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Um detox de dopamina é o que você precisa para ter mais concentração

Limitar os estímulos que liberam dopamina no organismo traz mais clareza mental e criatividade

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h34 - Publicado em 9 set 2022, 08h00

Você já deve ter ouvido falar na dopamina e na sua relação com as redes sociais. Senão, é melhor ficar atenta aos parágrafos abaixo: aprender a fazer um detox dessa substância pode fazer toda a diferença para a sua produtividade e bem-estar. 

O QUE É A DOPAMINA? 

A dopamina é um neurotransmissor pertencente à família das catecolaminas. “Ela é liberada em várias partes do cérebro e atua em diferentes funções”, explica a endocrinologista Dra. Paula Pires. “Ela leva informações de um neurônio a outro, regulando o humor, a sensação de prazer, a compensação e ainda regula algumas funções endocrinológicas, como o apetite.”

A relação da dopamina com as redes sociais está no chamado sistema de recompensa. Esse é um circuito neural do cérebro que influencia diretamente nossas emoções – ele garante a motivação para realizar certas atividades, como a sensação de felicidade que comemos ao ter fome, ou ao recebermos um like em uma foto no Instagram. 

“Quando os neurônios desse sistema são ativados, eles liberam a dopamina em regiões específicas do cérebro, causando o aumento da sensação de prazer”, continua. “Por causa dela que ficamos viciamos em likes, em drogas e até em comida calórica.”

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O LADO NEGATIVO DA DOPAMINA

A dopamina é essencial para o organismo por uma série de motivos, mas ela também tem um lado sombrio. Um deles, como citado, tem relação ao vício em drogas, por exemplo. Mas existem muitos outros. 

“A esquizofrenia está relacionada com os níveis de dopamina no cérebro”, explica a Dra. Paula. “Esse transtorno é provavelmente decorrente de níveis elevados ou então desregulados de dopamina no cérebro. Diante disso, o tratamento para esquizofrenia inclui fármacos que bloqueiam os receptores de dopamina.”

E não é só isso: com repetidas exposições aos estímulos que liberam dopamina, pode ocorrer o que os profissionais de saúde mental chamam “tolerância”. Nesse processo, frequente não só nos estados de dependência química, mas também em relação aos exercícios físicos, jogos, redes sociais e até relações sexuais, o cérebro a passa a não se estimular com aquela quantidade de estímulo e busca aumentar o uso ou o comportamento de maneira excessiva e, claro, prejudicial. 

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“Você sente que o que o deixava feliz não o satisfaz mais, ocasionando, então, aumento da sensação de tristeza, melancolia e tédio”, explica a psiquiatra Dra. Jessica Martani

DETOX DE DOPAMINA: POR QUE FAZER? 

Diante desse ciclo, fica fácil entender como estamos, todos, viciados em dopamina. Qualquer notificação do celular aciona esse mecanismo do cérebro e, a longo prazo, o resultado disso é passarmos cada vez mais tempos conectados às redes sociais. 

“Observo que estamos em um mundo lotado de dopamina, alimentação em um clique, redes sociais, acesso a relacionamentos diversos com um clique, compras online, jogos online, pornografia, enfim, estamos em um mundo onde as recompensas são obtidas com facilidade se comparadas a outras épocas de nossa vida e evolução”, diz Jessica. “Cada vez mais as pessoas estão aprisionadas em busca dessas recompensas e, por estarem inundadas de tantas, nenhuma é o bastante. Observo, então, maior sensação de frustração e apatia, de vazio, o que pode favorecer doenças psiquiátricas, aumentando ansiedade, depressão, maior dificuldade de lidar com frustrações e tédio.”

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As tarefas em que a recompensa não é imediata, portanto, se tornam mais difíceis e a procrastinação, a dificuldade de foco e de atenção passa a fazer parte do dia a dia das pessoas. 

Mudar esse comportamento já tão intrínseco não é simples – buscar ajuda profissional, inclusive, pode ser um bom começo. Mas, segundo a psiquiatra, outro ponto importante é observar a sua relação com atividades que proporcionam desfechos nocivos (pense em vício e uso ou busca constante), o seu tempo de uso ou comportamento relacionado a essas atividades, a frequência e os malefícios que têm causado na sua vida – a partir daí, é necessário traçar um planejamento para recalcular a rota. 

“Não há uma receita de bolo, as ações dependem de qual é a atividade ou substância, o grau de dependência para alguns é possível de reduzir com base em planejamentos, agendas e pode variar, necessitando de terapia com psicólogo ou até mesmo tratamento medicamentoso com médico psiquiatra”, diz. 

Um ponto importante é buscar mudar um comportamento por vez. Por exemplo, se você percebe que é viciado em Instagram e videogames, antes de tirar tudo de uma vez da sua rotina, escolha uma dessas questões e trabalhe uma delas por vez. A princípio, o ideal é limitar essa atividade durante alguns períodos ao invés de excluí-la completamente do seu dia a dia. 

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Os resultados valem a pena. Dentre eles, alguns estudos destacam: 

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