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Transtornos alimentares, por Valeska Bassan

Psicóloga aprimorada em Transtornos Alimentares, pós graduanda em Medicina e Estilo de Vida e coaching de saúde no Hospital Israelita Albert Einstein
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Repensando a obesidade: O IMC por si só diz se uma pessoa está doente?

Hoje, muitos especialistas defendem que o IMC, isoladamente, não deve ser a única medida para avaliar o estado de saúde de uma pessoa

Por Valeska Bassan
Atualizado em 21 out 2024, 22h27 - Publicado em 21 set 2024, 18h00
Homem medindo a circunferência abdominal com fita métrica
Repensando a obesidade | (jcomp/Freepik)
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Durante muitos anos, o Índice de Massa Corporal (IMC) foi o padrão utilizado para avaliar se uma pessoa estava em seu “peso ideal” ou corria risco de problemas de saúde relacionados à obesidade.

Criado no século XIX pelo matemático belga Adolphe Quetelet, o IMC é uma fórmula simples: peso dividido pela altura ao quadrado. Esse cálculo classifica as pessoas em categorias como “baixo peso”, “peso normal”, “sobrepeso” e “obesidade”. No entanto, nos últimos anos, surgiram cada vez mais questionamentos sobre a real eficácia do IMC como indicador absoluto de saúde.

Embora seja fácil de calcular e amplamente utilizado por profissionais de saúde, o IMC tem importantes limitações. Ele não leva em consideração a composição corporal – ou seja, quanto do peso da pessoa vem de músculos, gordura, ou outros tecidos. Por exemplo, um atleta com alta massa muscular pode ser classificado como “obeso” pelo IMC, apesar de estar em ótima condição física.

Por outro lado, uma pessoa com pouco músculo e alta porcentagem de gordura corporal pode ter um IMC dentro do “normal”, mas apresentar sérios riscos de saúde. Esse debate é importante, especialmente à medida que a compreensão sobre saúde evolui.

A obesidade é uma condição multifatorial, influenciada por genética, hormônios, comportamentos alimentares, nível de atividade física e até fatores emocionais e ambientais. Portanto, é necessário adotar uma abordagem mais ampla para diagnosticar e tratar essa condição.

Hoje, muitos especialistas defendem que o IMC, isoladamente, não deve ser a única medida para avaliar o estado de saúde de uma pessoa.

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Outros fatores, como circunferência abdominal, níveis de colesterol, pressão arterial e exames de composição corporal, como a bioimpedância, fornecem uma visão muito mais precisa sobre os riscos à saúde relacionados ao peso.

A gordura visceral, por exemplo, que se acumula ao redor dos órgãos, é muito mais perigosa para a saúde do que a gordura subcutânea, e o IMC não distingue entre essas diferentes distribuições de gordura.

Além disso, o estigma associado ao peso – muitas vezes reforçado pelo uso do IMC como ferramenta única de avaliação – pode ter sérias consequências psicológicas.

Pessoas com IMC elevado podem enfrentar discriminação, tanto social quanto no sistema de saúde, o que pode afetar sua autoestima e até desencorajar a busca por cuidados médicos.

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Por isso, é crucial que os profissionais de saúde adotem uma abordagem mais compassiva e personalizada, considerando não apenas os números, mas também os aspectos emocionais e sociais envolvidos.

Diante dessa realidade, o tratamento da obesidade tem passado por transformações importantes. Ao invés de focar apenas na perda de peso, profissionais de saúde têm enfatizado a importância de melhorar a qualidade de vida e adotar hábitos saudáveis, independentemente da meta de peso.

Praticar atividades físicas regularmente, ter uma alimentação balanceada, gerenciar o estresse e buscar apoio emocional são alguns dos pilares de uma abordagem mais holística.

Essa mudança de foco é importante porque reconhece que a saúde não é definida exclusivamente por números na balança. Pessoas de diferentes tamanhos e formatos corporais podem ter estilos de vida saudáveis e viver de forma plena.

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O conceito de “saúde em todas as formas e tamanhos” tem ganhado força, defendendo que a promoção de saúde deve ser inclusiva, respeitando a diversidade corporal e combatendo o estigma do peso.

Em suma, o IMC pode ser uma ferramenta útil para fornecer uma estimativa inicial sobre o estado de saúde relacionado ao peso, mas ele está longe de ser uma medida definitiva.

A obesidade é uma condição complexa e deve ser tratada como tal, com uma abordagem que leve em consideração fatores físicos, emocionais e sociais.

A saúde vai muito além de um simples número – ela é sobre como nos sentimos em nosso corpo e como cuidamos de nós mesmos de forma integral.

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Essa nova abordagem nos lembra que, no mundo da saúde, cada pessoa é única, e o caminho para o bem-estar deve ser personalizado, respeitoso e, acima de tudo, centrado no indivíduo.

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