Espiritualidade prática, com Debora Pivotto

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O show de Copacabana e as minhas pazes com a Madonna

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Por Debora Pivotto
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 10 Maio 2024, 16h17

Ainda me sinto muito impactada pelo show da Madonna na praia de Copacabana. Mais do que um show, aquilo foi um emocionante passeio pela trajetória de uma das maiores artistas pop da nossa história. E, no meu caso, foi também um momento de reconciliação com uma grande ídola.  

Vou me explicar. 

Sempre fui muito fã da Madonna. Porque sendo mulher e feminista, é impossível não ser tocada pela sua força e talento. Mas, nos últimos anos, confesso que minha admiração por ela andava meio abalada. Eu fiquei muito chocada ao vê-la tão transformada por inúmeras plásticas e procedimentos estéticos.

Como assim aquela mulher tão incrível, autêntica, que rompeu com tantos padrões do machismo se rendeu a essa perversa tendência de querer parecer muito mais jovem? Me senti decepcionada. Na minha expectativa idealizada de fã exigente, Madonna romperia com o patriarcado até o final… iria aparecer velhinha no palco, cheia de rugas e pelancas. Era assim que eu gostaria de vê-la, pelo menos. Não lidei bem.  

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Ah, mas a mulher não tem a liberdade para fazer o que quiser da sua vida – inclusive plásticas de todos os tipos? Sim, sem dúvida! Mas não vamos nos iludir. Tentar frear desesperadamente as marcas do tempo até deixar o seu rosto irreconhecível não tem nada de libertador – pelo contrário, isso é sucumbir a pressão do etarismo de forma trágica. E na minha cabeça ingênua, a Super Madonna jamais cairia naquela cilada. 

Mas, enfim, voltemos ao último sábado e ao grande show. 

O espetáculo, que foi um musical sobre os 40 anos de carreira da cantora, começou relembrando a chegada dela aos 20 anos em Nova York com apenas $ 35 no bolso e o sonho de ser artista. E ela confessou ali, na frente de mais de 1 milhão de pessoas, algumas loucuras que fez para chegar onde chegou, como fazer sexo oral  no rapaz que tocava na banda e que, em troca, lhe ensinou a tocar violão. Aquela honestidade e coragem toda já começou a amolecer o meu coração. 

Depois veio aquele momento lindo e triunfante dela cantando “Like a Prayer” com aqueles bailarinos impecáveis e com direito a uma homenagem ao Prince, que participou da gravação deste clássico, aliás. 

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Em “Live to Tell”, a cantora, visivelmente emocionada, homenageou muitos artistas que foram vítimas de AIDS, incluindo neste show do Rio grandes nomes nacionais  como Cazuza, Renato Russo e Zacarias. Achei essa homenagem aos brasileiros de uma delicadeza tão bonita. Nessa hora, eu já estava plenamente emocionada, já nem lembrava mais porque havia cancelado ela no meu coração. 

Depois ainda teve a impactante “Bad Girl” com a filha Mercy James tocando aquele piano de forma tão segura e plena. Teve as clássica “Vogue”, “Erotica”, “Holiday”, além de beijos nos bailarinos e muitas brincadeiras eróticas. E para fechar, aquele momento histórico dela dançando com Pablo Vittar numa sinergia linda, tipo amigas íntimas, na frente de um telão com fotos de nomes como Paulo Freire e Marielle Franco, e trazendo a bandeira do Brasil de volta pra um lugar digno de orgulho. 

Sério, quando vi a Madonna depois de tudo isso abraçando Pabllo Vittar no final da música e sorrindo, com aquele misto de exaustão, satisfação e alegria, eu entendi: “a artista que eu amo segue aí firme, forte e muito autêntica”. Graças a Deus!

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