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Rio 2016: 7 atletas olímpicas com histórias inspiradoras

A judoca brasileira que deu a volta por cima após uma desclassificação e um episódio de racismo, a síria que cruzou o mar a nado puxando um barco de refugiados, a atleta de 13 e a de 41 anos... Conheça as mulheres incríveis dessa Olimpíada

Por Redação Boa Forma
Atualizado em 26 abr 2024, 13h44 - Publicado em 9 ago 2016, 13h37
Philipp Schmidli / Freelancer / Getty Images
Philipp Schmidli / Freelancer / Getty Images (/)
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1.Yusra Mardini, natação, Delegação dos Refugiados
O mundo só tinha olhos para uma única raia na disputa dos 200 metros borboleta, no último sábado (6): Yusra Mardini era a primeira atleta a competir pela inédita Equipe Olímpica de Atletas Refugiados. O que conquistou o coração de todos nós não foi tanto sua performance, mas sua trajetória para chegar até lá. Há nove meses, a jovem de 18 anos fugiu da Síria com a irmã, Sarah, para sobreviver à guerra civil. Enquanto faziam a perigosa travessia entre a Turquia e a Grécia, o motor do barco em que estavam parou de funcionar e a tripulação ficou à deriva nas águas geladas do Mediterrâneo. Yusra e a irmã tomaram a decisão de cair no mar e nadar por três horas e meia puxando a embarcação que levava outros 18 passageiros.

2. Majlinda Kelmendi, judô, Kosovo
“Ainda existem crianças no Kosovo que não sabem se seus pais estão vivos. Crianças que não têm o que comer nem livros para ir à escola. Eu saí desse país para me tornar campeã olímpica – isso significa muito”, diz a judoca Majlinda Kelmendi, 25 anos, após subir ao lugar mais alto do pódio na categoria 52 kg e se tornar a primeira medalhista olímpica da história do Kosovo, país que declarou independência da Sérvia em 2008. Como a nova nação ainda não era reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (Coi), nos Jogos de Londres, em 2012, Majlinda teve que competir representando a Albânia e foi desclassificada logo na primeira luta. O reconhecimento do Coi só veio em 2014, mas alguns países, incluindo o Brasil, ainda não consideram o Kosovo independente.

3. Oksana Chusovitina, ginástica artística, Uzbequistão
Aos 41 anos, a atleta mais velha a disputar a competição de ginástica artística está em sua sétima Olimpíada. Mas engana-se quem pensa que, tendo como rivais atletas de 20 anos, ela veio ao Rio apenas para participar. A ginasta, que começou sua carreira aos 13 anos, defendendo a União Soviética, e tem no currículo um ouro por equipes em Barcelona (1992) e a prata no salto em Pequim (2008), continua competitiva em sua especialidade. Nas classificatórias, alcançou a nota 14.999, o que lhe garantiu uma vaga na final de salto. E Chusovitina promete fazer ainda mais: quer tentar o salto mais difícil da modalidade, o Produnova (ou Salto da Morte), que aprendeu recentemente. “Quando era mais nova, eu não tinha certeza se seria capaz de executa-lo. Hoje, estou mais segura das minhas habilidades, então decidi aprende-lo. Na vida, de uma forma geral, gosto de testar coisas novas”, disse em entrevista coletiva após sua classificação.

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4. Rafaela Silva, judô, Brasil
A primeira medalha de ouro do Brasil nesta Olimpíada não veio de graça. Mulher, negra e da Cidade de Deus, comunidade carente do Rio, Rafa teve que superar muito mais do que sua adversária no tatame. Na última Olimpíada, em Londres, a judoca talentosa, que despontou em um projeto social, já era esperança de medalha, mas foi desclassificada logo na primeira luta ao executar um golpe ilegal. Abalada por ver seu sonho desmoronar por uma desatenção,  Rafa ainda sofreu com comentários racistas nas redes sociais. Na segunda (8), a atleta transformou toda a mágoa de quatro anos atrás em força, derrotou quatro adversárias sob os olhos da torcida brasileira e levou a medalha de ouro na categoria peso-leve, ao derrotar a judoca da Mongólia Sumiya Dorjsuren, líder do ranking mundial. “Essa é a resposta a quem disse que judô não era pra mim, que eu era motivo de vergonha para a minha família e que lugar de macaco era na jaula. A resposta é essa medalha no meu pescoço”, desabafou a atleta em entrevista coletiva logo após a vitória.

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5. Marta, futebol, Brasil
Marta já ganhou duas medalhas olímpicas (em 2004 e 2008) e foi eleita a melhor do mundo cinco vezes seguida, prêmio concedido pela FIFA. Quem vê a maior artilheira da história das Copas do Mundo de Futebol Feminino e da Seleção Brasileira (superando, inclusive, o Pelé!), não imagina os obstáculos que ela teve que driblar para conquistar tal posto. A alagoana, de Dois Riachos, deu seus primeiros chutes em um campinho improvisado, demarcado com varetas. Detalhe: Marta era a única menina que se atrevia a jogar com os homens. Além disso, jogar futebol não era visto com bons olhos e até a sua família pensava assim. Por isso, também sofreu preconceito. Em um campeonato da cidade, houve até um professor que tentou impedi-la de jogar ao lado dos meninos, porque ela era mulher e, quando fazia os dribles, eles se sentiam envergonhados. Com 17 anos, foi escalada para a Copa do Mundo. O desempenho espetacular foi recompensado com um convite para jogar na Suécia. Aceitou, mesmo sem saber onde o país estava localizado no mapa. Foi lá que ela se transformou no fenômeno que conhecemos hoje: uma atleta excepcional, cheia de garra, força e determinação.

6. Doaa Elghobashy, vôlei de praia, Egito
Você deve ter visto Doaa, 19 anos, na sua timeline: ela ficou famosa desde que uma foto sua disputando a bola com uma atleta alemã viralizou nas redes sociais. O clique mostra que o esporte vence as diferenças: a atleta egípcia, que é muçulmana, aparece de hijab, uma espécie de véu sobre a cabeça, e com o corpo todo coberto, enquanto a adversária Kira Walkenhorst joga com o biquíni tradicional. “Uso hijab há 10 anos e tenho muito orgulho disso. Ele não me impede de fazer nada que eu ame. E o vôlei de praia está entre as melhores coisas que já me aconteceram na vida”, disse a atleta após sua estreia, que é também a estreia do Egito no vôlei de praia em Olimpíadas. Sua parceira de quadra Nada Meawad, 18 anos, segue uma linha diferente na religião e não é adepta do véu. No entanto, uma regra da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) determina que as duplas vistam o mesmo uniforme, então Nada joga de calça e mangas compridas como sua companheira. E o que torna a história delas ainda mais incrível: até um ano e meio atrás, nenhuma das duas meninas sequer tinha jogado a modalidade. 

E mais: Quem é a atleta do rúgbi que foi pedida em casamento por voluntária das Olimpíadas

7. Gaurika Singh, natação, Nepal
Com apenas 13 anos, Gaurika é a atleta mais nova a competir na Olimpíada do Rio. A nadadora, que nasceu no Nepal, mas vive em Londres desde os 2 anos de idade, disputou a prova dos 100 m costas. Pouco antes de cair na água, o maiô que Gaurika usaria rasgou e a atleta precisou discutir com seu técnico se deveria ou não trocar a peça. O problema é que, como ele teve que ficar em Londres por questões financeiras, essa conversa e toda a preparação final da atleta foram feitas por mensagens de texto. No final, deu tudo certo, Gaurika nadou e venceu sua bateria, mas não se classificou para a final (eram 34 competidoras e ela fez o 31o tempo). 

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