Um longo texto que a modelo Ulrikke Louise Lahn Høyer publicou em seu Facebook na última quinta-feira (18) viralizou nas redes sociais e em sites de notícias de todo o mundo. A dinamarquesa de 20 anos de idade relata por que ela não participou do desfile Cruise 2018, da Louis Vuitton (LV), que aconteceu no último dia 14 de maio, em Tóquio, no Japão.
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Ulrikke conta que, meses antes do evento, a LV havia demonstrado interesse em escalá-la para o time de modelos que usaria as peças na passarela. Então, no dia 23 de abril, ela tirou medidas em sua agência na Dinamarca. As aferições apontaram que o quadril dela media 92 centímetros – medida acima dos tamanhos das roupas e fora dos padrões exigidos pelas pessoas que aprovam o casting dos desfiles da marca.
Mesmo assim, os profissionais da Louis Vuitton insistiram que a modelo viajasse a Paris para provar as peças que seriam apresentadas no show. Ela foi, experimentou um vestido e um casaco e, segundo Ulrikke, antes mesmo de voltar às suas roupas normais, foi informada de que estava confirmada para o desfile.
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“Eu estava animada para ir ao Japão e feliz que, mesmo não estando no meu ‘shape de desfile’ mais magro, a Louis Vuitton ainda me queria”, escreve. Enquanto o grande dia não chegava, Ulrikke se esforçou para atingir as medidas “certas”. E teve resultado: um dia antes de viajar, as novas medições apontaram um quadril de 91,5 centímetros.
Chegando lá
Após uma viagem de 23 horas até Tóquio, Ulrikke foi provar novamente as roupas que usaria no desfile. “Naquele dia eu comi muito pouco no café da manhã e só bebi água e chá antes da prova, porque é assim que a gente faz…”, lembra. Mais tarde, ela recebeu uma ligação de sua agenciadora dizendo que houve problemas – os profissionais da LV teriam achado que a modelo tinha um estômago e um rosto “muito inchado” e que deveria beber apenas água nas 24 horas seguintes, quando ela experimentaria novamente as roupas.
Naquela noite, foi organizado um jantar com karaokê para todas as modelos, mas a dinamarquesa ficou no hotel, passando fome. “Acordei às 2h, faminta. O café da manhã começou às 6h30 – e eu comi o mínimo”, descreve. A segunda prova – pela qual ela esperou o dia inteiro – não aconteceu e, às 19h, a agenciadora de Ulrikke ligou dizendo que a LV havia decidido tirá-la do desfile e que ela tinha que voltar para casa. “Eu não sabia se chorava ou se ria”.
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“O que era pra ser uma experiência única e realmente incrível acabou sendo muito humilhante”, afirma a modelo. “Se isso aconteceu porque eles cancelaram meu look (já que não o vi na passarela), então qual a necessidade de me assediar e dizer aquelas coisas para meus agentes?”, questiona.
Triste realidade
Em seu texto, Ulrikke diz que o problema não foi ter sido tirada do desfile – isso faz parte do jogo, segundo ela. “Mas não posso aceitar a ‘normalidade’ no comportamento dessas pessoas. Elas têm prazer em controlar garotas jovens e vão ao extremo para forçar você a ter um transtorno alimentar”, comenta.
A modelo conta que é triste ver a realidade de muitas meninas que começam a trabalhar nesse mercado. “Eu vi garotas tão magras que nem sei como elas andam ou falam. É tão óbvio que elas estão desesperadas por ajuda”, opina. “É engraçado como você sempre pode estar 0,5 ou 1 centímetro ‘muito grande’, mas nunca 1 a 6 centímetros ‘muito pequena’”, critica.
Ulrikke termina o texto dizendo que já trabalhou e ainda trabalha com muitas pessoas maravilhosas e teve ótimas experiências em sua carreira. “Um ‘muito obrigada’ a todos vocês, clientes incríveis com corações humanos”, finaliza.