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Geração Dopamina: por que buscamos o próximo pico de prazer?

Vivemos a era da Dopamina: hiperestimulados, viciados em prazer rápido e insatisfeitos. Entenda o impacto da “geração dopamina” no nosso cérebro

Por Amanda Guimarães
23 nov 2025, 16h00
geração dopamina
Geração Dopamina: por que buscamos o próximo pico de prazer? | (freepik/Freepik)
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Vivemos na era da Dopamina. Seja nas redes sociais, no sexo, na comida ou nas relações, estamos sempre atrás da próxima dose. Essa é a marca da Geração Dopamina, viciada em prazer imediato e sempre em busca do próximo pico de prazer.

Seja nas redes sociais, no sexo, na comida ou nas relações, estamos sempre atrás da próxima dose. Mas o que está por trás disso?

O que é a dopamina e por que ela nos vicia?

A dopamina é o neurotransmissor da expectativa. Diferente do que muitos pensam, ela não está diretamente ligada ao prazer em si, mas sim à antecipação do prazer.

É aquela faísca química no cérebro que nos faz buscar recompensas. Ou seja, não é quando você come um chocolate que ela explode, mas, sim, quando você pensa em comer o chocolate, abre a embalagem e sente o cheiro.

É aí que está o perigo: quanto mais vivemos baseados na antecipação, menos prazer encontramos na experiência em si.

Isso explica por que ficamos tão viciados em estímulos rápidos, como redes sociais, pornografia e junk food: estamos sempre correndo atrás da próxima dose de dopamina, sem nem perceber que o verdadeiro pico vem da antecipação e não da experiência em si.

Por que estamos vivendo a Geração Dopamina?

Atualmente, tudo que buscamos é para maximizar as chances de prazer e reduzir as possibilidades de dor.

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Historicamente, já tivemos momentos parecidos, como os estoicos gregos e a onda de hedonismo no pós-Segunda Guerra Mundial, por exemplo.

Mas nunca tivemos tanto acesso a estímulos – e isso tem transformado a forma como nosso cérebro percebe o prazer.

Ainda que prazer e sexualidade sejam coisas diferentes, dentro do meu trabalho como cartomante e terapeuta holística, guiando grupos de mulheres, é impossível falar de dopamina e prazer sem falar sobre como nos relacionamos com a sexualidade.

Para chegar nesse ponto de entendimento da correlação entre dopamina, sexualidade e a dificuldade de atingir prazer – mesmo tendo tantas opções disponíveis, acho importante explicar o que é a dopamina e quais os efeitos dela no nosso corpo.

Os perigos do excesso de dopamina no cérebro

O problema de viver no primado da fantasia é que, quanto mais alimentamos a expectativa, mais difícil se torna sentir prazer real.

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Isso porque o nosso cérebro funciona em um sistema de compensação: ele sempre busca equilíbrio entre estímulos e respostas.

Quando nos bombardeamos com superestímulos – redes sociais, pornografia, comida ultraprocessada, notificações, aplicativos de namoro –, a dopamina é liberada em picos cada vez mais altos.

O problema? O cérebro se adapta e reduz a sensibilidade aos estímulos.

O resultado disso é um ciclo vicioso de insatisfação. Quanto mais dopamina buscamos, mais difícil se torna sentir prazer de forma natural. E isso tem impactos diretos na sexualidade e no nosso bem-estar.

1. A hiperssexualização e a dificuldade de sentir prazer

Vivemos a era da hiperssexualização. A ironia? Nunca se transou tão pouco. Pesquisas mostram que as novas gerações estão fazendo menos sexo do que as anteriores.

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Um estudo da Universidade de Chicago revelou que 23% dos jovens entre 18 e 30 anos nos EUA não tiveram nenhuma experiência sexual no último ano, um aumento significativo em relação às décadas anteriores.

E não é só a quantidade que está mudando, mas também a qualidade da experiência sexual. Cada vez mais pessoas relatam dificuldade em se conectar com o próprio desejo, disfunção erétil induzida por pornografia e falta de libido.

O motivo? O cérebro acostumado a estímulos rápidos e intensos perde a capacidade de sentir prazer em interações reais e mais sutis.

2. Dopamina e o vício em estímulos rápidos

Outro efeito colateral do excesso de dopamina é que ele nos torna dependentes de gratificação instantânea.

  • Se uma conversa se torna entediante, basta pegar o celular.
  • Se um vídeo demora mais de cinco segundos para prender a atenção, deslizamos para o próximo.
  • Se um encontro real não entrega a intensidade esperada, é mais fácil recorrer a um estímulo digital do que se abrir para a complexidade do desejo humano.
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Isso cria um padrão de impaciência crônica, onde experiências mais lentas – como construir intimidade, aprender algo novo ou simplesmente curtir o momento presente – parecem desinteressantes.

Nosso cérebro fica condicionado a picos rápidos de dopamina e perde o interesse por tudo que exige esforço e tempo.

3. O esgotamento do sistema de prazer

Quando estamos sempre ativando o sistema de recompensa do cérebro, chegamos a um ponto de exaustão dopaminérgica. Isso pode se manifestar como:

  • Baixa motivação e falta de prazer nas coisas comuns (trabalho, lazer, relações afetivas)
  • Dificuldade de sentir tesão em experiências reais
  • Desinteresse por sexo, mesmo em pessoas com libido alta no passado
  • Cansaço constante e procrastinação

Nosso cérebro, que antes se excitava com pequenas doses de prazer, passa a precisar de estímulos cada vez mais intensos para reagir – e ainda assim, o prazer dura menos tempo.

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Existe saída para a Geração Dopamina?

Sim! Na vida tem jeito pra tudo, só não tem pra morte. Dito isso, o remédio para o excesso de dopamina envolve, entre outras coisas, uma redução na busca por estímulos. E é aí que mora o problema (e a solução também!).

Nos últimos anos, temos visto um aumento exponencial na busca por retiros espirituais, desintoxicação digital, minimalismo e práticas de atenção plena como forma de escapar do frenesi dopaminérgico.

O mercado de bem-estar explodiu vendendo a ideia de que a solução para o nosso esgotamento está em silenciar notificações, meditar ao nascer do sol e adotar um estilo de vida mais simples e conectado com o presente.

E de fato, há algo de verdadeiro nisso: reduzir estímulos, seja diminuindo o consumo de pornografia, saindo do ciclo vicioso das redes sociais ou simplesmente reaprendendo a se entediar, pode ajudar o cérebro a reequilibrar seu sistema de recompensa.

É por isso que vemos cada vez mais gente se desconectando para tentar recuperar o prazer em experiências mais autênticas – e o boom de retiros de silêncio, viagens para o meio do mato e “detox de dopamina” reflete exatamente essa necessidade.

Mas aqui entra uma crítica importante: quem pode se dar ao luxo de desacelerar?

O privilégio do detox

A maior ironia desse movimento é que, enquanto uma parte da população está refém da dopamina porque precisa estar sempre conectada – seja por trabalho, estudo ou simplesmente pela luta diária de sobreviver –, outra parte pode pagar (e caro!) para se isolar e “redefinir” seu cérebro.

Fazer um retiro na Chapada dos Veadeiros ou passar uma semana sem celular num templo zen na Bahia é incrível, mas acessível para poucos.

A solução para o esgotamento gerado pelo excesso de estímulos muitas vezes se transforma em um luxo de classe média-alta e alta, reforçando desigualdades estruturais.

Enquanto algumas pessoas se sentem ansiosas devido ao excesso de escolha, outras mal têm o direito de parar para sentir prazer. O problema não está só na dopamina – está no sistema que cria estímulos viciantes para uns e nega o direito ao descanso para outros.

No fim das contas, o verdadeiro desafio não é só reduzir os picos de dopamina, mas entender por que vivemos num modelo que nos obriga a estar sempre estimulados – e quem lucra com isso.

O caminho para um prazer mais profundo e real não está só no detox digital, mas na construção de um mundo onde todo mundo tenha o direito de viver (e não apenas produzir e consumir).

Como se reconectar com o prazer real

Se o excesso de dopamina nos prende num ciclo vicioso de busca infinita por estímulos, a saída está na reaprendizagem do prazer em suas formas mais simples e genuínas. Pequenos passos fazem a diferença:

O prazer real não vem da dopamina desenfreada, mas da capacidade de estar inteiro na experiência, sem precisar do próximo pico para se sentir vivo.

Amanda Guimarães

Amanda R. Guimarães é cartomante, terapeuta holística e comunicadora, unindo tarot, bruxaria natural e aromaterapia para promover autoconhecimento. Host do Entre Tapas & Cartas, capacita minorias e inspira jornadas pessoais.

arguimaraes19@gmail.com

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