Afinal, desodorantes e antitranspirantes podem causar câncer de mama?
Até agora, não existem comprovações científicas que liguem o uso de antitranspirantes e desodorantes ao câncer de mama
Há anos os desodorantes são alvo de uma polêmica: será que as suas fórmulas com alumínio podem causar câncer? A conversa sobre o assunto se tornou tão comum que os desodorantes naturais começaram a ganhar cada vez mais espaço nas prateleiras de farmácias e mercados, justamente com o argumento de não desencadearem a doença.
No entanto, ao que tudo indica, isso não passa de um mito. E existem muitos estudos para comprovar.
Pesquisas desenvolvidas pela Sociedade Americana de Câncer e pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos mostraram que não existem evidências científicas o suficiente para conectar o uso de desodorantes com o desenvolvimento de alguns tipos de câncer – em especial o câncer de mama.
Apesar de existirem estudos que buscam essa relação, até hoje não foram encontradas evidências o suficiente que mostrem uma relação clara de causa e efeito entre o uso de desodorantes ou antitranspirantes e o câncer.
Uma das pesquisas mais recentes sobre o assunto, desenvolvida em 2017 e publicada no The Lancet, acompanhou 209 mulheres com câncer de mama e 209 mulheres saudáveis como um grupo de controle para comparação.
O estudo mostrava que mulheres que usam cosméticos nas axilas muitas vezes ao dia, começando antes dos 30 anos, podem ter um risco aumentado para câncer de mama. Amostras de tecidos também revelaram que as mulheres com câncer tinham mais alumínio no organismo do que o grupo de controle.
Porém, a problemática, nesse caso, era que o histórico de uso de desodorantes ou antitranspirantes era reportado pelas próprias usuárias, o que pode ser considerado um viés tendencioso, já que as pessoas podem não lembrar exatamente os seus hábitos de uso.
Fora isso, a maioria das mulheres no estudo não sabiam se os produtos que usaram no passado eram antitranspirantes contendo alumínio ou desodorantes com esse ingrediente.
A QUESTÃO DO ALUMÍNIO NOS DESODORANTES
Para entender melhor a questão é importante saber diferenciar desodorantes de antitranspirantes. Os desodorantes são considerados cosméticos que servem para mascarar o odor causado pela transpiração.
Já os antitranspirantes são considerados “medicamentos”, uma vez que possuem ingredientes que trabalham para bloquear os poros e diminuir a transpiração. Alguns produtos são desodorantes e antitranspirantes, mas nem todo desodorante é antitranspirante e vice-versa.
O alumínio é um ingrediente comum nos antitranspirantes – é o que corta a transpiração axilar. Normalmente, os desodorantes não contêm esse ingrediente, o que significa que mudar de um antitranspirante para um desodorante pode diminuir a exposição ao alumínio.
Outro ingrediente conectado ao risco de câncer de mama são os parabenos, conservantes que ajudam a prevenir contra o desenvolvimento de fungos e bactérias de crescerem em cosméticos e outros produtos de cuidados pessoais.
Conhecidamente estão presentes em shampoos e condicionadores e, dizem as pesquisas, podem alterar o metabolismo e interferir na produção hormonal do organismo – o que, por exemplo, causaria câncer.
Qualquer que seja o caso, porém, ainda não existe comprovação de que qualquer uma dessas substâncias de fato cause câncer de mama, e substituir antitranspirantes por desodorantes naturais pode diminuir a exposição ao alumínio e aos parabenos, mas não necessariamente diminuir os riscos da doença, principalmente se houver predisposição genética.