Por mais nublada que esteja a realidade, se esforçar para ver uma luz no fim do túnel tem efeito transformador
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Todo mundo tem dias em que acorda de baixo-astral, achando que alguma coisa vai dar errado, e outros em que parece que nada vai impedir a nossa felicidade. É humano, normal e bem comum nessa época de recomeço: juntamente com as expectativas e o frescor de um novo ano, vem o medo de não dar conta de realizar o que a gente quer, de não dar tempo, não dar certo…
Qual o segredo para driblar a insegurança e não desanimar no meio do caminho? Pensar positivo e ir em frente. Mas calma lá: não se trata de cruzar os dedos e repetir como um mantra que tudo vai acabar bem. É preciso agir. “Em vez de apostar no otimismo como uma solução mágica, você deve transformar o pensamento em motivação para realizar seu desejo. Arrumar um namorado, emagrecer ou fazer a viagem dos seus sonhos”, por exemplo, fala a psicóloga Angelita Corrêa Scárdua, de Vitória.
Fé no futuro
Sejamos realistas: problemas sempre vão existir. A maneira como você os enfrenta é que faz toda a diferença. “Enquanto o pessimista acredita que é a pessoa mais azarada do mundo e que tragédias só acontecem com ele, o otimista vê o conflito como parte da vida e procura nele uma oportunidade para crescer”, explica a especialista em comportamento humano Roselake Leiros, da CrerSerMais, em São Paulo.
Ok, há situações que parece impossível encarar de um jeito positivo. Como ser demitida, por exemplo. No entanto, em vez de se isolar com vergonha da situação ou medo de gastar as economias, uma atitude otimista seria aproveitar o tempo livre para estudar e se preparar para uma próxima oportunidade de trabalho.
Otimismo no DNA?
Por que algumas pessoas encaram a vida com leveza enquanto, para outras, é duro não pensar que, em algum momento, algo vai desandar? A genética tem parte da resposta.
Um estudo de 2009 realizado pela psicóloga britânica Elaine Fox, da Universidade de Essex, revelou que pessoas que carregam um determinado gene associado ao transporte de serotonina no cérebro têm mais predisposição a focar nos aspectos positivos da vida, já que o neurotransmissor é responsável por regular o humor e a sensação de prazer.
De acordo com o levantamento, quem não conta com o tal gene do otimismo apresenta maior potencial para sofrer de depressão. Mas isso não é desculpa para cruzar os braços e esperar que o universo faça sua parte. Mesmo com o aval da ciência, os especialistas concordam que a genética pesa pouco na formação da personalidade otimista. O que conta mesmo é o compromisso de cada um com a felicidade.
Melhor do que remédio
Não bastasse o lucro emocional de escolher ver a vida pelo lado bom, a ciência já provou que, com isso, você também sai ganhando em saúde e longevidade. A conclusão é da pesquisadora Hilary Tindle, da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Na pesquisa conduzida com mulheres em 2009, ela descobriu que as mais otimistas e felizes tinham menos risco de desenvolver doenças do coração, pressão alta e diabetes. O porquê: “Pessoas mais positivas lidam melhor com o stress, tendem a se cuidar mais e responder melhor a tratamentos médicos”, explica Hilary no estudo. “Elas se exercitam com mais frequência, fumam menos e têm um estilo de vida que reflete na saúde.”
Você também fica mais bonita quando está de bem com a vida. É que, mantendo distância do stress e da tristeza, você evita as alterações hormonais e a geração de radicais livres que aceleram o envelhecimento e resultam no aparecimento de rugas, manchas, oleosidade e perda de elasticidade cutânea. Fora as doenças manifestadas na pele e associadas às emoções, como psoríase e alergias.
Causa (não efeito) do sucesso
Suas chances de ir mais longe na carreira, assim como nos anos de vida, é outra consequência do pensamento positivo. “A disposição para experimentar coisas novas e solucionar problemas e a autoconfiança são características típicas da pessoa otimista e bastante valorizadas no ambiente profissional”, fala Angelita. “E, como ela tende a ser mais sociável e produtiva, também tem mais chances de ser bem-sucedida no trabalho.”
Quando o otimismo é demais
Pensamento positivo não faz mal a ninguém, certo? Quase sempre a regra é essa, mas, quando ele é exagerado e não vem acompanhado de ação (e uma dose de pé no chão), pode se tornar um problema. Como no caso daquela amiga que insiste em dizer que as brigas no casamento, que duram anos, são apenas uma fase. Ou a outra, que vive endividada, mas não deixa de gastar fortunas em sapatos, como se não houvesse nada errado.
“O otimismo excessivo é uma estratégia de defesa de quem, no fundo, não quer enfrentar o problema real”, fala Angelita Scárdua. “Alimentando a ilusão de que a crise não existe, você adia a solução do problema e só faz o conflito crescer.”
1. Tome posse de suas conquistas.
Recebeu um elogio do chefe? Não pense que ele só está de bom humor ou tem segundas intenções. Aquele gato a convidou para sair? Não ache que ele não tem companhia melhor, mas que está, sim, a fim de ver você. Você merece tudo de bom.
2. Acumule alegrias.
Assista uma comédia romântica, veja um programa bobo na tevê, escute uma música dançante, fale besteira com as amigas. Abrir espaço para o divertido da vida ajuda a levar as coisas menos a sério e afastar atitudes negativas.
3. Troque ideias.
Dividir seus pontos de vista e escutar opiniões diferentes sobre um mesmo tema são maneiras de se conhecer melhor, valorizar-se e ver a vida sob outra perspectiva.
4. Evite palavras negativas.
Cuidado com frases do tipo: “Não tenho mesmo sorte com os rapazes”, “Era muito bom para ser verdade” ou “Eu não mereço tudo isso”. Por mais que sejam da boca para fora, elas acabam convencendo seu cérebro e, aos poucos, destruindo a sua autoconfiança.