Comer pizza é, para muitas pessoas, um verdadeiro sentimento de prazer e alegria. Isso, contudo, não acontece apenas por se tratar de um alimento saboroso.
De acordo com a neurocientista parceira do SUPERA, Livia Ciacci, o paladar, assim como os outros sentidos, vem de uma origem evolutiva de sobrevivência. Com isso, o açúcar e as gorduras tendem a proporcionar sensações mais agradáveis, pois mostram para o corpo que aquele alimento tem uma boa quantidade de energia.
“Todo alimento com grande combinação de sabores e texturas tende a ser mais prazeroso, principalmente pela combinação de açúcares e gorduras. O fator social também conta bastante, porque a pizza está associada a encontros familiares, com amigos e com comemorações, sendo que cada momento feliz vivido com pizza se torna uma memória afetiva relacionada ao alimento”, aponta a profissional.
Segundo ela, é comum que nós procuremos alimentos ricos nesses elementos, pois eles são prazerosos e garantem o suporte energético que o corpo precisa.
“A indústria alimentícia consegue produzir sabores viciantes e extremamente calóricos porque usa a combinação de açúcar, gordura e sal”, explica.
Como isso funciona no cérebro?
De acordo com Livia, o cérebro tem dois núcleos principais: o hipotálamo e o tronco encefálico, que controlam a alimentação e recebem informações sobre a disponibilidade de nutrientes.
O núcleo arqueado do hipotálamo recebe informações de órgãos, hormônios e metabólitos, além de ser influenciado por sistemas associativos, como o de recompensa e o de aprendizado.
“Essas comunicações permitem interação com o ambiente alimentar, considerando experiência, disponibilidade e custo. A visão, o apetite emocional e a palatabilidade de alimentos familiares, juntamente com fatores sociais, hábitos e regras, também influenciam as escolhas alimentares.”
Por isso que, segundo a profissional, a maneira como lidamos com a comida não pode ser resumida apenas aos sinais fisiológicos de fome e saciedade, uma vez que a memória afetiva tem um peso enorme na nossa relação com comidas, incluindo a pizza.
“A memória afetiva refere-se à conexão emocional que estabelecemos com certos alimentos com base em experiências passadas e associações positivas ou negativas. Uma vez que essas conexões são formadas, a pizza se torna um gatilho para essas emoções, e o ato de comer pizza pode evocar memórias e experiências agradáveis, trazendo uma sensação de familiaridade e prazer”, esclarece a especialista.
A conexão emocional pode ser tão forte que, muitas vezes, procuramos a pizza não apenas por sua combinação de sabores e texturas, mas também pela sensação de conforto e bem-estar que ela traz, e daí surge a “fome emocional”, quando descontamos as emoções na comida.
“É importante lembrar que a memória afetiva depende das vivências e varia de pessoa para pessoa. Cada indivíduo pode ter associações emocionais únicas com a pizza ou qualquer outro alimento. Nossas experiências pessoais moldam nossas percepções e emoções em relação à comida, e essas memórias afetivas podem influenciar nossa preferência e prazer ao consumir certos alimentos, como a pizza”, completa.
Por que nos sentimos tão bem ao comer uma pizza?
A química do “se sentir bem ao comer” é uma grande combinação de sinais vindos do paladar e do olfato, hormônios do sistema gastrointestinal, neurotransmissores e até das bactérias que vivem no nosso intestino.
“Cada vez mais a ciência entende o quanto o equilíbrio entre bactérias, intestino e cérebro é importante. Inclusive são muitos os estudos que têm apontado a mudança de estilo alimentar – trocando os industrializados por alimentos mais naturais – como saída não só para a obesidade, mas também para reduzir a ansiedade, a depressão e prevenir demências. Vale a pena investir em uma receita de pizza mais saudável e sem perder o sabor!”, finaliza.