8 de maio é o Dia Mundial do Câncer de Ovário. Segundo o Dr. Igor Padovesi, ginecologista e membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS), esse é o tipo de câncer mais agressivo da ginecologia.
“Em sua grande maioria, se origina das células das trompas uterinas, antigamente chamadas de trompas de falópio. Essas trompas são canais que ligam o útero ao ovário e têm a finalidade reprodutiva de captar óvulo dos ovários e levá-los para serem fecundados. Portanto, nenhum exame de sangue ou imagem é capaz de fazer o rastreamento para diagnosticar precocemente esse tumor (diferente do papanicolau ou mamografia, por exemplo, que são capazes de identificar precocemente os cânceres de colo de útero e das mamas)”, afirma o médico.
Entre os fatores de risco do câncer de ovário estão a idade, a infertilidade, a obesidade e o histórico familiar. No início, essa doença pode não causar sintomas específicos e ocorrer de forma silenciosa, no entanto, conforme a progressão do tumor, pode provocar pressão e dor ou inchaço no abdômen, pelve, costas ou pernas.
“Sintomas como náusea, indigestão, gases, prisão de ventre, diarreia, falta de apetite, desejo de urinar com mais frequência, cansaço constante e/ou massa palpável no abdome também são relacionados à condição”, acrescenta o ginecologista.
O tratamento pode envolver a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. “A escolha depende, principalmente, do tipo histológico do tumor, do estadiamento (extensão da doença), da idade, das condições clínicas da paciente e se o tumor é inicial ou recorrente”, destaca o médico.
A cirurgia, de acordo com o ginecologista, é recomendada apenas quando é possível realizar a ressecção de todo o tumor. “Se a cirurgia inicial não for recomendada pela impossibilidade da retirada completa do tumor, a quimioterapia é realizada antes do procedimento cirúrgico (esse tipo de tratamento é chamado quimioterapia neoadjuvante)”, diz.
Remoção das trompas previne o câncer de ovário
O Dr. Igor aponta que a retirada das tubas uterinas é a forma mais eficaz de prevenir o câncer de ovário e ele acredita que todas as mulheres que já terminaram a vida reprodutiva deveriam considerá-la.
“Inclusive, mulheres que vão passar por uma cirurgia pélvica ginecológica, apendicite, vesícula ou até uma cirurgia bariátrica, independentemente do risco de desenvolver o câncer de ovário, podem conversar com seus médicos para considerar a retirada das trompas aproveitando o procedimento. A retirada das trompas não acrescenta praticamente nenhum risco nem tempo cirúrgico e pode prevenir uma doença altamente letal”, opina.
“Vale lembrar que, para mulheres que já tiveram câncer de mama ou tem histórico familiar de câncer de mama e ovário, é importante ter uma boa conversa com o médico ginecologista para que ele avalie individualmente a questão de acordo com as condições de saúde dessa paciente”, alerta.
Quando as trompas são retiradas, os ovários ainda continuam desempenhando a função de produzir hormônios, porém os óvulos não conseguem mais chegar até o útero, impedindo, dessa forma, a possibilidade de uma gravidez natural.
“Porém, mesmo assim, ainda é possível para a mulher engravidar, não de forma espontânea, mas com tratamento de fertilização“, conclui o médico.