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Treino 3D - Corpo, Mente e Espírito, com Samorai

Bacharel em esporte, Samorai (@samorai3d) é criador do método de treinamento 3dimensional para reabilitação, prevenção e tratamento de lesões e performance. Aqui, auxilia praticantes e treinadores na busca por harmonia.
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Hérnia de disco: uma abordagem muito diferente para resolver o problema

Por Samorai
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 13 abr 2021, 18h24
Dor nas costas: você conhece alguém que sofre com hérnia de disco?
Dor nas costas: você conhece alguém que sofre com hérnia de disco? (ChesiireCat/Thinkstock/Getty Images)
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Você sabe o que é caviar? E hérnia de disco?

O célebre verso cantado por Zeca Pagodinho – “Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar” – pode ser adaptado trocando “caviar” por “hérnia de disco”. Poucas pessoas realmente sabem o que é. A grande maioria só ouviu falar. Quem tem, porém, está mais para Tonico e Tinoco em Minas Gerais. Não esquece jamais.

De uns tempos para cá, muita gente tem entrado em contato com a tal da hérnia de disco com mais frequência que no passado. Dá até a impressão de ser uma patologia dos tempos modernos. Porém, ao contrário do que todos pensam, a hérnia de disco é uma lesão bem antiga. Os primeiros relatos que se tem notícia vêm da Grécia antiga há 450 anos antes de Cristo, com Hipócrates, que viria a ser o pai da medicina. Ele criou, nessa época, um tratamento que consistia em deixar o paciente 10 horas de cabeça para baixo, preso a uma escada a 60 graus de inclinação por 40 dias.

Parece estranho e agressivo, né? Mas, funcionava. Essa estratégia ajudava a aliviar a compressão da coluna e os sintomas amenizavam. Mais de 2500 anos depois e as estratégias de tratamento seguem, de certa forma, a mesma lógica, algumas até mais agressivas ou invasivas, e vão desde massagens, eletroestimulação, acupuntura até cirurgias. Todos eles têm por fundamento resistir à compressão e aliviar os sintomas. Ou, de alguma maneira, a mesma estratégia de Hipócrates, em que o foco também era o sintoma.

Vamos deixar por um momento essa parte de lado e colocar nossa atenção em outra coisa que nosso amigo grego disse sobre hérnia. A primeira coisa que ele escreve é que ela é uma patologia acometida majoritariamente em idosos. Olha só que interessante. Hoje em dia, ela é mais democrática. Acomete a todos. De jovens a idosos. O que nos leva a uma triste, porém esperada conclusão. Do ponto de vista físico, hoje nossa juventude tem características dos velhos da antiguidade. Muito disso se dá pelo fato de que, no passado, os trabalhos eram essencialmente braçais. Além do trabalho, o modo de vida daquela época também tinha uma maior demanda física, pois não existiam carros, trens, aviões, navios, elevadores, televisão, videogame, celulares, ou seja, até se você não tivesse um trabalho, você seria muito mais ativo do que pessoas altamente ocupadas hoje em dia.

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Podemos associar, então, que a hérnia de disco está relacionada ao sedentarismo, pois ao longo de toda nossa história, quando a pessoa envelhece, fica mais sedentária. O que acontece agora é que, do ponto de vista físico, em pleno século XXI, somos velhos na juventude.

Aqui já podemos concluir que, ao contrário do que se recomenda, movimentar-se é um ótimo meio para reabilitação ou, ao menos, a prevenção dessa lesão. Entretanto, como explicar uma hérnia em atletas ou pessoas altamente ativas? E aqui entra a melhor parte desta história. Ao contrário das abordagens tradicionais, nós não olharemos o sintoma, mas sim as causas.

Toda e qualquer lesão, seja ela hérnia, tendinite ou qualquer outra, não são causas em si, mas resultado da quebra da harmonia do nosso corpo. Esse é um princípio fundamental do pensamento 3D, em condições normais de funcionamento, ninguém deveria ter hérnia. Então, quando constatamos uma lesão como essa em alguém, a nossa pergunta é: o que causou essa hérnia? Parece simples e lógico, mas não é assim que é feito. Em geral, a pessoa tem uma dor nas costas, faz um exame, constata a hérnia e o diagnóstico se fecha, como se agora toda a equação estivesse resolvida. Mas não está. A pergunta de um milhão de dólares nesse caso deve ser: o que causou essa hérnia?

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Excelente pergunta, Samorai. O que causa uma hérnia? Aqui podem existir infinitas causas, mas como já disse, a causa essencial é uma quebra da harmonia desse ser (corpo, mente e espírito). E isso pode ocorrer, de grosso modo, de duas formas: um acidente ou o resultado de pequenas disfunções que vamos desenvolvendo ao longo do tempo e que geram compensações no nosso movimento. Na primeira forma, a quebra dessa harmonia é evidente. O sujeito bate o carro e se arrebenta inteiro. Nessa pancada, uma energia muito grande chega ao disco que não é capaz de suportar e se danifica gerando a lesão. Essa é a forma menos comum.

A segunda maneira é mais comum. A pessoa nunca sentiu nada, está fazendo o que sempre fez e um belo dia, pá! Trava e não consegue se mexer com uma dor insuportável e nenhuma posição alivia. Como explicar essa dor?

Para entender essa dor temos que entender para que serve o disco. Em uma explicação mais acessível, o disco seria como um amortecedor. Por ser uma região muito enervada, vital e sensível do corpo, este tem inúmeras estratégias para dispersar cargas que poderiam chegar nesta região, comprimindo raízes nervosas ou mesmo gerando inflamações. Essas estratégias vão desde o controle dos movimentos até a força muscular. Se a carga passar por todas essas barreiras, ainda tem o disco para terminar de absorver esse pouco de carga que restar.

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Porém, como Hipócrates já dizia, em um corpo com poucas capacidades (na época dele eram os mais idosos, mas hoje, os mais sedentários), o que era para ser uma exceção, vira regra e o tempo todo os discos estão absorvendo cargas que outrora seriam absorvidas pelos músculos, pela cadeia de reação, pelas amplitudes articulares, por um movimento controlado e preciso. Como a função do disco não é suportar tanta carga e com tanta frequência, ele vai se deformando até que algum dia encontre uma raiz nervosa e o estrago está feito.

No caso de atletas ou pessoas ativas, por mais treinados que sejam, muitas vezes os padrões de movimento não são perfeitos. Uma pisada como os pés rodados para fora, por exemplo, pode, e muito provavelmente será, uma causa de hérnia de disco. Um peitoral encurtado também. Uma timidez também. Nesse caso, veja essa cadeia de reação: a pessoa é tímida e, por isso, ela se fecha projetando os ombros para frente. Essa posição aumenta significativamente a sobrecarga na base da coluna. Isso por si só já seria potencialmente uma causa de uma hérnia.

Agora, vamos associar a uma deficiência em um dos movimentos que ocorrem no pé durante a pisada, como a pronação. Isso potencializa ainda mais a sobrecarga na coluna, porque diminui a ação do glúteo na marcha, este um dos principais músculos para executar tal tarefa. Então, temos um combo mortal. Um coquetel molotov que é imperceptível para quem não pensa o movimento 3Dimensionalmente, no qual disco algum pode resistir por muito tempo. E se a questão é tempo e isso acontece a cada passo que a pessoa dá, a hérnia é isso mesmo. Uma questão de tempo.

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Voltando à Hipócrates ou aos tratamentos tradicionais, de que adianta agora pendurar o sujeito de ponta-cabeça ou, voltando aos dias atuais, aplicar choquinhos para aliviar a dor, se ele não arrumar o problema da pisada dele que é uma das causas dessa lesão? Qualquer um aqui já entendeu qual seria o caminho. Em conjunto com a analgesia, uma abordagem na causa. Porque sem ela, mesmo uma cirurgia e uma prótese não impedirá que o estresse continue chegando à região já que nada mudou em relação à causa.

Resumindo, atividade física é um elemento fundamental para prevenção, mas essa atividade tem que ser 3Dimensional, com movimentos analisados sob essa ótica para que disfunções sejam corrigidas e esse movimento seja realizado com controle, precisão, amplitude, força e harmonia.

Eu continuo não entendendo muito de caviar. Porém, sobre hérnia de disco  mudo para Gonzaguinha… “A vida devia ser bem melhor e será”…

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“Movimento é vida. O oposto do movimento é a morte. A total ausência de movimento. “- Samorai

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