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Autoestima materna: como lidar com as mudanças da gravidez?

A gestação traz mudanças, e aprender a lidar com elas e o papel dos hábitos é essencial para a manutenção da autoestima materna

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h43 - Publicado em 10 Maio 2023, 08h00
autoestima materna
A autoestima materna passa por desafios principalmente ligados às mudanças no corpo da mulher (cottonbro / Pexels/Divulgação)
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Ser mãe não é simples – na verdade, pode ser um trabalho em tempo integral. E é fato que muitas mulheres se veem diante de altos e baixos quando o assunto é a sua autoestima. Afinal, a gravidez pode ser um período maravilhoso, mas também altera profundamente o corpo e a visão que essas mulheres têm de si mesmas. 

Estrias, aumento de peso, inchaço… As mudanças ocasionadas pelas variações hormonais com certeza interferem na forma como as mulheres se veem e, claro, na sua autoestima. Não é à toa que os índices de depressão pós-parto são tão altos: de acordo com o Instituto FioCruz, a doença acomete mais de 25% das mulheres brasileiras, e esse número aumenta quando se fala em mulheres pardas e de baixa escolaridade. 

É claro também que a depressão pós-parto tem outros motivadores além das mudanças na aparência, mas é praticamente impossível desassociar as alterações geradas pela gravidez de condições como essa – afinal, só podemos falar em bem-estar materno quando falamos, também, sobre autoestima feminina. 

AUTOESTIMA E MATERNIDADE: OS DOIS LADOS

Para a Dra. Paula Fettback, ginecologista especializada em reprodução assistida e infertilidade de alta complexidade, é importante considerar a autoestima feminina segundo dois vieses. O primeiro tem relação com a fertilidade. Por conta das construções sociais, a fertilidade é muito conectada à mulher e não conseguir engravidar é visto como um problema feminino – mesmo que muitos homens também lidem com problemas de fertilidade. Nesse caso, o que acontece é uma espiral de comparação com outras mulheres que torna o processo ainda mais complexo e a autoestima feminina, ainda mais debilitada.    

“O outro viés é da gestante”, continua. “A mulher começa a se sentir menos feminina, menos sexy para marido, para as pessoas, para sociedade em geral. Existe a cobrança e uma mudança fisiológica que, muitas vezes, a própria mulher não aceita e nem o marido – ele para de querer transar com a mulher, de ficar perto quando ela tá sem roupa -, e isso faz com que diminua muito a autoestima da mulher durante a gravidez e, eventualmente, ela até desenvolva uma depressão pós-parto mais grave devido a essas questões relacionadas à sexualidade.” 

autoestima materna
(cottonbro / Pexels/Divulgação)
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QUAIS MUDANÇAS ESPERAR DURANTE A GRAVIDEZ? 

Uma coisa é fato: toda mulher que engravidar vai passar por mudanças no corpo. O grau de mudança varia conforme a predisposição genética e também o estado de saúde dessa mulher ao engravidar. Por exemplo, mulheres que já lidam com hipertensão, obesidade e diabetes antes da gestação verão uma piora desses quadros durante a gravidez. 

“Todas as mulheres vão ter uma diminuição da cintura, redistribuição da gordura e uma abertura dos ossos do quadril, que ficam mais largos. Às vezes, acontecem estrias, dependendo de qual a predisposição dessa mulher e quanto ela ganha de peso, e elas podem ser mais ou menos graves.”

No geral, as principais mudanças que as mulheres podem esperar durante a gravidez são: 

  • Aumento da retenção de líquido
  • Edema (inchaço) 
  • Aumento da estrutura óssea (principalmente do quadril)
  • Diminuição da cintura
  • Edema no nariz
  • Alterações de pele (acne, alergias cutâneas) 
  • Melasma
  • Alteração no umbigo (a cicatriz umbilical fica para “fora”) 
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Após o parto, mulheres que não engordaram mais do que 10 quilos podem facilmente ver o corpo voltar ao que era antes da gestação nos primeiros seis meses de vida do bebê. Já quem engorda mais, entre 20 e 30 quilos, pode ter dificuldades nessa retomada e perceber algumas mudanças como permanentes. 

As estrias, por exemplo, são um desses casos. Dependendo do peso adquirido e do grau da estria, ela não some pós-parto e pode exigir cuidados especializados. O mesmo vale para a diástase abdominal, quando os músculos do abdômen se afastam por conta da expansão da barriga. 

autoestima materna
(Pavel Danilyuk / Pexels/Divulgação)

AUTOESTIMA MATERNA: COMO LIDAR COM AS MUDANÇAS? 

“A melhor maneira é encarar com naturalidade”, diz a médica. “Todas as mulheres que engravidam vão passar por essas mudanças. E não são mudanças só físicas. A mulher que é mãe deixa de ser um pouquinho daquela mulher que era antes para fazer parte da vida do filho. É impossível separar o filho da mãe. E essas mudanças corporais vem relacionadas. É uma troca, e essa troca tem que valer a pena – e ela vale. Ela vem acompanhada da maternidade, do amor que ela vai sentir por toda a vida pelo filho.”

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Fora isso, é importante considerar que as mudanças no corpo da mulher – e, consequentemente, na sua autoestima, também têm relação com os hábitos que ela nutre enquanto está grávida. Manter a rotina de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada é essencial para a saúde da mãe e do bebê e, claro, para facilitar o retorno ao corpo pré-gestação. 

Para a Dra. Paula, as gestações que são planejadas – isto é, o casal que sabe que quer engravidar e construir uma família – precisam de preparo, e esses preparos passam pelo acompanhamento médico e a manutenção de bons hábitos durante os nove meses de gravidez. 

“É preciso tomar o máximo cuidado possível, mas lembrar também que a mulher vai mudar e essa mudança nem sempre vai ser algo ruim. Muitas marcas e mudanças da gravidez nos lembram de coisas boas, que nós somos mães e que valeu a pena”, explica. 

No mais, é importante também ter paciência: o corpo costuma voltar à forma anterior em até seis meses após o parto, dependendo do peso adquirido e da condição de saúde prévia da mulher. Antes disso, não faz sentido cobrar por um corpo em forma ou igual ao que era antes. 

Fora isso, manter os hábitos saudáveis e continuar com o acompanhamento especializado é essencial nesse período. No caso, de sinais de depressão pós-parto, buscar um profissional de saúde mental também é vital para o sucesso da retomada da autoestima pós-gravidez.  

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