O que é melhor para emagrecer: comer menos carboidrato ou gordura? Dá na mesma. É o que aponta um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, publicado no respeitado periódico científico JAMA em 2018.
“Todos nós já ouvimos histórias de um amigo que fez uma dieta e funcionou muito bem. Aí, outra pessoa tentou fazer a mesma dieta e não deu tão certo”, comenta o principal autor da pesquisa, Christopher Gardner, em nota à imprensa. “Isso acontece porque somos muito diferentes e estamos começando a entender os motivos de toda essa diversidade. Talvez, não deveríamos perguntar ‘qual é a melhor dieta?’, mas ‘qual a melhor dieta para cada um?’”.
Para entender melhor esse cenário, Christopher e sua equipe recrutaram 609 voluntários (metade homens e metade mulheres), todos com idades entre 18 e 50 anos. Os participantes foram aletoriamente divididos em dois grupos: um que seguiu uma dieta com pouco carboidrato e outro que reduziu a quantidade de gorduras ingeridas. Ambas as turmas foram instruídas a seguir seus respectivos modelos alimentares por um ano.
No início da investigação, os cientistas também analisaram a predisposição genética e metabólica dos indivíduos para responder a dietas. Os voluntários passaram por exames de DNA e de medição dos níveis de insulina.
Ao longo de 12 meses
Nas primeiras oito semanas da pesquisa, os participantes limitaram o consumo diário de carboidratos ou gorduras a apenas 20 gramas – o equivalente a 1½ fatia de pão integral ou um punhado generoso de oleaginosas.
A partir do segundo mês, homens e mulheres foram aumentando aos poucos a ingestão dos dois nutrientes até atingirem quantidades que conseguissem manter pelo resto de suas vidas. Ao final de um ano, os adeptos da low carb comiam, em média, 132 gramas de carboidratos por dia; já os seguidores de um menu com pouca gordura consumiam 57 gramas do macronutriente diariamente. Para ter ideia, antes da pesquisa, esses valores eram de 247 gramas de carbo e 87 gramas de gordura por dia.
E não foi só o tamanho do prato que mudou com o estudo – as escolhas alimentares dos participantes melhoraram muito. “Nós dissemos a todos que, independentemente de qual dieta estavam seguindo, eles deveriam ir a feiras livres e não a lojas que só vendem produtos processados”, conta Christopher.
Outra orientação dos estudiosos aos voluntários: comer em quantidades que não os deixassem com fome. “Caso contrário, fica difícil seguir uma dieta a longo prazo”, pondera.
Todo mundo na mesma
Depois de um ano, as duas turmas apresentaram a mesma média de perda de peso: -5,8 kg. Além disso, os autores constataram que a genética de cada um e os níveis de insulina não são determinantes no sucesso da dieta – ao contrário do que mostraram pesquisas anteriores.
“Esse estudo põe fim a algumas questões – mas cria outras”, avalia Christopher Gardner, que pretende continuar as investigações para entender quais fatores pesam, de fato, no processo de emagrecimento.
No mais, a dica para eliminar os quilos indesejados é simples: tenha uma alimentação o mais natural possível. “Coma menos açúcar, menos farinha refinada e o máximo de vegetais que conseguir”, recomenda o especialista. Foi o que fizeram os participantes do estudo. “Nos dois grupos, pessoas nos disseram que nós não só as ajudamos a emagrecer mas também a mudar para melhor sua relação com a comida”, diz. E vamos combinar que isso é muito mais valioso do que ver o número da balança diminuir, né?