A bordo de um carro elétrico, não podia imaginar a experiência que estava prestes a viver em Foz do Iguaçu – mais especificamente na Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional, que mantém oito reservas e refúgios biológicos localizados no Brasil e no Paraguai.
Meu destino foi o Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib), localizado no refúgio biológico Bela Vista, próximo à barragem da usina. A área de muito verde abriga animais silvestres e já reproduziu aproximadamente 800 bichinhos de 42 espécies, com índice superior a 70% de sobrevivência dos filhotes.
Vale dizer que os trabalhos de reprodução se concentram em espécies ameaçadas de extinção no Brasil e naquelas que são raras na região, como o caso de Cacau, a onça-pintada negra (comigo na foto abaixo), que nasceu ali, em 28 de dezembro de 2016, após mais de uma década de tentativas sem sucesso.
Estar com a Cacau foi um dos encontros mais especiais do passeio. Desci do carro sem imaginar que já estava sendo observada. No momento em que a vejo, ela corre em direção à área de visitação e fica me aguardando. Ao me aproximar, consigo perceber que o que parecia uma pantera negra é, de fato, uma onça-pintada, porém, com a pelagem escura. É espetacular. Esqueço todo o resto e vou ao seu encontro. Toco minhas mãos no vidro que nos separa e ela faz o mesmo. Nos olhamos. Minha mão e sua pata, como em um “high five!”, parecem se encostar. Na sequência, ela começa a arranhar o vidro, na tentativa de romper a barreira. Não há raiva ou qualquer indicio de agressividade. Parece um grande gato querendo brincar.
Nesse momento, me emociono e me sinto ainda mais responsável em fazer a minha parte na preservação da natureza. Como não pensar no mundo que quero para meus filhos, netos e bisnetos?
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Não diferente disso, é o sentimento que tenho durante a visitação ao Parque das Aves, Centro de Conservação e recuperação das aves da Mata Atlântica.
Lá estão cerca de 1 400 pássaros, sendo 56% animais de resgates (que chegam abrigos e centros de conservação indefesos e frágeis por causa das condições que enfrentam no tráfico), 35% nascidos ali e o restante, troca com outras instituições para renovação genética e pesquisa.
Em uma experiência que leva o nome de “backstage”, tive a oportunidade de ter um contato bem próximos às aves. Lá, pude alimentá-las com insetos, papinhas e ração, tocá-las e observá-las de perto.
E como é fascinante observá-los na natureza! Lembro a emoção que tive ao ver uma arara no alto de uma árvore as beiras do Rio Negro na Amazônia ou quando, recentemente, em minha estada no Hotel Spa Botanique, recebi, um binóculo e uma caixa de apitos que emitem sons parecidos aos dos pássaros para uma experiência de observação e interação com as aves que vivem na Serra da Mantiqueira.
E você, qual foi a última vez que se deu conta de que é possível ouvir o cantar dos pássaros também nas grandes cidades? Que mesmo diante das confusões da vida agitada, é possível vê-los voando de um canto ao outro?
Ali, do alto de uma casamata no Parque Nacional do Iguaçu a 10 metros do chão, contemplei vagarosamente a natureza, em especial a Lagoa do Jacaré. De lá, navegamos em um barco a motor pelo alto do Rio Iguaçu, passando pelo Arquipélago das Taquaras. Observamos jacarés de todos os tamanhos, que tomavam sol na encosta. A bordo de um caiaque, tive o prazer de remar pelas águas já calmas das Cataratas, e de volta ao barco a motor, retornamos pela Ilha dos Papagaios, onde ao nascer e no pôr do sol, acontecem revoadas de milhares de papagaios.
Momentos como esses são únicos. O que vi, dificilmente será o mesmo que você verá se ali estiver ou se eu mesma voltar pra lá. Essa é a mágica da natureza! Não há repetição de padrões. Não há mais do mesmo. Tudo se renova. Não há pressa. Não há e-mail para responder. As coisas acontecem a seu tempo.
Por isso, esse #Escape é dedicado à conexão com a natureza num todo, ao respeito com a flora e fauna, e à preservação da espécie. Uma reflexão para o estilo de vida que levamos. É de fato, fazer menos do mesmo e dar importância ao que realmente importa. É escapar quando possível para vivermos melhor! Com essa mensagem, me despeço e encontro com vocês na próxima sexta-feira. Mas antes… Confira mais um vídeo que fiz lá em Foz do Iguaçu: