Comparado a um tipo de “gripe da pele” pela facilidade com que ataca suas vítimas, o herpes causa lesões dolorosas, deixa uma aparência que pode causar constrangimento e até atrapalha os beijos.
O vírus tem um comportamento diferente dos demais. Normalmente, quando um desses microorganismos indesejados invade no organismo, o sistema imunológico imediatamente entra em ação para acabar com ele. Mas o herpes, duro na queda, nunca é destruído. Ele fica latente, dentro do corpo.
Às vezes, se manifesta. Outras, não. Tudo depende do sistema de defesa de cada pessoa.
É uma espécie de loteria. Segundo o cirurgião-dentista e estomatologista (especialista em doenças bucais) Silvio Boraks, de São Paulo (SP), embora 95% da população brasileira esteja infectada, apenas 10% manifesta a doença.
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Ansiedade pode provocar surto instantâneo
O que têm em comum os 10% “contemplados” com a a doença? Aparentemente, nada, mas a dermatologista Denise Steiner, da Clinica Stockli, de São Paulo arrisca um palpite: “Os fatores que influenciam a ação do vírus não estão explicados, não há padrão emocional diretamente relacionado à ocorrência, mas a prática clínica demonstra que pessoas mais tensas, ansiosas e perfeccionistas são mais vulneráveis”, afirma.
“A prática clínica demonstra que pessoas mais tensas, ansiosas e perfeccionistas são mais vulneráveis”
O ginecologista paulista José Antonio Marques ilustra o fato: “O mais impressionante caso de herpes que já vi ocorreu com uma paciente minha que ficou à deriva, num barquinho em alto-mar, em estado de absoluto pânico, por quase três horas. Quando finalmente foi socorrida, ela havia desenvolvido um quadro agudo e muito grave da doença”, recorda.
O primeiro sinal
Uma coçadinha dá o alarme! Depois, o local esquenta e as bolhas se formam. Nesse estágio, já há risco de contágio: evite tocar diretamente a lesão, lavando as mãos sempre que houver contato. Numa etapa mais avançada, as bolhas estouram e provocam muita dor! São dois os vilões: o tipo 1, que incide na boca, e o 2, que aparece nos genitais.
A manifestação do vírus dura 10 dias
Não há risco de o tipo 1 atacar mucosas vaginais e vice-versa. Mas beijos e relações sexuais, conforme o herpes, ficam proibidos desde a formação das bolhas.
O bom é que a abstenção não dura muito: até 10 dias, em média. Com ou sem medicação, após esse período, o vírus encerra seu ciclo e torna a se alojar nas terminações nervosas até que um novo evento desencadeie a crise e o recoloque na cena do crime.
Encontre o culpado
Lesão instalada, não há muito mais o que fazer, a não ser escolher quais medicamentos usar para aliviar o desconforto. A hora é boa para fazer uma retrospectiva, voltar a memória até dois, três dias antes das bolhas aparecerem e tentar identificar nesse período qual o agente desencadeador da doença.
A proposta é do psiquiatra e homeopata Marcio Molinari, de São Paulo: “Esse exercício de investigação é fundamental para prevenir novas investidas do vírus. Se você conseguir relacionar um comportamento ou fato com o surgimento do herpes, seja uma preocupação com dinheiro seja a perda do namorado, ou stress no trabalho, por exemplo, poderá evitar ou adiar as crises futuras”, explica. “É só ficar atenta”.
No verão, o vírus ataca?
“A maior exposição ao sol é um facilitador, propicia grande ocorrência de casos”, acredita Silvio Boraks. O médico antroposófico, José Roberto Kater tem outra opinião: “Os vírus preferem o frio, as bactérias é que se propagam mais no calor”. Ele credita a conhecida crença de que a incidência do herpes aumenta no verão ao fato de as pessoas se exporem mais, deixando as lesões em evidência.
A dermatologista Denise Steiner entra com um argumento conciliador: “O sol baixa a resistência da pele, por isso a estação fica associada ao aparecimento do surto viral do herpes. O vírus, adormecido, se manifesta porque cai a imunidade local”, afirma.
Enquanto o remédio milagroso não vem, o jeito é neutralizar a ação do inimigo com medidas preventivas (veja o quadro ao lado). Se a doença já se instalou, doses generosas de paciência são a prescrição mais indicada. O importante é acreditar que dá para domar esse vírus bandido e evitar que ele dê as caras de novo.
Corte o mal pela raiz
Prevenção é tudo. Você só precisa adotar alguns hábitos e comportamentos definitivos, como os propostos pela dermatologista Maura Bressan, do site Dermaweb, e pelo médico antroposófico José Roberto Kater.
- Tome sol com moderação. Use protetor solar adequado ao seu tipo de pele, expondo-se apenas nos horários seguros (das 7 às 10 horas e depois das 4 da tarde).
- Mantenha a pele bem hidratada, especialmente o local em que as lesões costumam ocorrer.
- Consuma alimentos ricos nas vitaminas A, E e C. Kater enfatiza a necessidade rotineira de um suplemento vitamínico, que garanta a ingestão diária (basta um comprimido) recomendada de vitaminas, sais minerais, aminoácidos e metais.
- Cuide da cabeça. Não faça tempestade em copo d´água. Evite alimentar sentimentos depressivos ou ansiosos. A prática de exercícios físicos comprovadamente ajuda a deixar a mente saudável.
- Não descuide do lazer. Descansar, ensinam os indianos, é a melhor terapêutica para o corpo encontrar, sozinho, os caminhos de cura.