Espiritualidade prática, com Debora Pivotto

Espiritualidade e autoconhecimento conectados com a nossa saúde física e mental, com o coletivo e com a vida prática
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Por que procrastinamos tanto?

Entender o real motivo da procrastinação é fundamental para sair do adiamento. A preguiça ou a falta de tempo são consequências de sentimentos profundos

Por Debora Pivotto
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 23 jun 2021, 19h04

Essa pergunta tem me rondado essa semana. Me flagrei enrolando pela milésima vez para produzir uma série de vídeos que eu quero há tempos fazer sobre assuntos de autoconhecimento. Já tenho o roteiro pronto do primeiro vídeo, inclusive. Mas, por algum motivo (ou vários) eu nunca encontro tempo para gravar os tais vídeos. E por quê? Por que adiamos tanto algumas coisas?

Refletindo sobre o assunto, percebo, primeiramente, o quanto procrastinar é algo quase universal. É muito comum na minha roda de amigos ouvir a queixa de que querem começar uma dieta ou a praticar exercícios físicos, ou iniciar um novo projeto pessoal e, na prática, quase nada acontece. Por que será?

O que está por trás da procrastinação?

Sinto que um ponto importante é compreender qual o motivo ou o sentimento que está motivando o adiamento da execução do nosso plano ou objetivo. A preguiça ou a falta de tempo geralmente são só consequências de sentimentos mais profundos, que podem estar inconscientes para nós. No meu caso, por exemplo, percebi que minha dificuldade em fazer os vídeos tem a ver com um medo do que as pessoas vão achar daquele conteúdo, se vão me julgar, me criticar. É o medo de me expor que está causando a minha procrastinação.

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Às vezes, a dificuldade de entrar numa dieta esconde uma ansiedade que é compensada na comida. O bloqueio para começar a procurar um outro emprego pode esconder um medo da mudança e do desconhecido. Enfim, as possibilidades são muitas. E é fundamental perceber qual é o sentimento que está por trás deste adiamento para depois trabalhar melhor a questão.

Como sair da procrastinação?

Antes de colocar aqui algumas possíveis soluções para o problema, acho importante que você se pergunte de forma muito honesta: eu estou pronto(a) para seguir adiante? Me sinto maduro(a) o suficiente para colocar o plano que eu conscientemente quero em prática? É importante ter essa consciência. Porque um outro ponto muito comum entre os procrastinadores profissionais é um sentimento de culpa ou de incompetência por não estar conseguindo colocar determinado plano em prática. E isso só traz mais angústia.

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Sempre defendo que a gentileza é parte fundamental de todo processo de autoconhecimento. Ainda hoje, na minha sessão de terapia, eu estava contando sobre um outro plano profissional que quero colocar em prática, mas ainda não consegui. E a terapeuta me disse uma coisa que me fez refletir bastante: “você já pensou que talvez ainda esteja gestando este projeto?”. Aquilo me soou muito verdadeiro. Eu estava apenas me culpando por ainda não ter colocado em prática, mas percebi que ainda preciso compreender e amadurecer algumas ideias e sentimentos sobre este projeto dentro de mim para depois, no futuro, conseguir colocá-lo materializá-lo.

Ou seja, a procrastinação também pode indicar que seu plano ou projeto ainda não está pronto ou maduro o suficiente para vir ao mundo. Vivemos numa sociedade que exige produtividade e eficiência o tempo todo e, muitas vezes, algumas ações que tem muita importância para a nossa alma ou para a nossa realização profunda precisam de mais tempo para acontecer. É como um florescimento mesmo. Podemos adubar a terra e regar, mas o momento em que a flor vai nascer não é algo sobre o qual temos controle, entende? É um processo de maturação.

Mas se depois de compreender o motivo da sua procrastinação, você sente que está pronto(a) para ir adiante, sugiro aqui alguns passos que podem ajudar:

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– Faça uma lista com todas as etapas que envolvem a materialização do seu plano ou projeto.

Visualizar cada passo do caminho ajuda muito a criar um planejamento possível e deixar tudo mais palpável.

– Crie pequenas metas para ir cumprindo aos poucos.

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Voltando ao meu exemplo dos vídeos, fiz uma lista com os temas sobre os quais quero falar, já fiz alguns roteiros e colocarei prazo para escrever os que faltam.

– Se falhar em alguma das etapas, não se culpe.

Coloque um novo prazo e siga em frente!

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– Faça de seu objetivo uma prioridade!

Essa história de não ter tempo é muito relativa né? Tem muito mais a ver com as nossas escolhas e prioridades do que com a quantidade de horas livres no nosso dia. Então, se você quer realmente colocar um projeto em prática, você deve priorizá-lo e dar a ele a importância necessária para que ele mereça o seu tempo.

E lembre-se! Se você travar em qualquer momento, permita-se silenciar, olhar pra dentro e se questionar: o que está por trás dessa minha procrastinação? Acolha o vier com honestidade e gentileza.

Sou Debora Pivotto, jornalista, escritora e terapeuta. Trabalhei por 13 anos em grandes redações do país até descobrir que os assuntos que mais me interessavam estavam dentro – e não fora – das pessoas. Apaixonada por autoconhecimento e comunicação, faço uma espécie de “reportagem da alma” com a terapia de Leitura de Aura, ajudo as pessoas a reconhecer e manifestar os seus dons e talentos facilitando um processo de autoconhecimento chamado Jornada do Propósito, e estou me especializando em Psicologia Análitica Junguiana. Adoro compartilhar meus aprendizados em textos, vídeos e workshops. Para saber mais, me acompanhe pelo instagram @deborapivotto.  

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