Se tem um assunto que nunca sai de moda, esse assunto é o sono. Vivemos em busca da noite de sono ideal, que realmente nos faz acordar descansados e bem-dispostos. No entanto, isso parece impossível nos dias de hoje e dentre tantas informações a respeito do ato de dormir, como saber o que realmente funciona?
Conversamos com o Dr. Alan Eckeli, neurologista e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS) para desvendar os principais mitos e verdades sobre o assunto. Vamos lá?
MAS PRIMEIRO… POR QUE DORMIR BEM?
“Podemos entender o sono como uma função vital para a manutenção da vida”, explica o médico. “Devemos respirar de maneira adequada e saudável, caso contrário, vamos adoecer. E, caso paremos de respirar, vamos morrer. O sono é semelhante: se eu não dormir bem, eu vou adoecer, e se eu interromper esse processo, eu vou a óbito.”
Ou seja, o sono é vital para a manutenção da vida do ser humano, ele interage com todos os nossos sistemas biológicos, promovendo a manutenção da vida.
Falando especificamente sobre as funções do sono, sabemos, hoje, que ele atua:
- Na função cognitiva, auxiliando na captação, fixação e evocação da memória
- Na modulação do humor
- Na manutenção da homeostase cerebral, garantindo o equilíbrio da função cerebral
O nosso cérebro conta com um sistema, denominado linfático, que faz a limpeza cerebral: de forma resumida, esse sistema retira resíduos metabólicos potencialmente tóxicos do nosso sistema nervoso central, e isso acontece quase que exclusivamente durante o sono.
Já deu para entender que dormir bem é bastante importante, certo? No entanto, é preciso considerar três dimensões essenciais quando se fala de sono: a quantidade (o número de horas que você deve dormir – e que pode variar de pessoa para pessoa), a qualidade (se o tempo de sono teve qualidade ou não) e a regularidade (se você dorme o número de horas adequadas para você, com qualidade, e em horários relativamente semelhantes). Para uma noite de sono ser realmente boa, essas três dimensões precisam estar equilibradas.
MITOS E VERDADES SOBRE O SONO
Agora que relembramos as principais funções e a importância do sono, hora de partirmos para o próximo passo: rever os mitos e verdades sobre o assunto.
MITO: o seu tempo de sono é tudo o que importa
Como falamos acima, existem três dimensões essenciais para uma boa noite de sono: o tempo, a qualidade e a regularidade. Pensar só no número de horas que você dorme todas as noites não garante um sono reparador. “O sono de boa qualidade, quantidade e regularidade vai trazer a percepção de você estar descansado”, explica o médico.
VERDADE: o ambiente em que você dorme importa
De acordo com o Dr. Alan, o ambiente tem, sim, uma importância na qualidade do nosso sono. Dormir em um ambiente que seja seguro, termicamente agradável (nem muito quente, nem muito frio), quieto e escuro é fundamental. Para pessoas que dividem o quarto ou a cama, é interessante conversar sobre o assunto e alinhar expectativas para que o descanso dos dois não seja comprometido.
MITO: a luz do celular não interfere no sono
Existe muita controvérsia sobre o uso de telas (como televisão, computadores e celulares) antes de dormir, mas a verdade é que a luz emitida por esses aparelhos pode, sim, interferir na produção melatonina pelo organismo – o neuro-hormônio que regula o sono e que está ligado à exposição à luz.
“O uso de telas planas, seja celular, televisão, computador ou tablet, funciona como um emissor de luz, e isso vai inibir a nossa produção de melatonina, podendo alterar o nosso tempo de início de sono e muitas vezes até a qualidade do sono”, diz.
VERDADE: fazer atividades físicas de manhã melhora o sono
A prática de atividades físicas é um dos fatores que garante uma boa noite de sono, principalmente quando feita no período da manhã.
Isso não significa que você não pode se exercitar à noite, mas é interessante evitar atividades de alta intensidade. Os exercícios muito intensos (como uma partida de futebol) podem aumentar a produção de cortisol pelo organismo, e esse hormônio, conhecido como o hormônio do estresse, nos deixa em estado de alerta. Ou seja, é mais difícil relaxar e cair no sono.