real ou não.
Tudo isso ajuda a amenizar o sofrimento e dá ao outro a oportunidade de compreender o que está ocorrendo. “Quando se sabe o que pode ou não machucar uma pessoa, é possível evitar ações que causem sofrimento ao amigo, à medida que for possível”, explica.
No entanto, também é importante lembrar que o amigo, familiar ou companheiro não é um profissional da saúde mental. Essas pessoas podem fazer parte da sua rede de apoio, mas também são pessoas com suas próprias emoções e dificuldades, existindo na sua vida por amor e respeito. Elas não podem ser reduzidas ao suporte que oferecem.
“Não é possível esperar que o outro entenda tudo o que está acontecendo com você e nem que consiga ajudar na resolução de todos os problemas, visto que não é do domínio do outro”, continua.
Para isso, entram aí as dicas da profissional para esses casos:
- Buscar acompanhamento profissional, com terapeutas ou psicólogos
- Priorizar a qualidade de vida, com atividades e pessoas que você gosta
- Evitar o isolamento e manter a proximidade com a sua rede de apoio
- Reconhecer e acolher as emoções
- Identificar e compreender situações que geram sentimentos desagradáveis (o que pode ajudar a estabelecer estratégias para lidar com as mesmas)
- Praticar exercícios físicos