Foram detectados quase 183 mil casos da doença entre 1999 e 2016 e 45 mil óbitos entre 2000 e 2015, no Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, de 2017. E, apesar do número expressivo, a população desconhece as principais formas de contágio da hepatite C.
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A seguir, Raymundo Paraná, médico hepatologista e professor titular da Universidade Federal da Bahia, explica como se prevenir:
Existe o risco de contágio na manicure e no podólogo?
Sim. O vírus da hepatite C – doença que leva à inflamação do fígado, cirrose e ao câncer hepático – é tão resistente que consegue sobreviver até uma semana em um alicate de unha. Todos os instrumentos cortantes, como tesoura e espátula, devem ser esterilizados em autoclave para evitar o risco de contaminação. Esse equipamento é comum nos consultórios dos dentistas e todo salão deve ter. Na dúvida, o melhor é levar o seu próprio kit para fazer as unhas.
Quais outras formas de contaminação com o vírus?
As mais comuns são pelo uso de seringas compartilhadas, transfusão de sangue, tratamento dentário, piercing e tatuagem – o vírus, inclusive, sobrevive na tinta.
É sexualmente transmissível?
A prática sexual é responsável por apenas 21% dos casos de hepatite C, não sendo a principal via de transmissão. Mas, uma vez que não há vacina, recomenda-se sempre o uso de camisinha.
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É diferente das hepatites A e B?
A principal diferença entre as três hepatites é a forma de contágio. A transmissão da hepatite A se dá pela água e saliva contaminadas. Em 99% dos casos, a pessoa se cura sem a necessidade de tomar medicamentos. Já a contaminação da hepatite B acontece, sobretudo, por relações sexuais (50% dos casos), por contato com objetos contaminados, por meio de transfusão de sangue e uso de drogas injetáveis. A hepatite B também pode se tornar crônica e causar cirrose e câncer. A hepatite C é transmitida, principalmente, pelo sangue e a cada 100 indivíduos apenas 20 se curam. Além disso, existe vacina apenas para as hepatites A e B. O vírus C engana o sistema imunológico e, por isso, é difícil desenvolver uma vacina contra ele.
Como é feito o diagnóstico de hepatite C?
Ela é conhecida como uma doença silenciosa porque os sintomas demoram anos para aparecer. Quando o paciente descobre que é portador, na maioria das vezes, a doença já está em fase avançada. O principal método de diagnóstico é a sorologia para anticorpos do vírus da hepatite C (HCV) pelo método ELISA. A presença do anticorpo anti-HCV significa que a pessoa teve contato com o vírus. Nesse caso, ela deve consultar um hepatologista, gastroenterologista ou infectologista, três especialidades habilitadas para lidar com a doença. O médico irá avaliar se o sistema imunológico foi capaz de eliminar o vírus ou se a infecção persiste e deverá ser tratada.
E existe cura?
Se diagnosticada precocemente, sim. Hoje, utiliza-se um tratamento à base de dois medicamentos – interferon com ribavirina ou do interferon peguilado associado à ribavirina. O tratamento dura de seis meses a um ano e provoca diversos efeitos colaterais, como náuseas, depressão, cansaço extremo, febre e dor de cabeça. Mas vale a pena: 50% dos casos de hepatite C crônica são revertidos. Ainda assim, o ideal é investir em prevenção. [Entre 2015 e 2017, foram disponibilizados cerca de 57 mil tratamentos com novos medicamentos – sofosbuvir, daclatasvir ou simeprevir – para a doença, elevando a taxa de cura a 95% nestes casos].
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