Durante décadas, falar sobre saúde do homem se resumia a exames pontuais, como o de próstata, e a uma postura culturalmente enraizada: “homem não adoece, homem aguenta”. Mas esse modelo ultrapassado tem cobrado um preço alto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens vivem, em média, seis anos a menos que as mulheres, e isso não se explica apenas por fatores biológicos — trata-se, sobretudo, de comportamento e autocuidado.
Hoje, o conceito de saúde masculina evoluiu. Não se trata apenas de detectar doenças, mas de evitar que elas apareçam. É um olhar integrado que conecta corpo, mente e estilo de vida. Prevenir, afinal, é investir em longevidade e qualidade de vida.
1. O silêncio como fator de risco
Estudos da Harvard Health mostram que homens tendem a procurar o médico apenas quando o problema já está avançado. Essa resistência à prevenção tem raízes culturais: medo, vergonha e a crença de que demonstrar vulnerabilidade é sinal de fraqueza.
O resultado? Maior incidência de doenças cardiovasculares, diabetes e transtornos mentais não diagnosticados. A prevenção começa com uma mudança de mentalidade: buscar ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza.
2. Coração e mente no mesmo compasso
As doenças do coração ainda são a principal causa de morte entre os homens. O que muitos não sabem é que os fatores de risco são, em grande parte, modificáveis: má alimentação, sedentarismo, tabagismo, estresse crônico e sono insuficiente.
A American Heart Association destaca que 30 minutos de atividade física moderada por dia reduzem drasticamente o risco cardiovascular e ainda melhoram o humor e a cognição.
A ciência também mostra que o coração e o cérebro estão interligados: quem cuida da saúde cardiovascular tem menor risco de depressão e declínio cognitivo com o passar dos anos.
3. Hormônios, energia e vitalidade
A partir dos 40 anos, é natural que ocorra uma leve queda na produção de testosterona. Porém, fatores como obesidade, estresse e privação de sono aceleram essa redução, levando a sintomas como fadiga, perda de massa muscular, baixa libido e irritabilidade.
Segundo a Mayo Clinic, a melhor forma de preservar os níveis hormonais é manter um peso corporal saudável, priorizar o sono profundo e adotar uma alimentação rica em proteínas magras, vegetais, gorduras boas e minerais como zinco e magnésio.
A reposição hormonal, quando necessária, deve ser avaliada com cautela e acompanhamento médico individualizado.
4. Saúde mental: o tabu invisível
A OMS alerta: os homens representam 75% dos casos de suicídio no mundo. Apesar disso, poucos falam sobre ansiedade, depressão ou esgotamento emocional.
O estresse crônico e a pressão por desempenho — no trabalho, nos relacionamentos, na aparência — corroem a saúde silenciosamente.
A prevenção mental exige o mesmo zelo da física: sono de qualidade, conexões sociais verdadeiras, pausas intencionais e práticas de respiração, meditação ou lazer ativo.
Buscar psicoterapia deve ser visto como um gesto de inteligência emocional, não como sinal de fraqueza.
5. O papel da nutrição e do sono
A Harvard T.H. Chan School of Public Health reforça que a dieta mediterrânea — rica em vegetais, azeite, peixes, leguminosas e frutas — é a que mais se associa à longevidade masculina e à redução de doenças metabólicas.
O sono também é um pilar negligenciado: homens que dormem menos de 6 horas por noite apresentam maior risco de hipertensão, resistência à insulina e queda de testosterona. Dormir bem é um investimento em performance física e mental.
6. A nova masculinidade da saúde
A prevenção moderna não se limita a exames anuais. Ela é feita todos os dias, nas escolhas cotidianas: o prato colorido, o tempo dedicado à família, a caminhada matinal, o exame de sangue feito em dia, a conversa com o terapeuta.
Cuidar da saúde é um ato de autoconhecimento e amor-próprio. A nova masculinidade se constrói não na negação da fragilidade, mas na consciência de que a força verdadeira vem do equilíbrio.
Mais do que viver longos anos, o desafio é viver bem, com energia, lucidez e propósito. A prevenção é, sem dúvida, o melhor investimento que um homem pode fazer em si mesmo — e no futuro daqueles que ama.
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BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20
anos. Na Boa Forma fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Não deixe de visitar o Instagram: @biancavilelaoficial
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