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Anabolizantes podem aumentar o clitóris? Médico esclarece

Segundo profissional, o uso de hormônios andrógenos por mulheres pode provocar dano irreversível

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h31 - Publicado em 22 ago 2024, 16h00

Cada vez mais utilizados por mulheres que desejam acelerar o crescimento muscular, os esteroides anabolizantes podem causar efeitos colaterais já bastante conhecidos, como acne, queda de cabelo, aumento de pelos, engrossamento da voz e até hipertensão arterial. Uma questão que ainda deixa dúvidas, no entanto, é se anabolizantes podem aumentar o clitóris – e a resposta é sim!

“A hipertrofia do clitóris é pouco falada, mas bastante comum e cada vez mais frequente, principalmente agora com esse boom do uso de implantes e ‘chips’ hormonais de maneira inadequada”, afirma Igor Padovesi, ginecologista especialista em cirurgias íntimas, fundador do Instituto de Cirurgia Íntima e membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG).

“O aumento do clitóris pode causar grande constrangimento para a mulher, principalmente durante a relação sexual, quando ele cresce ainda mais”, completa, ressaltando ainda que há mulheres que chegam até mesmo a ficar com a voz mais grossa pelo uso de hormônios andrógenos.

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Por que os anabolizantes podem aumentar o clitóris?

De acordo com o médico, isso ocorre porque o clitóris é o correspondente embriológico do pênis no sexo feminino, e o uso de androgênios – testosterona, gestrinona, oxandrolona, estanozolol, entre outros – estimula seu crescimento, que pode ocorrer em maior ou menor grau dependendo de cada mulher.

“O clitóris fica ainda mais em destaque durante a relação sexual, pois, assim como o pênis, também conta com pequenos corpos cavernosos que se enchem de sangue em momentos de excitação”, diz o especialista, que afirma que esse efeito colateral é desconhecido por muitas mulheres, mas tem um grande impacto na autoestima.

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“Por causar constrangimento, as mulheres não comentam sobre esse fato nem entre elas, evitando até mesmo ficarem despidas diante de outras mulheres”, acrescenta ele.

Soluções para o aumento de clitóris

A grande questão é que o efeito é irreversível. Segundo o médico, mesmo que a mulher deixe de usar os hormônios, o clitóris não retorna ao tamanho normal. No máximo, ele pode ter uma pequena redução.

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“Mas em mulheres que já apresentam um clitóris aumentado, seja pelo uso de anabolizantes ou por efeito colateral de algum tratamento, é possível reduzi-lo de forma definitiva por meio de uma cirurgia chamada clitoroplastia.”

Padovesi explica que a clitoroplastia consiste na retirada de parte dos corpos cavernosos do clitóris – algo que, inicialmente, assusta as mulheres pela preocupação com a possível perda de sensibilidade. No entanto, o que é retirado é apenas um tecido esponjoso, que aumenta o volume do clitóris e ainda se enche de sangue durante a excitação.

“Ao retirá-lo parcialmente, conseguimos reduzir o tamanho do clitóris sem prejudicar em nada sua função, pois o local onde ficam os nervos, responsáveis por toda a sensibilidade da região, não é afetado”, diz o especialista.

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Diferentemente das cirurgias íntimas mais simples como a ninfoplastia e a vaginoplastia, essa é uma cirurgia mais complexa e delicada, feita em hospital sob efeito de anestesia e cuja técnica não é ensinada tradicionalmente durante a especialização médica. “Poucos médicos no mundo se especializaram e adquiriram experiência nessa técnica.”

Além da clitoroplastia, existe uma outra possível técnica para corrigir a hipertrofia do clitóris chamada de clitoropexia. Nela, em vez de uma parte do clitóris ser retirada definitivamente, o órgão só é reposicionado para ficar parcialmente escondido.

“Nesse procedimento não mexemos no corpo do clitóris, ele é somente ‘amarrado’ mais para dentro para ficar escondido. Por isso, é uma técnica bem mais simples e que tem adquirido popularidade entre alguns profissionais”, diz o ginecologista, que alerta que a clitoropexia tem algumas desvantagens que devem ser levadas em consideração.

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“Apesar de até ter um bom resultado estético, o clitóris continua hipertrofiado, aumentando ainda mais de tamanho durante a excitação sexual. E pelo fato de estar preso, a mulher pode sentir desconforto e dor nesses momentos, além de existir o risco de os pontos soltarem e o clitóris voltar à posição anterior”, ele explica.

E completa: “Então é uma técnica que até pode servir para algumas mulheres, principalmente aquelas que não tem condições de realizar a clitoroplastia definitiva. Mas é um recurso que apenas maquia o problema. Por isso, no geral, a clitoroplastia é a opção melhor e definitiva”.

Por fim, o ginecologista explica que existe uma confusão frequente desse tema com o chamado capuz do clitóris, que é a pele que recobre o órgão e acompanha a hipertrofia dos lábios.

“Muitas mulheres têm incômodo por um excesso de pele dos lábios internos, incluindo a região do clitóris. E a cirurgia de correção do capuz do clitóris é incluída na ninfoplastia, uma cirurgia bem mais simples e que atualmente é feita em consultório, sem necessidade de internação”, conclui o especialista.

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