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Clitóris: tudo o que você precisa saber sobre o órgão sexual feminino

Mulheres só têm prazer com penetração? Não! O clitóris tem uma única função: gerar prazer. Por isso, é tão importante entendê-lo (e encontrá-lo!)

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h41 - Publicado em 9 fev 2022, 08h00
clitóris
 (Dainis Graveris / Pexels/Divulgação)
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Os homens dizem que entendem dele, já as mulheres têm certeza que eles não fazem ideia de onde está. Aliás, até mesmo algumas delas têm dúvidas sobre o seu paradeiro e, principalmente, sobre a sua função. Sim, estamos falando sobre o clitóris. 

Protagonista quando o assunto é o prazer feminino, é difícil ignorá-lo e ainda mais difícil incluí-lo na rotina sexual, especialmente em relações heterossexuais. O que fazer, então? Fácil: conversamos com um ginecologista e uma especialista em sexualidade para entender e incluir de vez o clitóris na sua rotina sexual – e, acredite, é muito mais divertido do que parece. 

A ANATOMIA DO CLITÓRIS

Não só de vagina vive a sexualidade feminina. Segundo o Dr. Fernando Prado, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, o clitóris é o órgão sexual da mulher – assim como o pênis é para os homens. “Ele tem uma função erétil e é uma região de grande sensibilidade sexual e a principal área de prazer da mulher, mas não a única”, explica. 

Anatomicamente falando, é mais fácil encontrá-lo do que se pensa: o clitóris fica localizado na base da região pubiana, no encontro dos grandes lábios: ou seja, acima da uretra e até mesmo da abertura da vagina. 

Já deu para perceber que, mais do que o canal vaginal, tão importante no sexo com penetração, o clitóris é essencial quando se fala no prazer feminino? Muitos até se perguntam se é possível falar em prazer da mulher sem estímulo ao clitóris e isso, claro, tem um motivo: 

“Por ser um órgão com bastante inervação e irrigação sanguínea, o clitóris proporciona grande sensação de prazer sexual na mulher e, quando estimulado, pode aumentar de tamanho, já que é também um órgão erétil”, explica o médico. “É a região mais sensível da sexualidade feminina e tema de grandes tabus e preconceitos.”

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A questão do tabu e do preconceito é tão grande que, para a especialista em sexualidade Talita Góis, a maioria das mulheres nunca teve um orgasmo de verdade por conta da falta de conhecimento sobre o clitóris e a sua função única de gerar prazer. 

“O clítoris é muito mais poderoso do que imaginamos”, diz ela. “A estrutura completa dele só foi descoberta em 1998. Ele possui em média 8 mil terminações nervosas e, uma curiosidade muito legal, o clítoris não envelhece.”

COMO USUFRUIR – MUITO! – DO CLITÓRIS? 

Como explica o Dr. Fernando, o prazer sexual é bastante complexo. Tanto que duas pessoas não têm as mesmas respostas a estímulos iguais. E o mesmo vale para as mulheres e o clitóris. De acordo com o médico, é verdade que, para a maioria das mulheres, esse estímulo específico pode trazer mais prazer do que a própria penetração, mas essa informação não pode ser generalizada. 

“Durante a penetração, o clitóris também é estimulado pelo pênis e muitos casais o estimulam com as mãos ao mesmo tempo em que há penetração”, explica. 

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Inclusive, essa é uma forma de trazer o estímulo clitoriano para o sexo heterossexual, aumentando o prazer do casal. No entanto, antes disso é preciso que cada mulher conheça e entenda a si própria – e, sim, estamos falando de masturbação, mas também de compreensão. 

“Conhecer o próprio corpo é essencial para esse processo”, explica Talita. “Por isso,  sempre peço para minhas pacientes usarem um espelho e se familiarizarem com o próprio órgão genital.”

Buscar esse contato e conhecimento, aliás, só tem benefícios: traz autoconfiança, aumenta a autoestima e também o grau de controle sobre o próprio corpo. Para Talita, o lado emocional da mulher também é transformado quando ela cria consciência sobre o seu próprio órgão genital. 

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O autoconhecimento se dá de muitas maneiras – a masturbação é uma delas -, e já existem acessórios sexuais focados no estímulo clitoriano (Dainis Graveris / Pexels/Divulgação)
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AS BARREIRAS AO PRAZER CLITORIANO

Infelizmente, nem tudo são flores quando se fala em clitóris e prazer feminino. Primeiro, por conta do próprio tabu. O assunto ainda é considerado “errado” por muita gente, algo a ser tratado em segredo – isso quando é tratado. 

A questão societária também tem uma interferência grande no estímulo ao autoconhecimento e desenvolvimento sexual saudável, especialmente quando se fala nas mulheres. 

Para Talita, uma das principais barreiras ao prazer clitoriano é a memória de infância. “Quando a mulher começa a se conhecer, normalmente ela escuta ‘Tira a mão daí, isso é sujo, você não pode tocar aí’. Ali é criado o primeiro trauma, que muitas mulheres carregam para o resto da vida”, diz. 

Outro ponto importante, explica, é algumas religiões verem o sexo ou o próprio autoconhecimento como algo sujo ou pecaminoso. Ao contrário, conceitos como os apresentados no tantra vêem o corpo feminino como sagrado e uma ponte para a evolução do ser humano. 

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Fora isso, existem os perigos físicos de manipular o clitóris sem os devidos cuidados. No sexo homossexual, por exemplo, uma questão abordada com frequência é o tamanho das unhas, que pode machucar a região (assim como na masturbação), e a falta de higienização correta

O clitóris, assim como a glande do pênis, tem uma capa de proteção, que também se chama prepúcio”, explica o Dr. Fernando. “Existe da mesma forma uma secreção no local, o esmegma, de forma análoga ao homem. Assim, deve ser feita a limpeza regularmente na região, preferencialmente durante o banho. Basta limpar com água, puxando o prepúcio para cima e deixando o clitóris exposto para a higiene. Movimentos circulares são ótimos para remover a gordura e sujeiras do local e também servem como estimulação sexual. Assim, a higiene atua como forma da mulher conhecer seu corpo e se estimular sexualmente.

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Essa matéria faz parte da edição de Fevereiro 2022, com Leticia Bufoni na capa
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Leticia Bufoni para Boa Forma

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