Estudo associa alimentos ultraprocessados a câncer – até de mama
Uma dieta baseada em macarrão instantâneo, embutidos e refrigerantes pode elevar o risco da doença
Você vai ao supermercado e, antes de colocar cada item da compra no carrinho, tem o cuidado de ler o rótulo. Mas costuma devolver o produto na prateleira quando a lista de ingredientes parece bula de remédio – é cheia de componentes de nome esquisito ou que você nunca usou na sua cozinha? Recusar os alimentos ultraprocessados é importante para evitar um aumentado no risco de câncer, como o de mama, segundo um estudo francês publicado na revista médica British Medical Journal.
Batizada de NutriNet-Santé, a pesquisa baseada em questionários preenchidos por 105 mil pessoas (a maioria mulheres) com idade média de 43 anos, entre 2009 e 2017, constatou um risco mais elevado de câncer em geral (entre 6% e 18%) e de mama (entre 2% e 22%) em decorrência de uma dieta à base de macarrão instantâneo, bebidas açucaradas, salgadinhos, nuggets, almôndegas, embutidos (salame, presunto com aditivos) e pratos congelados.
Ainda são necessários estudos complementares para confirmar o vínculo entre causa e efeito. Mas, para especialistas na área da saúde, os resultados da pesquisa francesa são bastante relevantes. “Eles reforçaram a percepção médica sobre os impactos negativos à saúde provocados pelo consumo frequente e excessivo de ingredientes artificiais”, diz o oncologista Andrey Soares, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.
Já os pães e massas à base de farinha branca perdem o efeito protetor. “O processo de refinamento dos grãos diminui a quantidade de fibras e outros compostos que podem ajudar a reduzir o risco de câncer” diz Andrey. O médico faz mais um alerta: “Os alimentos processados costumam apresentar níveis elevados de açúcar, gordura e sal – uma combinação associada ao perigo de hipertensão e diabetes, além de contribuir para o sobrepeso e a obesidade”.
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Você não precisa radicalizar – nunca mais comer feijoada, hot dog e nem batata chips. “Equilíbrio é a principal regra para a manutenção da boa saúde”, afirma o oncologista Felipe Ades, também do CPO – Grupo Oncoclínicas. Praticar atividade física com regularidade, não fumar, se proteger de infecções sexualmente transmissíveis são outras medidas preventivas listadas pelo oncologista. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de câncer estão relacionados ao nosso estilo de vida.