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#ChegaDeHate: sobre redes sociais e a autoestima

Comentários, likes, haters e filtros… Já parou para pensar o quanto as redes sociais afetam a nossa autoestima e a forma como nos vemos?

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h32 - Publicado em 8 out 2021, 19h43
chega de hate
Comentários afetam a pessoa por trás da tela  (BRO vector/Getty Images)
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Em uma revelação polêmica, veio a público que o Facebook sabe o efeito que o aplicativo de fotos Instagram tem na autoestima de meninas adolescentes. A informação foi divulgada recentemente, comprovando que a empresa de Mark Zuckerberg, dono do app, tem estudado, pelo menos desde 2019, o efeito que o aplicativo tem na saúde mental de usuários mais jovens. O resultado foi, de novo e de novo, que ele possui um efeito negativo, principalmente, na autoestima das meninas. 

“Nós pioramos as questões de imagem corporal para uma em cada três meninas”, diz o documento, segundo o Wall Street Journal. “Trinta e dois por cento das meninas adolescentes dizem que quando elas se sentem mal com os próprios corpos, o Instagram faz com que elas se sintam piores”. E isso inclui desde auto comparações com padrões irrealistas de beleza a comentários julgadores que elas recebem nas redes sobre suas aparências.

A internet evoluiu muito desde que se popularizou e o efeito das redes sociais na saúde mental é umas das principais discussões que vemos, inclusive nos próprios aplicativos. É por isso que Boa Forma se une aos demais títulos da Editora Abril para a campanha #ChegaDeHate, um esforço coletivo para criar uma internet mais amigável. Em especial, as publicações buscam estimular a conversa e a troca sem comentários de ódio e ataques, como é comum online. 

Internet, redes sociais e autoestima

#chegadehate
Será que a negatividade das redes está te perseguindo? (woocat/Getty Images)

“O conteúdo da internet estimula a nossa autoestima porque, na verdade, estamos o tempo todo nos comparando”, explica a psicológica Fabiane de Faria, idealizadora da plataforma aterapia. “Pode ser algo que até prejudica a nossa autoestima, e é importante nos lembrarmos o tempo todo que o Instagram, as redes sociais, qualquer coisa que vemos na internet, é um porta-retratos – e nos porta-retratos são colocadas pessoas felizes.”

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A profissional explica ser essencial ter em mente que o que vemos online não é a realidade das pessoas, mas uma parte do que elas vivem. Por isso, o primeiro passo para evitar que a vivência na internet tenha um efeito tão grande na autoestima é lembrar desse recorte que tomamos como verdade. 

A psicóloga diz, ainda, que os efeitos que as redes sociais, especificamente, têm na forma como nos vemos são reversíveis, mas começam com um questionamento individual. “A influência é um gatilho sobre o qual pensamos automaticamente. Então, temos que colocar nesse sistema a capacidade de questionar para conseguirmos reverter essa influência”, explica.

Um ponto importante é que as redes sociais foram desenvolvidas de uma forma muito semelhante às máquinas caça-níqueis que vemos nos cassinos: ou seja, um sistema de estímulo e resposta quase espontâneos, que geram um comportamento de vício. Os likes, os comentários, as menções, e a busca por cada uma dessas respostas online, se tornaram não só esse gancho para o vício nas redes sociais, como um mecanismo de validação social. “Mas a validação tem que ser com nós mesmos, é desenvolver o amor-próprio. Nós não precisamos de plateia para nos autovalidarmos, e é isso que precisamos ter em mente”, diz Fabiane. 

A maneira como fazemos esse movimento de desligamento da validação via redes sociais pode variar – além do primeiro passo de identificação dos recortes, e não da realidade, de cada um em um perfil online, o segundo seria, justamente, usar de vivências ou conversas offline para entendermos qual é, de fato, a validação que precisamos e queremos ter. 

#ChegaDeHate: como tornar a internet mais amigável? 

De comentários maldosos a xingamentos, ataques e até cancelamentos, é difícil pensar na internet, hoje, como um ambiente não-tóxico. No entanto, assim como em qualquer outro ambiente, o seu nível de toxicidade depende das pessoas que estão ali e como elas se relacionam. 

“A internet tem sido vista como um ambiente tóxico porque as pessoas vão para lá sem a capacidade de filtro, sem julgamento”, continua a psicóloga. “As pessoas vão para a internet, tomam aquilo para si, não fazem esse movimento de parar, pensar e questionar.”

Para a profissional, no entanto, é possível também reverter a relação que temos hoje com esse ambiente. “Foram as redes sociais, esse ambiente todo, que nos fortaleceu quando estávamos isolados e nos aproximou das pessoas quando estávamos em pandemia. Pode ser fonte de ajuda, de pesquisa, de conexão com pessoas que passam pelo mesmo problema que nós”, continua ela. “Também pode ser um ambiente fortalecedor.” 

A ideia, então, é entrar na internet já com um filtro. Mas, calma, não é um filtro que altere a aparência ou que, mais uma vez, mostre e capte apenas recortes da vida das pessoas. Esse filtro tem a ver com o discernimento que diz para que e porque uma pessoa vai utilizar esses aplicativos. “É ter a capacidade de filtrar e de utilizar a internet para as coisas boas e não tomar tudo aquilo para si. Colocar a reflexão, o questionamento, no meio do processo”, finaliza Fabiane.

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