Patrícia Poeta: “Achava que a dor da endometriose era uma cólica”
A jornalista e apresentadora fala à Boa Forma sobre a doença, seus sonhos e desafios
“Eu sou movida a desafios mas o que eu aprendi, ao longo da vida, é que a gente tem que curtir o momento, o agora.” Essas duas características ficam bem claras quando conhecemos de perto Patrícia Poeta:
Em uma faceta está a pessoa que põe a mão na massa, que não é passiva nem mesmo na hora de fazer uma sessão de fotos, dando sugestões, opinando e ajudando toda a equipe de profissionais a alcançar o melhor resultado; Na outra está a mulher que aprecia cada minuto das fotos, movimentando-se junto com a música (um som de Tchaikovsky para clicar as fotos inspiradas no ballet, dança que a jornalista pratica).
Nesta sessão de fotos para BOA FORMA, iniciada às 13 horas em São Paulo entre uma gravação do seu programa [Encontro com Patrícia Poeta] e uma campanha do seu novo perfume, a apresentadora conta, entre um clique e outro, como a dança tem um grande papel sem sua vida, até mesmo como uma indicação contra os sintomas de endometriose (doença com a qual ela convive até hoje), além de falar sobre sua carreira, a “vida de celebridade”, seus sonhos e suas resoluções para 2023.
Você é uma voz expressiva para as mulheres quando falamos de bem-estar. E recentemente você descobriu uma condição que afeta muitas de nós: a endometriose. Como foi esse diagnóstico? Ele veio através de investigação de algum sintoma ou foi por rotina?
Morei em vários lugares, em países diferentes também. Tive vários médicos, ao longo da vida, e nenhum suspeitou que eu poderia ter endometriose. Durante muito tempo, achava que era algo normal, uma cólica talvez, coisa de mulher… até que morando no Rio, fui me consultar com a Dr. Eliane, hoje minha médica. E ela, ao ouvir meus relatos de dores insuportáveis, suspeitou disso. Fiz exame. E bingo… de fato era endometriose.
Apesar de ser algo tão íntimo, dividi minha história com as telespectadoras como um alerta, um serviço. Soube depois dos 40 anos porque ninguém me deu esse toque, infelizmente.
Acho que quanto mais cedo descobrirmos, tivermos o diagnóstico correto, melhor. Significa qualidade de vida.
Você sempre teve uma relação mais complicada com sua menstruação/TPM? Quando você lembra de sentir os primeiros sintomas?
Já desde a adolescência senti os primeiros sintomas. As dores sempre foram fortíssimas. Mas achava que poderia ser algo “normal”.
Você passou ano passado por uma cirurgia muito difícil [nas amigdalas]. Pretende operar também a endometriose?
Ano passado tive contato com uma bactéria. E do dia pra noite, literalmente, corria risco de vida. Fui operada às pressas. Depois de dias internada, entrei na fase de recuperação: recomeçar a mastigar, a falar. Minha boca havia travado por completo. Uma sensação horrível.
Mas, felizmente, estou bem hoje. Acho que quando sobrevivemos a experiências como essa saímos ainda mais fortes.
Mas [mesmo com o susto] ainda pretendo operar a endometriose.
Uma das indicações para combater os sintomas de endometriose é a prática de exercícios físicos e você é muito adepta a eles. Quais atividades você pratica hoje e qual sua relação com cada uma delas?
Hoje eu pratico musculação e dança. Além disso, gosto muito de caminhar. Quando eu estou no Rio, adoro caminhar pela praia, no calçadão, sentindo o vento bater no rosto, o sol… Isso me dá muito prazer. Aqui, em São Paulo, quando posso, vou ao Ibirapuera. Se não, malho na academia, mesmo. O esporte para mim é a forma de tirar o estresse do corpo e da mente e de ter um momento só pra mim, de autocuidado, mesmo.
A musculação tonifica o corpo e me dá resistência. A dança é uma coisa que carrego comigo desde a infância: já fiz balé clássico, jazz, samba, entre outras danças. Acredito que, além de ser uma expressão artística, é como eu consigo trazer atividade física de uma forma prazerosa pro meu cotidiano. Quando danço me sinto a pessoa mais feliz do mundo…[risos]. A sensação é muito boa. A dança ajuda a trazer leveza pra vida.
De onde vem essa afinidade por atividades físicas no geral? É algo que foi alimentado desde criança ou veio mais como uma vaidade?
Desde pequena, eu e minhas irmãs fomos incentivadas pelos meus pais a praticar atividades físicas. Cada uma escolhia a sua. Sempre tivemos essa liberdade. Além de ser uma forma de gastar energia, elas criam uma mentalidade de foco e mantém o corpo saudável. Pra mim nunca houve uma relação direta com a estética ou a busca por ela. O objetivo sempre foi a saúde, a sensação de bem estar, mesmo.
Você é formada como jornalista, mas acaba tendo um papel até de celebridade hoje (sendo capa de várias revistas, por exemplo). Como você lida com esse interesse na sua vida não só profissional, mas também na vida pessoal?
Sinceramente? Não me vejo como celebridade. Esses anos todos, até mesmo quando estava no ‘Fantástico’ ou no ‘Jornal Nacional’, procurei muito resguardar minha vida pessoal. Eu guardo muito essa veia da discrição do jornalismo, mesmo estando no entretenimento. Mas com as redes sociais eu entendo que as pessoas tenham essa curiosidade.
Eu mostro um pouco da minha rotina quando vou para a praia, por exemplo…mostro minhas viagens, exercícios físicos que costumo praticar… mas tudo com muita medida. Eu entendo o interesse das pessoas, mas gosto dessa privacidade, porque sinto que é um momento da minha vida que eu tenho só para mim e acho importante termos coisas só nossas.
Agora, por outro lado, tenho muito prazer quando as pessoas querem falar sobre meu trabalho. Entro na casa delas todos os dias, sem pedir licença, né? [risos] Tenho muito orgulho do programa que faço, da minha equipe, das coisas que realizei até hoje.
O que gosto mesmo é de dividir coisas que acho que podem acrescentar na vida do outro de uma forma positiva.
Em termos de carreira, você tem alguma ambição que ainda pretende alcançar?
Eu sou movida a desafios. Foi assim quando apresentava o jornal local em São Paulo, quando fui correspondente, quando apresentei o ‘Fantástico’ ou o JN. Mas o que eu aprendi, ao longo da vida, é que a gente tem que curtir o momento, o “agora”… e, nesse momento, meu foco é 1000% no Encontro.
Eu estou feliz e podendo desenvolver novos quadros que estreiam em 2023. Minha cabeça, agora, está voltada só para o “Encontro com Patrícia Poeta’. Se em algum momento no futuro vier um novo desafio, eu vou parar e analisar, claro. Mas agora estou curtindo demais estar diariamente em contato com o público, levando assuntos pertinentes para a casa das pessoas, estar presente no café da manhã delas ou no momento em que estão saindo pro trabalho.
Acho que em vez de pensarmos no futuro, o melhor é curtir as conquistas do presente. Quem está sempre no futuro, não vive direito, não vive com a intensidade que o momento proporciona. Concorda?
E em termos de vida pessoal, qual você diria que é seu maior sonho hoje?
Hoje meu maior sonho é ter saúde, ter aqueles que eu amo por perto. Meus pais mudaram pro Rio de Janeiro para ficar mais próximos de mim e isso me deixa muito feliz. Quero também ver meu filho bem, com saúde e realizado profissionalmente. Quem sabe, mais pra frente, um namorado?! Mas sem pressa…
Quero continuar seguindo com meu trabalho que me dá um prazer enorme. Trabalhei muito para chegar até aqui e acho que tenho muito pela frente ainda. Estou apenas no caminho de uma longa jornada.
Para finalizar, com ano novo chegando, você tem alguma resolução já definida para 2023?
A rotina está super corrida e graças a Deus, 2023 será ainda mais intenso. Vamos trazer novos quadros para o Encontro, o que me deixa super feliz.
Vou começar o ano novo trabalhando, fazendo o que amo e pertinho do meu público, nessa troca prazerosa que é apresentar o programa.
De resto, é seguir vivendo um dia de cada vez. Sem pressa, sem ansiedade. A saúde agradece [risos].
- Texto: Larissa Serpa
- Fotos: Julia Rodrigues
- Styling: Gabriel Fernandes e Julia Moraes
- Beleza: Pedro Moreira
- Locação: Estúdio Garagem
- Direção de arte: Kareen Sayuri