Estresse: Atividade física pode ajudar a controlar o problema
No Dia Mundial de Combate ao Estresse, psiquiatra explica os efeitos negativos que o problema pode trazer à saúde dos indivíduos e como lidar com ele
23 de setembro é o Dia Mundial de Combate ao Estresse. A data tem o objetivo de conscientizar a respeito desse problema que pode causar malefícios ao bem-estar e à qualidade de vida dos indivíduos.
O estresse é ocasionado por diversos fatores, que podem ser externos ou internos, e pode desencadear sintomas como apreensão, fadiga, inquietude física e mental, irritabilidade, dificuldade de concentração, entre outros.
No geral, o estresse consiste em uma reação natural do organismo que surge quando estamos diante de um perigo ou de uma ameaça.
O cortisol pode ser considerado um hormônio diretamente relacionado com o estresse, uma vez que ele é liberado no organismo para nos preparar para lidar com situações que envolvam ameaças ou crises.
De acordo com Marcus Zanetti, psiquiatra e doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, o estresse é “definido como um estado de ameaça ao equilíbrio homeostático do organismo, desencadeado por diferentes fatores externos ou internos, reais ou percebidos, e que são chamados de estressores”.
Em relação aos “estressores”, o médico esclarece que existem vários em nossa vida, sendo que eles podem ser de diferentes naturezas e, muitas vezes, imprevisíveis. “As pessoas diferem em sua capacidade de gerenciar situações estressantes e também na predisposição a desenvolverem transtornos mentais quando diante de uma situação adversa”.
Logo, é fundamental que as pessoas saibam a importância de gerenciar o estresse para conseguir desfrutar do bem-estar. “É fundamental perceber que a nossa mente possui um automatismo e que muitas pessoas não percebem este movimento natural da nossa mente, se deixando levar por preocupações exageradas e crenças distorcidas de forma pouco reflexiva”, inicia.
“Muitas vezes, não é a situação em si que gera a ansiedade, mas sim as interpretações a respeito da situação e que determinam sentimentos, reações fisiológicas e comportamentos, amplificando a resposta ao estresse. Este é o foco de intervenção da maioria das técnicas de psicoterapia”, completa o médico, ressaltando a relevância de contar com o auxílio de profissionais da saúde mental para lidar com o estresse.
Ajuda dos profissionais da área da saúde
Segundo ele, os psiquiatras e psicólogos podem ajudar os pacientes de diversas formas:
“Educando sobre o processo de resposta ao estresse, seus fatores associados e técnicas de autorregulação emocional, avaliando a existência de algum transtorno mental e orientando o tratamento adequado, sendo que ele pode incluir desde orientações visando a melhora dos hábitos de vida, psicoterapia e, eventualmente, o tratamento farmacológico, quando indicado”.
Ao lidar com o estresse, o indivíduo pode desenvolver ansiedade e ter que enfrentar um estado emocional desconfortável.
“Pessoas pouco ansiosas tendem a ser mais passivas, por exemplo. Em um outro extremo, pessoas ansiosas podem apresentar uma reação ao estresse desproporcional/exagerada, ocorrendo por vezes de forma persistente mesmo na ausência de um estressor ou quando este já deixou de existir”, explica o psiquiatra.
Consequências
Quando o estresse não é adequadamente tratado, ele tende a provocar consequências negativas para a saúde física dos afetados, favorecendo o surgimento de doenças autoimunes, dermatológicas, gastrointestinais e outras.
“O estresse crônico tende a evoluir para um estado de esgotamento ou até mesmo de depressão. Além disso, impacta de forma muito negativa diferentes sistemas fisiológicos do corpo, podendo contribuir para o desenvolvimento de diferentes condições de saúde, incluindo doenças autoimunes, dermatológicas, cardiovasculares, gastrointestinais, dor crônica, síndrome metabólica e câncer”.
Marcus Zanetti alerta que o estresse também prejudica a saúde mental. “O estresse é um gatilho inespecífico de piora de praticamente todos os transtornos mentais, por exemplo, depressão, bipolaridade, transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo e esquizofrenia”.
Dicas para lidar com o problema
Para lidar com esse problema, é essencial manter hábitos de vida saudáveis, como ter uma alimentação balanceada, se exercitar e possuir uma boa higiene do sono.
Na alimentação, o recomendado é priorizar o consumo de verduras, legumes, cogumelos, grãos, castanhas, frutas, azeite de oliva, frango, peixes e evitar alimentos refinados, margarina, frituras e doces.
Além de auxiliar no controle do estresse, a atividade física é uma aliada para minimizar os impactos que ele pode causar no organismo, pois, segundo o médico, ela “estimula a produção de endorfinas e neurotrofinas no cérebro, melhorando o humor, exerce efeitos positivos nos sistemas cardiovascular, digestivo e imune e melhora a resposta hormonal e metabólica, com efeitos positivos no emocional e cognição”.