Um dos responsáveis pela Croácia estar na final da Copa é uma mulher
Iva Olivari, conhecida pelo time como "tia Iva", é a gerente da seleção e a única mulher que pode ficar à beira do campo
A Copa do Mundo 2018, na Rússia, ficará para sempre marcada na história da Croácia por ser a primeira vez que a seleção chega à final. Mas eles também podem comemorar outra conquista importante: o trabalho de sucesso de Iva Olivari, gerente da seleção croata e a única mulher a estar na beira do campo durante os jogos junto à comissão técnica.
“Tia Iva” tem 49 anos e foi tenista profissional – até que uma lesão encerrou sua carreira no esporte. Em 1992, ela passou a integrar a comissão técnica de futebol da Croácia, logo após a separação da Iugoslávia e a independência do país. A federação dava os primeiros passos e contratou a mulher para organizar o time e ingressar em campeonatos regionais, que não existiam até então.
Após a Copa do Mundo de 2014, que aconteceu no Brasil, Iva foi nomeada gerente e supervisora da seleção croata e estreou na beira do campo na Eurocopa em 2016, na França. Ela é responsável pela administração, organização das viagens, comunicação com os times adversários e por assistir o técnico nas substituições – motivos pelos quais é tão importante no funcionamento da seleção.
Mulheres no futebol
Entre os jogadores, Iva é tratada com carinho e respeito. “Os mais jovens costumam chegar assustados ao time e me chamam de ‘tia Iva'”, disse à agência de notícias France Press. Mas sua presença no futebol, que deveria ser vista com normalidade, ainda recebe comentários machistas.
A gerente diz já ter ouvido comentários desagradáveis, como “‘ela não deveria estar ali”, “seria melhor se fosse um homem”, “não sabe nada sobre futebol”, mas ela não se deixa afetar. Diz que só quer realizar um bom trabalho: “Gostaria de ver muito mais mulheres dentro e fora do gramado, podemos fazer muitas coisas. Podemos trabalhar na administração, na gestão de jogadores, nas transferências”.
A presença de Iva chamou a atenção da mídia no mundo inteiro, mas ela não é a primeira a ocupar um cargo importante no futebol masculino. Na Espanha, Silvia Dorschnerova trabalha com a seleção desde 1982 como delegada do time, que faz contato direto com a FIFA e anuncia mudanças na equipe a um dos árbitros na partida. Ela também esteve na Rússia, em sua quinta Copa do Mundo ao lado do time espanhol.
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A Copa 2018 foi marcada por vários casos de assédio, tanto com torcedoras que foram assistir aos jogos quanto com jornalistas que trabalhavam no mundial. Ver Iva e Silvia ocupando espaços dominados por homens só mostra que futebol também é coisa de mulher, sim, e que não dá mais para aceitar o preconceito e a exclusão nesse tipo de evento.