Fadiga pandêmica: os efeitos da pandemia na nossa saúde mental
Especialista analisa comportamento gerado pela quarentena: misto de esgotamento e apatia dominam
Fadiga pandêmica é apenas um dos muitos nomes que tivemos que aprender recentemente. Poucos meses depois da primeira onda de Covid-19 completar um ano aqui no Brasil, algumas emoções permanecem na rotina das pessoas, agora com um agravante: o sentimento de esgotamento.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a fadiga da pandemia já afeta cerca de 60% da população mundial. Para a psiquiatra Maria Francisca Mauro (@mariafranciscamauro), Mestre em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), isso acontece por conta da falta de prazo para a resolução desse problemão que o país vive.
Mas o que é a fadiga pandêmica?
Justamente a sensação de cansaço extremo, que pode vir acompanhada de:
- Tristeza;
- Apatia;
- Dificuldade para estabelecer uma rotina;
- Perda de interesse;
- Indiferença aos fatos e acontecimentos;
- Pensamento de que a vida só vai acontecer para valer quando tudo isso passar.
A especialista complementa que alterações no sono e dificuldade para dormir também são sintomas do problema. “O apetite diminui, não há horários para as refeições. O contrário também é válido: comer demais como uma ‘recompensa’ para aliviar o desconforto emocional”, afirma.
Os sinais podem evoluir para quadros mais sérios, como depressão, crises de pânico ou ansiedade e abuso de substâncias químicas.
O que causa a fadiga pandêmica?
Geralmente ela acontece por uma soma de problemas do dia a dia, que se repetem e deixam a gente desmotivada. “Alguns exemplos são a dificuldade de aprendizado das crianças, sobrecargas no trabalho e impossibilidade de eventos sociais que dão prazer.”
Perigos
Sentir que você já deu o seu máximo para se adaptar ao contexto da pandemia e, ao mesmo tempo, não encontrar soluções para driblar ou superar todas as mudanças é extremamente delicado. Além do surgimento dos sintomas acima, pode ficar cada vez mais difícil respeitar o isolamento social.
“Ao longo dos meses, aquela ameaça iminente vai ganhando um contorno menos aflitivo. O que era tão desconhecido e aterrorizador vira rotina. O cérebro se adapta aos estímulos de desconforto, diminuindo as respostas de sensação de ameaça que eram tão intensas no início”, diz a profissional.
É por isso que vemos gente se recusando a usar máscara ou indo a festas e comemorações públicas: muitas delas estão buscando fugir da fadiga da pandemia. Mas essa não é, nem de longe, a forma mais responsável de lidar com a questão.
O que fazer então?
“É preciso acompanhar os fatos e estudar como os outros países estão enfrentando a pandemia. Ao concluir que a solução não é tão mágica quanto a ‘imunidade de rebanho’, a gente consegue manter o esforço diário.”
Apostar em práticas que trazem um ar de novidade para a sua rotina também pode ajudar. Confira algumas alternativas para driblar a fadiga pandêmica em nossa matéria.