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Entrevista: brasileira participa de 1ª maratona para amadores nas Olimpíadas

Após correr mais de 2 mil quilômetros para cumprir desafios classificatórios e ser sorteada, Graziela Souza se tornou uma das brasileiras na prova

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h31 - Publicado em 21 ago 2024, 19h55
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 (Graziela Souza/Arquivo pessoal)
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Pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos realizaram uma maratona para atletas amadores com o mesmo percurso percorrido pelos atletas profissionais: a “Marathon Pour Tous”, ou “Maratona Para Todos”, em tradução. Ao todo, foram mais de 40 mil pessoas de 110 países que participaram da corrida depois de completarem desafios classificatórios através de um aplicativo e, depois, serem sorteadas para terem a chance de correr no evento.

Entre tantos participantes, Graziela Souza, gerente de seção na Decathlon, de São Paulo, foi uma das brasileiras que conseguiram viver essa experiência.

Como contou à Boa Forma, ela soube da corrida em 2022, quando já tinham cerca de 700 mil pessoas inscritas. “Me inscrevi e fui fazendo os desafios de corrida, onde você tinha uma certa quantidade de dias para correr um circuito específico. Tinham alguns muito fáceis e outros mais difíceis, como correr em torno de 60 km em uma semana”, relembrou.

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(Graziela Souza/Arquivo pessoal)

Segundo a atleta amadora, no início de 2023, o aplicativo já esta com mais de um milhão de inscritos, o que a deixou receosa sobre sua possível vaga. Passado algum tempo, no entanto, a boa notícia veio: ela havia sido sorteada e, após passar por um processo de aprovação, teve sua vaga validada para a competição e seu número de peito garantido.

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“Ao todo, foram dois anos de trabalho até receber esse validação. Foram mais de 2.300km percorridos nos desafios”, relembrou ela.

A seguir, Grazi contou como foi a sensação de participar da primeira corrida para amadores nas Olimpíadas, seus maiores desafios neste processo e a interação com os outros atletas que também viveram essa experiência. Confira!

Brasileira corre em “Maratona Para Todos”, nas Olimpíadas de Paris

Como foi participar da “Maratona Para Todos”? Me conta um pouco sobre o desafio, expectativas e sua experiência ao longo da prova?

Essa prova superou as minhas expectativas do início ao fim. E olha que coloquei muitas expectativas porque sonhei muito tempo estar lá. Mas desde o momento em que cheguei na prova, desde a largada, foi tudo muito lindo, o percurso foi maravilhoso porque passamos por vários pontos turísticos de Paris, eu passei pela Vila Olímpica, Torre Eiffel, Museu do Louvre, então ver toda cidade mobilizada para esse momento foi emocionante demais! Não tenho palavras para dizer como essa prova me marcou.

Quais foram as partes mais fáceis e difíceis dessa maratona?

A parte mais fácil foi concluir a prova, porque a cidade fazia com que eu quisesse continuar, de tantas coisas lindas que passavam pela minha frente ao longo do percurso. E o mais difícil em questão de performance foi o calor, está muito quente em Paris. Tirando isso, foi uma das provas mais lindas que já fiz em toda minha vida.

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(Graziela Souza/Arquivo pessoal)

⁠O que você guardou desse momento e o que trouxe de aprendizado?

As pessoas ao redor, que estavam com a energia lá no alto. Você via bandeira de todos os países possíveis, vibrando e motivando você independente de onde você era. Eu tinha a bandeira do Brasil pendurada na minha cintura e todo mundo que reconhecia gritava o nome do Brasil, cada uma com seu sotaque. Foi muito legal ouvir todas as pessoas unidas e sem rivalidade, colocando a energia pra gente conseguir concluir. Muito próximo da chegada eu vi pessoas abraçadas com as bandeiras dos seus países e batendo nas placas fazendo barulho querendo nos motivar. O esporte tem esse propósito único de unir as pessoas e é um grande aprendizado que vale para a vida toda. Viver esse momento fez eu lembrar o quanto eu sou apaixonada por esporte e reaprender o quanto o esporte é capaz de unir as pessoas.

Como foi a integração entre os atletas?

Essa pergunta me faz lembrar algo importante, a quantidade de mulheres na prova: 50% era público feminino correndo. A gente se apoiou muito, se parabenizou. Teve um momento final onde fizemos o consumo de alimentos para suprir o déficit que tivemos da prova e nessa hora eu recebi vários abraços em todos os idiomas possíveis. Conheci duas brasileiras que correram e fizemos uma super conexão. Isso é incrível e vai ficar marcado! Esse apoio entre as mulheres é muito importante!

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(Graziela Souza/Arquivo pessoal)
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⁠Como você se organizou para ir à Paris participar da prova?

Quando sonhei em acompanhar os Jogos Olímpicos, eu sabia que seria um momento difícil para sair de férias, porque seria um momento de pico de vendas para o varejo, principalmente para o varejo esportivo, que é a minha área de atuação. Sou Gerente de Sessão em uma das lojas Decathlon no Brasil. Mas, mesmo assim, conversei com meu líder e recebi muito apoio. Ele sonhou junto comigo e colocou as minhas férias pra esse momento. Inclusive, quando troquei com o time da Decathlon que eu ia viver esse momento, todas as equipes começaram a sonhar junto comigo e entrar na vibe. Me enviavam mensagem desejando boa viagem, me motivaram do início ao fim e sonharam junto comigo. Foi super importante receber suporte emocional desse time. E tive também todo apoio com os equipamentos, roupa e tênis para fazer a prova.

⁠Você trabalha com esportes. O que representa para você ter feito parte desse momento histórico dos esportes?

Eu respiro esporte desde pequena. Minha primeira formação é Educação Física e hoje sou gerente na maior loja de artigos esportivos do mundo. Tenho uma paixão pelo esporte e muito orgulho da trajetória profissional que tenho construído. Eu e meu trabalho temos o mesmo objetivo, que é mover as pessoas através das maravilhas dos esportes. Então, é um momento que vai marcar a minha vida de várias formas.

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(Graziela Souza/Arquivo pessoal)
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