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Espiritualidade prática, com Debora Pivotto

Espiritualidade e autoconhecimento conectados com a nossa saúde física e mental, com o coletivo e com a vida prática
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Sobre a pressa em se “resolver” na terapia

Por Debora Pivotto
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 14 jul 2021, 20h41
Mulher sentada em sessão de terapia
 (vadimguzhva/Thinkstock/Getty Images)
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Recentemente ouvi uma amiga psicanalista dizer que uma das primeiras perguntas que as pessoas que procuram pela análise fazem é “quanto tempo esse processo vai levar?” ou “em quanto tempo começa a dar resultados?”. Já me perguntaram também algumas vezes se eu conhecia uma terapia que resolvesse “as coisas” de forma mais rápida. No mundo consumista em que vivemos, a terapia também é vista como um produto – e não como um processo de autoconhecimento e de amadurecimento da alma.

Ainda que custe dinheiro, o trabalho terapêutico é algo profundo, que demanda entrega e comprometimento, e cujo tempo de duração é impossível de se mensurar. Pelo simples fato de que não temos nenhum controle sobre esse processo – nem o terapeuta nem o paciente.

A jornada de auto-investigação é como uma escavação no nosso mundo interno, que vai sendo feito dia após dia, ou semana após semana… até que, em em algum momento, nos deparamos com algumas pedras preciosas – que são aquelas sessões em que temos grandes insights, resgatamos memórias antigas, desbloqueamos emoções ou conseguimos ter uma grande compreensão de uma questão profunda que nos aflige. Mas esses momentos são raros mesmo. É como um garimpo. Tem dias de glória em que o garimpeiro encontra uma pedra de ouro significativa. Mas em tantos outros, ele estava lá apenas mergulhando suas ferramentas na água e peneirando sem encontrar quase nada.

Mas, assim como no garimpo, essa busca aparentemente sem sucesso é justamente o que vai abrindo espaço em nossa psique para que os melhores momentos aconteçam. É o tempo, a confiança e a maturidade que vai acalmando e baixando a guarda do nosso ego para que conteúdos mais profundos e mais escondidos em nosso inconsciente possam emergir. É um florescimento mesmo, que demanda tempo e energia.

Mas a grande maioria das pessoas tem pressa. Por quê?

Acredito que, muitas vezes, elas não querem um apoio para se conhecer melhor e mais profundamente, mas querem uma forma rápida de se livrar daquilo que lhes incomoda. Isso explica a grande procura pelo trabalho de coach nos últimos anos. Eu não sou contra esse trabalho. Pelo contrário, acho que existem bons profissionais que podem ajudar as pessoas a encontrar soluções ou pelo menos indicações de caminhos para algumas questões específicas porque são trabalhos que tem um tempo determinado e um objetivo bem definido de onde se quer chegar. Mas, se a intenção é trabalhar questões estruturais e profundas do nosso ser e do nosso agir no mundo, o caminho é mais complexo e demanda mais tempo.

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Outra evidência bem visível dessa pressa é a enorme procura por medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos sem o acompanhamento de um processo psicoterapêutico. Para uma quantidade enorme de pessoas, aliviar os sintomas é o que interessa – e o que basta.

E tem também aquelas pessoas que não querem exatamente uma terapia, mas sim viver grandes experiências! Algo que seja memorável, inédito…. quase um entretenimento mesmo. Eu vejo muito essa vontade em pessoas que buscam retiros espirituais e rituais xamânicos. As experiências transcendentais são riquíssimas, podem nos trazer insumos importantíssimos para nosso processo de autoconhecimento e inclusive acelerá-los. Mas também é bem importante que a gente não se vislumbre e nem se perca no deleite dessas experiências porque elas são realmente impactantes. Podem trazer grandes e inéditas sensações de bem-estar.

Podemos visualizar imagens incríveis durante uma meditação profunda ou durante um ritual com ayahuasca, mas o que fazemos com essas informações? De que formas integramos toda essa beleza e profundidade na nossa vida cotidiana? Que efeitos práticos elas têm em nossas vidas?

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Para mim, um processo consistente de cura envolve uma conexão diária e constante entre corpo, mente e espírito. E isso acontece de forma gradual e nada linear. Pode sim contar com experiências transcendentais (amo!), mas sem deixar de lado a escavação constante que uma boa psicoterapia oferece e, principalmente, tem que trazer junto a nossa vontade e esforço conscientes de, aos poucos, conseguir mudar nossas atitudes. A coragem de fazer diferente é fundamental.

Sou Debora Pivotto, jornalista, escritora e terapeuta. Trabalhei por 13 anos em grandes redações do país até descobrir que os assuntos que mais me interessavam estavam dentro – e não fora – das pessoas. Apaixonada por autoconhecimento e comunicação, faço uma espécie de “reportagem da alma” com a terapia de Leitura de Aura, ajudo as pessoas a reconhecer e manifestar os seus dons e talentos facilitando um processo de autoconhecimento chamado Jornada do Propósito, e estou me especializando em Psicologia Análitica Junguiana. Adoro compartilhar meus aprendizados em textos, vídeos e workshops. Para saber mais, me acompanhe pelo instagram @deborapivotto.  

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