A prática perfeita para relaxar
No meu consultório recebo mulheres exaustas, desesperadas por um descanso. Muitas vezes, também, aflitas porque acham que meditar ou fazer yoga não é para elas. E ficam surpresas quando eu falo que não precisam disso para relaxar.
Em tempos em que ouvimos falar tão bem sobre essas práticas, parece que elas são a única solução para aliviar a ansiedade e desacelerar nossas mentes conturbadas. Não são. Não que eu não goste delas, sou professora de meditação e praticante de yoga. Mas é o que está por trás destas práticas que traz o seu real benefício.
Para te explicar, preciso voltar um pouquinho e contar que nosso corpo é regido por dois braços de uma parte do sistema nervoso chamada autônomo. É ele que regula a respiração, a pressão sanguínea, o ritmo de batimentos do coração e até a nossa digestão.
O sistema nervoso autônomo tem esse nome porque funciona de maneira automática e sem necessidade de pensarmos nele a todo momento. Ele tem um acelerador, o Simpático, e um freio, o Parassimpático.
Quando colocamos o pé no freio, em alguns minutos instala-se no organismo um estado de calma profunda que contrabalança os efeitos do estresse no corpo. É a resposta de relaxamento. Meditação e yoga iniciam esta resposta, mas muitas outras atividades também fazem isso, especialmente quando apresentam a seguinte característica:
- ser uma atividade repetitiva: como uma caminhada, a repetição de uma frase, ou mesmo o próprio movimento de respirar; que fazemos prestando atenção na repetição e sempre que nos distraímos com pensamentos, retornamos a atenção para a repetição.
A partir desta “receita” muitas atividades podem levar você ao estado de relaxamento. Eu acompanho um paciente que se sentia muito ansioso para meditar, mas encontrava esse descanso mental ao fazer miniaturas de barcos. Ele ficava bem concentrado em montar as pecinhas e sua cabeça desligava um pouco dos problemas. Essa era a sua prática de relaxamento.
Se você quiser meditar, maravilhoso. Se preferir bordar ou pintar, ótimo também. Talvez você escolha fazer uma caminhada relaxante, prestando atenção nos seus passos e ouvindo os barulhos da rua. Não existe uma atividade melhor do que a outra. No final, não é a prática perfeita que importa e sim aquilo que faz sentido para você, que esteja de acordo com os seus valores.
Encontrar o nosso freio é essencial.