Fazer um cruzeiro vale a pena? O que você precisa saber sobre
Nossa colaboradora Marcela De Mingo esteve uma experiência a bordo do MSC Preziosa e conta todos os detalhes
Imagine um prédio que flutua. Parece absurdo, certo? Curiosamente, existem muitos deles oceano afora, no mundo inteiro. Sim, estou falando de navios de cruzeiros. Eu, particularmente, nunca tinha colocado os pés em um desses – isso, claro, se você não contar as inúmeras vezes em que assisti Titanic ao longo da vida -, e sinto que falhei miseravelmente em conter a empolgação ao perceber que, sim, é possível colocar um prédio de 18 andares sobre a água.
Mas não estou sendo precisa, é claro. O prédio está mais para um resort completo. Fui convidada pela equipe da MSC Cruzeiros para participar de uma viagem de alguns dias, entre 31 de março e 3 de abril, a bordo do Preziosa, uma monstruosidade de mais de 330 metros de comprimento e 67 de altura. É tão grande que não cabia em uma foto vertical tirada com o celular.
A curiosidade me levou pela mão do momento em que recebi o convite até o fim do passeio: afinal, por que as pessoas fazem cruzeiros? O Preziosa é um navio com mais de 1700 cabines e capacidade para 4.300 hóspedes. O que levava esse tanto de gente para o alto-mar?
ENTRETENIMENTO PARA TODA A FAMÍLIA
Desconsiderando a trilha sonora de Titanic, que tocava em loop na minha cabeça, comecei a entender o porquê de tantas famílias, principalmente, amarem a ideia de um cruzeiro. Um navio desse porte pode ser mais precisamente descrito como um resort sobre as águas.
No total, a embarcação conta com 5 piscinas, 12 hidromassagens, um toboágua de 120 metros de comprimento (e que passa sobre o mar), um teatro com shows estilo Broadway com capacidade para 1500 pessoas, 17 bares e lounges, restaurantes, academia, discoteca… Até mesmo um spa, com saunas secas e salas de massagem.
É impossível não encontrar algo para fazer no navio. Passar o dia na piscina, na área de recreação infantil (para as crianças, no caso), fazer um lanchinho no buffet ou em um dos restaurantes, fazer aulas de ginástica, correr na academia, assistir a um filme (ou um show) no teatro… a todo momento o navio vibrava com uma série de atividades que são o paraíso das férias escolares – para os pais e para os filhos.
O interessante foi observar também, que as famílias que apostaram no cruzeiro eram numerosas. Pai, mãe, filhos, avós, primos… Muitas famílias grandes usavam a oportunidade como um espaço de confraternização, uma forma de aproveitarem alguns dias juntos em um mesmo ambiente – mesmo que fazendo atividades distintas.
Considerando que ninguém tem para onde ir a não ser os próprios ambientes do navio, é compreensível o porquê de tanta agitação. A ideia é que os hóspedes não fiquem nas cabines, elas são apenas o lugar onde vão dormir ao fim do dia – se é que ele acaba. As festas e a balada, principalmente, vão longe na madrugada e é muito fácil trocar o dia pela noite ali.
É POSSÍVEL RELAXAR EM UM NAVIO?
Eu participei de uma experiência diferenciada no Preziosa. O convite foi para me hospedar no Yatch Club, uma área de luxo, acessível apenas para os hóspedes dessa categoria. Ali, menos gente e muito mais silêncio.
As cabines são realmente luxuosas: amplas, com camas gigantescas, varanda, sofá, e um sistema all inclusive: até mesmo as bebidas e delícias do frigobar estão inclusos no pacote. Um mordomo fica disponível 24 horas para responder qualquer solicitação, e tudo era pensado para o meu aproveitamento: a cama era arrumada para o dia ou para o descanso e várias delícias eram deixadas a disposição diariamente na cabine – quem não quer degustar um morango com chocolate antes de dormir?
O Yatch Club fica na proa do navio, uma área considerada privilegiada, e conta com um lounge próprio, o Top Sail, onde era possível tomar um café da manhã simples, um chá à tarde ou apenas sentar para drinks à noite.
Todo membro do Yatch Club pode tomar café da manhã, almoçar e jantar no seu restaurante exclusivo – que, no entanto, fica no outro lado do navio, a popa. A comida é bem variada e deliciosa e existem opções vegetarianas e veganas, uma preocupação para quem não come alimentos de origens animais como eu.
Para quem, de fato, busca silêncio e paz, vale a pena o acesso à piscina exclusiva da área Yatch Club, que também conta com duas hidromassagens e um bar com buffet, no último andar do navio. Ali, o silêncio é grande e a possibilidade de relaxamento muito maior.
Hóspedes dessa categoria também têm acesso exclusivo ao MSC Aurea Spa, o spa do navio no estilo balinês. Como membro, tive acesso livre à área termal, composta pelas saunas secas, sala de gelo e cadeiras aquecidas. O combo é, realmente, muito relaxante e uma experiência por si só. O spa é aberto ao público geral do navio, no entanto, apenas membros Yatch Club podem usar a área termal livremente.
AFINAL, VALE A PENA FAZER UM CRUZEIRO?
Como tudo na vida, a resposta é: depende. A experiência mostrou que é preciso um objetivo claro – e um orçamento adequado – para aproveitar verdadeiramente a viagem. Para famílias, essa é, de fato, uma viagem bastante interessante e, com certeza, vai render boas memórias.
Quem busca paz e silêncio talvez prefira se hospedar na área de luxo, o Yatch Club, que oferece um pouco mais de calmaria e exclusividade. Os ambientes comuns do navio costumam ser bastante agitados e barulhentos, especialmente entre a tarde e à noite, quando a vida social por lá começa a borbulhar.
Quem é da festa com certeza encontra a festa. Quem é dos bons drinks também. Mas saiba que será necessário cruzar com todo mundo para acessar os diferentes bares e restaurantes, o que pode, talvez, quebrar um pouco a magia do relaxamento, caso essa seja a sua meta.
E, claro, a pergunta que não quer calar: e o enjoo? Verdade seja dita, o clima não foi meu amigo durante a minha primeira viagem de navio – e talvez por isso pesadelos com icebergs e naufrágios me tomaram a mente durante as três noites que dormi por lá. O dia de navegação – aquele em que a embarcação passa o dia inteiro em alto mar -, desafiou as minhas refeições a continuarem no estômago e dormir naquela primeira noite foi uma aventura: acordei mais de uma vez por causa da vertigem causada pelo agito do mar. Importante levar medicamentos adequados para lidar com esses desconfortos se você é sensível.
Por conta do mau tempo, o roteiro teve que ser alterado e ao invés de atracarmos em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, paramos em Ilhabela, no litoral de São Paulo. Com o navio parado, é bem mais tranquilo ir de um lado a outro e aproveitar o que ele tem a oferecer – e me passou pela mente que todas as atividades também serviam como uma ótima distração para o vai e vem gerado pelo movimento da água.
No geral, foi uma experiência maravilhosa e única – observar a escuridão completa da janela da cabine, como nunca antes na vida, foi um dos cenários que mais me marcou, dentro tudo o que eu poderia notar em um navio -, e definitivamente repetiria a dose, dependendo do contexto. Só espero que, da próxima vez, o mar não exija mostrar a sua capacidade de desafiar as leis da física e o meu equilíbrio sobre duas pernas.