Casa clã: debate mostra que a prevenção do HPV é uma questão coletiva
O evento acontece até sábado (11)
Uma plateia não só de mulheres mas também de homens, lotou a sala principal da Casa Clã nesta sexta-feira (10) para ouvir sobre um assunto muito importante para saúde feminina. O talk “Saúde da mulher: conscientização e vacinação contra HPV como melhores caminhos para a prevenção do câncer“ trouxe informações novas para a maior parte do público, nas falas de Andrea Gadelha, oncologista cínica do A.C. Camargo Cancer Center e Marcia Abadi, diretora médica da MSD Brasil.
As convidadas trouxeram, a princípio, números alarmantes: a previsão de incidência de colo de útero na população é de 17 mil novos casos nos próximos 3 anos.
Mas há também uma esperança (unida a um trabalho ativo das empresas, governo e Organização Mundial de Saúde) para frear essa perspectiva e ir até além: a meta para 2023 é que até 90% das meninas até 14 anos tenham sido vacinadas contra o HPV, 70% façam testes de rotina para prevenção e 90% das mulheres afetadas estejam em tratamento. O objetivo final é a erradicação do câncer causado por HPV, que afeta não apenas o colo de útero mas também a vagina, vulva, canal do útero e até o pênis, ânus ou garganta.
“Hoje só existem 2 vacinas que tratam câncer, que é a vacina contra Hepatite B [causadora do câncer de fígado] e a vacina contra o HPV”, explica Andrea.
E é por isso que é tão importante focarmos na vacinação.
A NOVA VACINA
Este mês, como explicaram as profissionais na palestra, foi lançada a nova vacina nonavalente contra o HPV.
“Enquanto a sorovalente só agia contra um tipo de vírus causados do HPV e a quadrivalente age contra 4 tipos, a nonavalente age contra 9 tipos, ampliando a proteção contra a doença para até 90%”, conta Marcia.
Mas isso não significa que quem já se vacinou com as outras ou mesmo quem já teve HPV não pode tomar a nova vacina. Pelo contrário. “Se você já teve ou já tomou, você está protegida apenas contra aquele vírus que te infectou ou que estavam na vacina anterior. Se você tomar agora a nonavalente, sua proteção expande para os outros tipos virais”, conta Andrea.
O TABU DA VACINA
As profissionais reconhecem o desafio de se falar de vacina contra o HPV em uma época em que a cobertura vacinal vem caindo drasticamente, em parte por conta das fake news e movimentos antivacina.
Além disse, há também a associação errônea dessa medida a uma iniciação sexual. “Mas se prevenir não significa que você está incentivando nada além da prevenção. Inclusive, se vacinar antes de iniciar a vida sexual amplia a proteção”, explicam.
Outra crença é que o HPV, por ser passado sexualmente, é apenas transmitido para quem tem uma vida sexual promiscua quando, na verdade, ele pode aparecer com uma exposição de uma única vez e ficar “adormecido” no corpo, apenas se manifestando muitos anos depois.
HOMENS DEVEM SE VACINAR
Tirando dúvidas da plateia, as convidadas esclarecera: o homem deve, sim, tomar a vacina. E não apenas porque a prevenção individual é também uma prevenção coletiva, quando falamos de vírus. Mas também porque o HPV também pode causar câncer na garganta, ânus e até pênis, como falado anteriormente.
“Inclusive, o Brasil é um dos líderes em câncer peniano, que leva até mesmo à amputação do órgão”, esclarece Andrea.
DIFERENÇAS ENTRE O BRCA E O HPV
O gene BRCA é uma mutação genética que indica que a pessoa tem uma tendência a desenvolver o câncer de útero ou de mama. Mas mesmo quem não tem o gene pode desenvolver a doença através do HPV.
“Uma coisa é uma marcação genética e outra é um vírus. Os dois podem levar ao câncer. Mesmo se você não tem tendência, se entrar em contato com uma das formas do vírus do HPV, você pode desenvolver o câncer na região íntima”, explica a oncologista.
COMO TOMAR A VACINA DO HPV
O SUS disponibiliza a vacina gratuitamente para crianças entre 9 e 14 anos. Além de para grupos de risco. Fora dessa faixa, você ainda consegue acesso na rede privada.
“O governo e as entidades devem fazer essa conscientização, uma vez que o gasto não só para a pessoa mas também para a sociedade é muito mais alto no tratamento do que na prevenção”, como explica a oncologista. “Não apenas no tratamento em si é muito mais caro, mas o câncer de HPV pode tirar vidas e isso tem um custo para a sociedade como um todo, tira uma pessoa de uma família e também do mercado de trabalho.”
BRASIL COMO EXEMPLO
Mas, ao final do debate, as duas profissionais entenderam que a perspectiva é positiva.
O Brasil tem o maior programa de imunização do mundo, exemplo para os outros países.
“A gente acredita, sim, na erradicação a partir da prevenção, tenho certeza que a gente vai conseguir. E isso se vê até mesmo pelo nível de interatividade que tivemos nesse talk com o público. As pessoas têm interesse”, diz Marcia.
SOBRE A CASA CLÃ
A Casa Clã vai rolar até o dia 11 de março, e te convidamos para participar do evento. A seguir, você confere todas as informações:
QUANDO: de 8 a 11 de março
ONDE: Casa Higienópolis, na Avenida Higienópolis, 758 – Consolação, São Paulo – SP
Para participar das aulas e talks, é só conferir a programação completa e aparecer na casa!