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Como saber se você está tomando café demais

Às vezes amigo, às vezes inimigo, o cafezinho de todos os dias é uma bebida excelente, mas pode gerar sensações ruins se consumido em excesso

Por Larissa Serpa
Atualizado em 21 out 2024, 16h35 - Publicado em 15 jun 2021, 09h00

Você acorda de manhã e sente que não funciona até tomar aquela bela xícara de café. Depois do almoço, mais um cafézinho para manter o pique no segundo turno de trabalho. Por fim, lá pelo meio da tarde, mais uma xícara para garantir um fim do dia produtivo. No fundo, você sabe que adora café e acredita que a bebida é essencial para o seu funcionamento cotidiano. Mas será que é isso mesmo? 

Sintomas físicos como dores de cabeça e até irritação podem surgir ao tentar diminuir as doses de café diárias

Muito se fala sobre a cafeína e o que ela pode gerar no corpo humano e, de fato, é preciso atenção com o seu consumo, afinal, a cafeína (ou trimetilxantina) é uma droga psicotrópica do grupo dos estimulantes do sistema nervoso central. Isso, mesmo, droga psicotrópica. Se você já tentou parar de tomar café por conta própria, e de um dia para o outro, deve ter percebido alguns sintomas físicos, como dores de cabeça e até irritação. Isso tem conexão com essa natureza da substância, que pode gerar abstinência. 

Segundo o médico nutrólogo e cardiologista Juliano Burckhardt membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), os efeitos da cafeína no organismo giram em torno de aumentar o estado de alerta e reduzir a sensação de fadiga, ou seja, aumentando a sua capacidade de realizar determinadas tarefas. 

“Ela atua no sistema nervoso autônomo e seu mecanismo de ação inibe os receptores de adenosina”, explica. “A adenosina é um neurotransmissor que age no controle da frequência cardíaca, da pressão sanguínea e da temperatura corporal. É ela que induz as sensações de sono e cansaço.”

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quantidade máxima de café por dia
(we are/Getty Images)

Mas como saber se estou abusando da cafeína? Existe isso? Na verdade, sim. De acordo com o médico, é fácil perceber alguns efeitos colaterais mais comuns das pessoas que não se adaptam bem à cafeína:

Se, por algum motivo, você está passando por um período mais ansioso e agitado (como uma pandemia) os efeitos do café podem ficar exacerbados também.  

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Parar de tomar café é a solução? 

Não necessariamente. Na verdade, assim como qualquer mudança relacionada à sua alimentação, o café precisa ser considerado como parte da sua dieta e qualquer alteração no seu consumo deve ser acompanhada por um médico. 

Um adulto saudável de cerca de 70 kg pode ingerir até 400 ml de cafeína diariamente

“Penso que a retirada e/ou introdução do café na dieta deve ser baseado nos aspectos clínicos do paciente, e ser usado com moderação”, explica o Dr. Juliano. De acordo com ele, em média, um adulto saudável de cerca de 70 kg deve ingerir até 400 ml de cafeína diariamente (o equivalente a 4 xícaras de café coado). Para crianças a partir de 2 anos e adolescentes, o ideal é 100 ml (uma xícara de café coado), e gestantes e lactantes devem ficar nas 2 xícaras diárias da bebida coada (ou seja, 200 ml). E, sim, é importante lembrar que o café coado é diferente do expresso, tanto na quantidade, quanto na “força”. Pense no expresso como um shot concentrado de cafeína. 

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E, claro, esses valores são uma média e podem variar de pessoa para pessoa, inclusive no nível genético. “O motivo pelo qual algumas pessoas sentem mais os efeitos da cafeína é que estes são considerados ‘metabolizadores lentos da cafeína’, ou seja, processam a cafeína mais lentamente, tendo ela um efeito mais duradouro no organismo. Em contrapartida, aqueles que sentem menos esse efeito são considerados ‘metabolizadores rápidos da cafeína’, tendo maior capacidade de processamento dessa substância, o que tende a reduzir o tempo de ação no organismo”, diz.

Isso significa que você pode respirar tranquilo! O café é uma bebida excelente, quando bem indicada. A cafeína possui muitos minerais e vitaminas importantes para o corpo, melhora inflamações, combate a depressão e reduz sintomas do mal de Parkinson, por exemplo. É tudo sobre o consumo que melhor funciona para o seu organismo. Mas se a ideia é diminuir a dose (literalmente), fica a dica de quem entende: “Como é uma substância estimulante, essa retirada tem que ser gradual, um ‘desmame’, para evitar os efeitos adversos como a abstinência da cafeína”, completa o médico.

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