Nem sempre o ovo deteve o título de mocinho. “A gema carrega colesterol e, por isso, o ovo passou muitos anos sendo acusado de elevar os níveis de gordura no sangue”, lembra Lia Buschinelli, nutricionista e coordenadora do serviço de nutrição do Instituto Paulista de Cancerologia, em São Paulo. Mas, graças aos estudos científicos realizados nas últimas décadas, esse mal-entendido foi esclarecido e o ovo absolvido.
Sabe-se, hoje, que a quantidade de colesterol consumida na alimentação influencia muito pouco as taxas dessa gordura no sangue. O mesmo não se pode dizer das gorduras saturadas. Encontradas nas carnes, no leite e derivados integrais, elas são as verdadeiras inimigas da saúde do coração. “A concentração de gorduras totais no ovo é cerca de 5 gramas, sendo apenas 1,5 grama do tipo saturada”, afirma a nutricionista Aritiane Ricardo Silva, do Instituto de Prevenção Personalizada, em São Paulo. Ou seja, é um alimento que pode (e merece) ser consumido com frequência.
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Quantas unidades podem entrar no cardápio? Segundo uma pesquisa realizada na Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, o consumo de até sete ovos por semana altera muito pouco as taxas de colesterol. Para chegar a esse número, os autores avaliaram 120 mil homens e mulheres saudáveis no período de dez anos. Por medida de prevenção, no entanto, os especialistas ainda recomendam moderação para quem tem colesterol alto. “Para essas pessoas, o consumo máximo deve ser de três ovos por semana”, orienta Aritiane.
Aliado da dieta
Outro ponto positivo que veio à tona recentemente: esse alimento ajuda na perda de peso, de acordo com uma pesquisa do Departamento de Obesidade do Centro de Pesquisa Biomédico da Universidade Pennington, em Louisiana, nos Estados Unidos. Mérito da proteína de boa qualidade. “Formada por aminoácidos essenciais (aqueles que não são produzidos pelo organismo), a proteína do ovo sacia com mais facilidade”, explica Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Ela ainda torna a digestão mais lenta, atrasando a sensação de fome. Experimente incluir o ovo no café da manhã.
Há provas de que, consumido nesse horário, ele deixa você menos voraz ao longo do dia, contribuindo para reduzir o total diário de calorias. Mas não vale ovo frito. Deve ser mexido, pochê ou cozido (nesse formato, ele pode até ser levado para o trabalho ou faculdade num potinho, dentro da bolsa, como opção de lanche). “Comer um ovo no final da tarde ajuda a driblar a vontade de doce, comum nesse horário”, afirma Lucia Endriukaite, nutricionista e consultora do Instituto Ovos Brasil. É uma troca vantajosa para quem quer emagrecer, já que a unidade (clara e gema) é magrinha: tem 70 calorias, em média. E você chega no jantar menos faminta.
Bom para os músculos
O ovo também é excelente para manter o corpo firme. Ele ajuda tanto no crescimento quanto na manutenção dos músculos. Benefícios promovidos especialmente pela ação da leucina – aminoácido que compõe a proteína da clara. Esse ingrediente, aliás, é bastante usado nos suplementos nutricionais para o ganho de músculos. Por isso a clara é a queridinha de atletas e praticantes de musculação. Para emagrecer sem ficar flácida, você também pode adotá-la com mais frequência que a gema. Mesmo porque a clara tem apenas 15 calorias e não carrega gordura nem colesterol.
Mas não descarte totalmente a gema: é ela que concentra a maior parte das vitaminas e dos minerais. Ou seja, é a união das duas partes (clara e gema) que faz do ovo um alimento tão especial. É claro que, sozinho, ele não faz milagre. Para obter todos os benefícios que ele proporciona, você deve combinar o consumo à prática de atividade física e a uma dieta saudável, de preferência que inclua outras fontes de proteína magra (peixe, frango e carne sem gordura). Mais bons motivos para você virar fã do ovo: é barato e versátil – rende muitas receitas diferentes e gostosas.
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Alimento para o cérebro
O ovo não é rico apenas em proteína. A gema concentra uma boa dose de colina, integrante do complexo B que, por contribuir para a formação de novos neurônios, é considerado valioso para a saúde do cérebro. “Estudos relacionam o consumo adequado de colina (126 miligramas por dia, quantidade encontrada em uma gema) a um menor risco de doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer”, comenta a nutricionista Lia Buschinelli. Jás as substâncias antioxidantes, como as vitaminas A, D, E e K, selênio, magnésio, zinco, ferro, cálcio e manganês dão ao ovo o poder de combater o envelhecimento precoce das células, afastando o aparecimento de rugas, além de reduzir o risco de doenças crônicas como hipertensão.
Casca protegida
Na hora da compra, é importante verificar a data de validade e o selo oficial de inspeção estampados na embalagens. Fique de olho também no aspecto da casca e adote cuidados no armazenamento e preparo.
· A casca deve estar limpa e sem trincas ou rachaduras.
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· Em casa, guarde os ovos na geladeira, mas evite a porta. Apesar de muita gente guardá-los nessa parte, não é o lugar mais indicado. Os movimentos de abre e fecha da porta podem quebrá-los. Coloque-os mais no fundo da geladeira e dentro de um recipiente que impeça o contato com os demais alimentos.
· Não lave antes de levá-los à geladeira. A umidade na casca pode favorecer a entrada de microrganismos. Lave e seque-os com papel toalha na hora de usar.
· Para evitar que a casca quebre no cozimento, ponha uma colher de sopa de vinagre na água. Se você gosta do ovo molinho, deixe-o na água fervente por cinco minutos. Ou nove minutos se quiser ele durinho.