Não é de hoje que sabemos que a alimentação desempenha um papel crucial na saúde física e mental, incluindo o tratamento Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).
De acordo com Philipe Diniz, médico psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais, mestre em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), uma dieta equilibrada pode ser uma aliada poderosa para o controle dos sintomas do TDAH, ajudando a promover a concentração, reduzir a impulsividade e melhorar a função cognitiva.
Ele afirma que, embora a dieta por si só não seja uma cura definitiva para o TDAH, ela pode complementar outras intervenções terapêuticas na busca de mais saúde e qualidade de vida.
“É importante ressaltar que cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente à dieta do TDAH. Assim, é fundamental buscar orientação individualizada de um profissional de saúde, como um nutricionista, para adaptar a dieta às necessidades específicas de cada indivíduo”, aponta o médico.
“Ao combinar a nutrição adequada com outras intervenções terapêuticas, como terapia comportamental e medicamentos, é possível criar um plano abrangente e holístico para o manejo do TDAH. Com conhecimento e orientação adequados, a dieta pode ser um componente valioso no caminho para uma vida mais equilibrada e produtiva para aqueles que vivem com o transtorno”, completa.
TDAH e alimentação: qual a relação?
De acordo com Diniz, a relação entre alimentação e o TDAH é muito importante por ser uma questão do desenvolvimento desde a infância.
“A gente sabe que micronutrientes fundamentais como vitaminas e minerais são importantes para isso e temos que lembrar que a criança tem um índice metabólico aceleradíssimo nesses primeiros anos de vida”, comenta.
O psiquiatra explica que existe um consumo muito grande de industrializados, conservantes, alimentos multiprocessados e agrotóxicos que têm um déficit em termos de nutrição.
“Alguns suplementos como magnésio, ferro e cobre, são nutrientes fundamentais para formação de neurotransmissores que são importantíssimos para o funcionamento do desenvolvimento cerebral. Então uma carência em um grau pode ser não só um fator, mas uma piora do desenvolvimento do cérebro com TDAH. Assim, sabemos que nos primeiros anos de vida isso pode afetar muito esse desenvolvimento.”
Sobre a dieta ser considerada como um componente essencial no tratamento do TDAH, ou ser apenas um complemento opcional, o médico aponta que quando nós pensamos em criança e em TDAH é fundamental avaliar algumas carências que sabemos estar envolvidas, com formação de neurotransmissores importantes para o desenvolvimento cerebral.
“Por exemplo, precisamos avaliar a quantidade de açúcar, pois o açúcar é proibido já que altera muito o metabolismo por ser uma grande fonte energética, ainda oriento sobre outros estimulantes como cafeína, Coca-Cola e refrigerante, que pode aumentar os sintomas.”
Alimentos para reduzir sintomas do TDAH
Géssica Ortiz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais, explica que são recomendados alguns alimentos para ajudar a melhorar ainda mais a concentração e reduzir os sintomas do TDAH. São eles:
Peixes ricos em ômega-3
Salmão, sardinha e atum são boas fontes de ácidos graxos ômega-3, que têm sido associados a melhorias na função cerebral. Esses alimentos podem ajudar a melhorar a concentração e reduzir os sintomas do TDAH.
Frutas e vegetais frescos
Frutas e vegetais são ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes, que são essenciais para uma função cerebral saudável. Opte por variedades coloridas, como espinafre, brócolis, laranjas, mirtilos e morangos.
Proteínas magras
Alimentos ricos em proteínas magras, como frango, peru, ovos, feijões e lentilhas, fornecem aminoácidos que são importantes para a produção de neurotransmissores, como a dopamina, que desempenham um papel no TDAH.
Grãos integrais
Alimentos como arroz integral, aveia, quinoa e pão integral contém carboidratos complexos que liberam energia de forma mais lenta e constante, ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue estáveis e proporcionando um fornecimento de energia mais sustentado.
Nozes e sementes
Amêndoas, castanhas, nozes, sementes de abóbora e chia são boas fontes de ácidos graxos ômega-3, vitaminas do complexo B, zinco e magnésio, que podem ajudar a melhorar a função cerebral.
Principais nutrientes na dieta de pessoas com TDAH
1Ômega-3
Ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes como salmão, sardinha e atum, têm sido associados a benefícios no TDAH. Esses ácidos graxos são importantes para a função cerebral saudável.
Proteínas
As proteínas são essenciais para o funcionamento adequado do cérebro. Inclua fontes de proteína magra, como frango, peixe, ovos, feijões e lentilhas, em sua dieta.
3Vitaminas do complexo B
Vitaminas B, como a vitamina B6 e B12, desempenham um papel importante no metabolismo cerebral. Alimentos ricos em vitamina B incluem carne, aves, peixe, ovos, laticínios, grãos integrais e vegetais de folhas verdes.
4Minerais
Minerais como ferro, zinco e magnésio podem ser importantes para pessoas com TDAH. Esses minerais podem ser encontrados em alimentos como carnes magras, peixes, nozes, sementes, legumes e grãos integrais.
O que evitar?
Embora não haja alimentos específicos que devam ser completamente evitados na dieta, Géssica afirma que algumas sugestões podem ajudar a minimizar os sintomas e promover um estilo de vida saudável. Aqui estão algumas considerações:
- Açúcares refinados
Alimentos açucarados, como doces, refrigerantes e sucos adoçados, podem levar a picos de açúcar no sangue e subsequentes quedas, o que pode afetar a concentração e a energia. É recomendado limitar o consumo de açúcares refinados.
- Cafeína em excesso
Embora a cafeína possa proporcionar um impulso temporário de energia e concentração, o consumo excessivo pode causar agitação e dificuldade para dormir. É recomendado limitar a ingestão de café, chá preto, refrigerantes cafeinados e energéticos.
- Alimentos processados e fast-food
Esses alimentos geralmente são ricos em gorduras saturadas, aditivos alimentares e baixos em nutrientes essenciais. Opte por alimentos frescos e não processados sempre que possível.
- Corantes e aditivos artificiais
Se atentar aos rótulos na hora em que for comprar um alimento, pois certos corantes e aditivos alimentares podem afetar o comportamento em crianças com TDAH.