O óleo de coco para fins ginecológicos: Vale apostar?
Seu uso traz diversos benefícios para a flora vaginal, mas ainda não há comprovação científica para seu uso em caso de tratamentos de infecções
Na ginecologia natural, o óleo de coco muitas vezes é usado como um tratamento para diversas questões como infecções, lubrificação e até mesmo sintomas de doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com Taís Calomeny, médica ginecologista, isso acontece pois o óleo tem em sua composição o ácido caprílico e o ácido láurico, que são poderosos hidratantes naturais.
“O óleo de coco extra virgem é fabricado a partir do próprio coco prensado a frio e não contém aditivos como corantes ou outros aditivos artificiais. Com isso, é considerado um produto hipoalergênicos. Ele contém, além de outras substâncias, o ácido láurico e o ácido caprílico, que agem como agentes antifúngicos e antibactericidas. Tem alto teor lipídio, o que confere uma excelente lubrificação ao produto. E existe a facilidade de aplicação já que tem consistência cremosa em temperatura menor que 25 graus e oleosa ao aumentar a temperatura quando entra em contato com a pele. Tem também pH compatível com o pH vaginal” completa Lilian Fiorelli, Médica Ginecologista especialista em Sexualidade Feminina.
QUAIS OS BENEFÍCIOS DO ÓLEO DE COCO PARA A VAGINA?
Vale lembrar que não há comprovações científicas quanto ao benefício do óleo de coco para a saúde vaginal. Porém, por ter pH compatível com o vaginal, ter ação antibacteriana e antibactericida é muitas vezes utilizado como auxílio da estabilização da flora vaginal. Mas isso não o faz o tratamento mais adequado quando o assunto são infecções, para isso é necessário consultar um médico para tratamento adequado.”O óleo de coco não é indicado como um tratamento específico de infecção e sim pode auxiliar na manutenção da flora, mas também deve ser indicado pelo médico neste caso”, reforça Lilian.
Outro grande benefício é o poder lubrificante e hidratante. “Na região vaginal geralmente indicamos produtos lubrificantes e hidratantes a base de água para região genital, já que produtos à base de óleo podem ser prejudiciais à vagina. A excessão é o óleo de coco” continua a profissional.
Então, quando o assunto é lubrificação, o óleo está liberado, de acordo com a ginecologista. Para facilitar a aplicação, a dica é colocar óleo de coco em formas de gelo e deixar no freezer e aplicar 1 cubinho do gelo do óleo de coco na vagina como se fosse um “comprimido vaginal”. “O contato com a temperatura corporal faz o óleo derreter e lubrificar a vagina por dentro. Mas de novo, essa é uma dica para uso caso o seu médico tenha prescrito. Importante não fazer uso de nenhuma substância, por mais natural que seja, sem orientação médica, ok?” conclui.
HÁ RISCOS?
Taís Calomeny diz que sim. “O produto é realmente potente para hidratação, mas pode trazer consequências como alergias e alterações do pH natural da região. Indicado muitas vezes para secura vaginal, os relatos sobre os benefícios do produto como lubrificante nas relações sexuais são comuns. Mas, atenção, o contato do óleo com o canal vaginal, tanto em aplicações diretas quanto indiretas, pode trazer o desequilíbrio da flora vaginal”.
Vale lembrar que o óleo de coco não deve ser utilizado com preservativos de látex, pois a substância causa microporosidades nas camisinhas, o que aumenta as chances de rompimento e de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).
É RECOMENDADO SEU USO?
As profissionais são claras: antes de utilizar o óleo de coco para fins ginecológicos, procure um médico.”É sempre o melhor caminho, principalmente para evitar alergias, coceiras e vermelhidão na área” defende Taís.
“Apesar de sabermos de todos os seus benefícios, não é todo mundo que precisa, que tem indicação. Precisamos entender que nosso corpo é extremamente sábio, ele sabe autorregular sua flora vaginal, seu pH, diminuir riscos de infecções, sem que a gente precise fazer nada. Ou melhor, fazemos sim: temos que manter um bom hábito de vida com dieta equilibrada, boa noite de sono, controle de estresse, pois dessa forma estamos criando um corpo com condições de autorregulação. Contudo, as vezes o corpo precisa de ajuda, e podemos lançar mão do óleo de coco sim para muitos tratamentos e neste ponto sim; recomendo o uso” conclui Lilian.