Quem me vê na sessão de hortifrúti do supermercado não imagina que até dois anos atrás minha filosofa de vida era “refrigerante e fritura todos os dias”. Hoje, até minha filha pequena segue o meu novo cardápio: come cenouras e abobrinhas sem fazer careta. Antes, banana era a única fruta que entrava em casa.
Por isso, o meu filho de 13 anos não aprendeu a se alimentar de forma saudável. Agora, corro atrás para reeducar o paladar dele, que quer começar a frequentar a academia. Já avisei que só pago a matrícula depois que ele mudar o que coloca no prato.
Não pense que eu sou neurótica. Toda essa preocupação com os meus filhos tem um motivo. Quando criança, meu apelido era “papa-tudo”. Até minha família me chamava assim! Lembro que escondia pacotes de biscoito no guarda-roupa e os devorava quando ninguém estava olhando. Com o tempo, a minha vaidade me obrigou a entrar em forma. O problema é que optei por um caminho nada saudável. Seguia dietas malucas, que restringiam minhas refeições a sucos e bolachas de água e sal. Cheguei a passar a semana toda só na sopa. E, já que fazia natação e vôlei, acabei ficando magrinha. Tudo errado!
Casei aos 19 anos com 51 quilos e logo tive meu primeiro filho. Como ainda cursava a faculdade, não sobrava tempo para nada. Meu marido também era sedentário e fomos engordando juntos.
Aos 32 anos, engravidei de novo. Consegui deixar de lado a bebida alcoólica e o refrigerante, mas os doces… Precisava deles todos os dias.
A gula pelo açúcar e a preguiça de ir à academia colocaram minha saúde em risco. Mas nem os exames indicando pré-diabates e anemia me fzeram mudar. Mais um pesadelo: a balança apontava 84,5 quilos no nono mês da gestação. O clique veio quando meu marido disse: “Amor, você está acima do peso. Precisa se cuidar”. A solução imediata foi a mais fácil. Passei por uma abdominoplastia, que diminuiu centímetros e retirou as estrias da barriga. Só que, na verdade, eliminei apenas 2 quilos, por isso os braços e o rosto continuaram gordinhos.
Eu sabia que precisava começar essa revolução por outro lugar: pela cabeça. O primeiro passo foi mandar embora a preguiça e praticar pilates três vezes por semana. Depois, uma nutricionista funcional ajudou a transformar o meu paladar. Aos pouquinhos, cortei alguns vícios, como pizza e refrigerante. Não adianta ser radical, viu? Se você tira tudo de uma vez, acaba se boicotando. Troquei os ingredientes tradicionais por versões mais saudáveis: farinha de coco, biomassa de banana, molho de tomate caseiro e arroz integral.
Duvidaria se dissesse à Simone lá de trás que um dia iria amar academia. Pois tenho até um personal trainer! Intercalamos os exercícios de musculação com tiros na bike ou na esteira. Se passo um dia sem malhar, sinto que ficou faltando algo. A exceção é o final de semana. Não vou mentir: apesar de me sentir bem melhor, nem sempre é fácil. Como meu objetivo atual é ganhar massa magra para reduzir a facidez, tenho que seguir um cardápio mais restrito. As pessoas julgam muito as nossas escolhas. Elas ainda não estão acostumadas com marmitas. Preciso ter muita disciplina. Mas quer saber? Mantenho o foco e sou feliz!