Fisioterapia pélvica: o que é e benefícios
Essa especialidade da fisioterapia visa trabalhar tudo que fica na região baixa do abdômen
Se engana quem acha que a fisioterapia pélvica é indicada apenas para gestantes, que tendem a perder força no assoalho pélvico conforme o avanço da gravidez.
A partir de exercícios específicos, essa especialidade também é indicada no tratamento e prevenção de homens e mulheres com disfunções sexuais, no tratamento de incontinência e contra as dores na região pélvica e abdominal.
“A fisioterapia pélvica atua nas disfunções do assoalho pélvico (um conjunto de estruturas, ligamentos, fáscias e vários músculos que revestem a abertura inferior da bacia), que podem estar relacionadas a problemas urológicos, ginecológicos, proctológicos e/ou sexuais. Essas disfunções podem acometer mulheres e homens de qualquer idade, inclusive crianças”, explica a fisioterapeuta Gabriela Olbrich de Souza.
PROBLEMAS NO ASSOALHO PÉLVICO
Essa região está envolvida em:
- Sustentação dos órgãos pélvicos;
- Controle de esfíncters uretral e anal auxiliando a continência urinária e fecal;
- Função sexual;
- Trabalho de parto;
“Portanto, uma disfunção no assoalho pode acarretar em problemas como incontinência urinária, fecal ou de flatos (gases), constipação, prolapsos genitais — que é a descida de um órgão genital, popularmente conhecido como ‘bexiga caída’, dores durante a relação sexual, entre outros”, acrescenta Souza.
COMO FUNCIONA A FISIOTERAPIA PÉLVICA
Após a avaliação das condições apresentadas pelo paciente, o fisioterapeuta prepara uma série de exercícios de relaxamento e contração, a fim de promover a reabilitação da região do assoalho pélvico, garantindo força, resistência, recuperação, potência e até mesmo o relaxamento dos músculos desta região.
Há também a associação com aparelhos de estimulação elétrica. Contudo, a estimulação elétrica é contraindicada para pacientes com implante metálico e/ou com DIU de cobre.
“A fisioterapia pélvica é muito individualizada, então após uma avaliação minuciosa que inclui anamnese e avaliação física (tipo a da ginecologista, mas avaliando a função muscular), o profissional prepara uma estratégia de tratamento com exercícios que são realizados no consultório e em casa”, indica a fisioterapeuta pélvica e sexóloga Giovanna Fornasari.
De acordo com a Dra. Calomeny, em muitos casos, a resposta clínica aos exercícios e estimulação elétrica já trazem resultados positivos ao paciente, evitando assim o tratamento medicamentoso e até o procedimento cirúrgico para casos de problemas no assoalho.
Sem a avaliação adequada, os exercícios de fisioterapia pélvica podem agravar o problema.
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NA GRAVIDEZ
Ainda que indicada para diferentes disfunções, na gravidez, a fisioterapia pélvica é indicada para o pré e pós-parto, na preparação para o mesmo e até na recuperação mais rápida da mulher no puerpério. “A fisioterapia pélvica é indicada desde o início da gravidez, pensando no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, que vai ficando sobrecarregado conforme o avanço da gravidez e o peso da barriga. Mais próximo do parto, os músculos do períneo vão relaxando e a fisioterapia é ideal para reforçar o fortalecimento e até mesmo evitar a incontinência urinária”, diz a médica ginecologista Dra. Taís Calomeny.
Além disso, Fornasari acrescenta que, na gestação, a fisioterapia pélvica também é indicada para:
- Prevenção de incontinência urinária;
- Prevenção de prolapso (bexiga caída);
- Treino expulsivo;
- Minimizar as lacerações;
- Orientar da gestante como previnir dores;
- Orientar o acompanhante que vai entrar no parto;
- Tratar dores;
- Manter intestino funcionando;
- Aliviar a falta de ar;
- Ganhar mobilidade da pelve.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE FISIOTERAPIA PÉLVICA E POMPOARISMO?
“A fisioterapia pélvica é uma especialidade dentro da fisioterapia com o objetivo de reabilitar funções e prevenir disfunções urológicas (relacionadas ao xixi), coloproctológicas (relacionadas ao coco) e ginecológicas (tudo que envolve a vagina, como questões sexuais, parto, dor, pós parto, etc..). Tudo isso com um olhar para o assoalho pélvico. Já, o profissional de pompoarismo não trata patologias, por não ter a bagagem e a visão clínica de avaliar as funções acima citadas.
Tanto o pompoarismo quanto o fisioterapeuta pélvico tem sua importância, porém quando se trata de restabelecer a função, como é o caso das incontinências urinárias e fecais; prisão de ventre, dor na relação sexual, dificuldade na penetração ou qualquer outro problema relacionado com a pelve, o fisioterapeuta é o mais indicado para atuar na reabilitação. Podemos dizer que algumas vezes fazemos um pompoarismo com ciência para prevenção de disfunções ou melhora do desempenho sexual”, finaliza Fornasari.